Resenhas - Judas, o Obscuro

Alan kleber 05/04/2024

Um dos livros que mais fielmente podem refletir o drama ou a tragédia que a nossa civilização vive.

"Para que foi dada a luz aquele que é miserável, e a vida ao que tem amargura no coração?".

Judas, o Obscuro", de Thomas Hardy, é uma jornada literária profundamente envolvente que mergulha nas complexidades da vida, da sociedade e da condição humana. Através da história de Judas Fawley, Hardy nos leva a uma viagem tumultuada através das camadas da sociedade vitoriana, onde as expectativas, os preconceitos e as limitações moldam as vidas dos personagens de maneiras poderosas e por vezes devastadoras.

Desde o início, fui cativado pela narrativa densa e emocionalmente carregada de Hardy. Sua habilidade em retratar as lutas internas e externas de Judas é impressionante, e rapidamente me vi imerso nas lutas do protagonista contra as forças que oprimem seu desejo por conhecimento, amor e liberdade. Judas é um personagem profundamente humano, cujas aspirações e fracassos ressoam de maneira universal.

Uma das principais questões que Hardy aborda em "Judas, o Obscuro" é a luta entre o indivíduo e a sociedade. Judas é constantemente confrontado com as expectativas e normas da sociedade vitoriana, que tentam moldá-lo em conformidade com suas próprias ideias de moralidade e sucesso. No entanto, sua natureza rebelde e seu desejo por autenticidade o colocam em conflito com essas forças opressivas, levando-o por um caminho de desilusão e desespero.

Além disso, Hardy explora temas filosóficos profundos, como o significado do sofrimento humano e a busca por redenção. Judas é um homem atormentado por suas próprias falhas e pelas circunstâncias fora de seu controle, levantando questões sobre o papel do destino e do livre-arbítrio em nossas vidas. Sua luta para encontrar um propósito e um sentido para sua existência é comovente.

Outro aspecto fascinante do romance é a forma como Hardy retrata o papel da religião na vida dos personagens. A religião é tanto uma fonte de conforto quanto de conflito para Judas e aqueles ao seu redor, e a maneira como eles lidam com suas crenças e dúvidas é um tema recorrente ao longo da narrativa. Hardy não tem medo de questionar as instituições religiosas e os dogmas que elas impõem, e sua abordagem franca e honesta acrescenta uma camada adicional de profundidade ao romance.

Além da complexidade de Judas Fawley, "Judas, o Obscuro" apresenta outros personagens igualmente fascinantes, como Sue Bridehead e Arabella Donn. Sue é uma figura enigmática, dotada de inteligência e uma visão de mundo progressista que a coloca em conflito com as normas conservadoras da sociedade vitoriana. Sua relação com Judas é marcada por uma profunda conexão intelectual e emocional, mas também por uma série de complicações que refletem as complexidades dos relacionamentos humanos.

Por outro lado, Arabella Donn é retratada como uma personagem manipuladora e ambiciosa, cujas ações têm um impacto significativo na vida de Judas. Sua natureza ardilosa e sua busca por poder e status a colocam em contraste direto com a ingenuidade e a pureza de Judas e Sue, criando um triângulo amoroso carregado de tensão e drama.

A dinâmica entre esses personagens adiciona uma camada adicional de profundidade à narrativa, explorando temas como amor, traição e redenção. A interação entre Judas, Sue e Arabella é um reflexo das tensões sociais e emocionais da época, e sua complexidade acrescenta uma riqueza emocional à história que ressoa de maneira universal.

Phillotson é outro personagem importante e complexo em "Judas, o Obscuro". Ele é apresentado como um homem de princípios, dedicado à sua profissão como professor e determinado a fazer o que é certo, mesmo quando isso o coloca em conflito com as expectativas da sociedade. Phillotson desempenha um papel significativo na vida do protagonista.
No entanto, Phillotson também é um exemplo vívido das limitações impostas pela sociedade vitoriana.
A presença desse personagem oferece insights importantes sobre temas como moralidade, compromisso e autenticidade, tornando-o uma peça fundamental no quebra-cabeça da sociedade vitoriana retratada por Thomas Hardy.

Assim, a presença de personagens como Phillotson, Sue e Arabella enriquece ainda mais a experiência de leitura de "Judas, o Obscuro", proporcionando um retrato vívido e multifacetado da sociedade vitoriana e das lutas individuais e coletivas dos personagens principais.

Judas, o Obscuro" é mais do que apenas um romance; é uma poderosa meditação sobre a condição humana e as forças que moldam nossas vidas, tornando-o uma leitura enriquecedora e profundamente significativa para os leitores de todas as épocas.

Luiz Souza 19/03/2024

Amor Interrompido
O livro conta a história de Judas desde sua vida aos 11 anos até a vida adulta , ele passa por grandes provações mas mesmo assim ainda consegue ter determinação para as labutas da vida , esse romance é preciso ler devagar não por sua leitura difícil nada disso a escrita do autor é bem fácil por sinal mas a narrativa vai se afunilando num grau de sofrimento que misericórdia gente.
Judas tem 11 anos , trabalha muito e vive aguentando as queixas de sua tia meio chata depois na juventude se apaixona por Arabela uma mulher manipuladora e bem esperta inventa uma tal de gravidez eles se casam depois ela lhe deixa e ele se apaixona por Sue sua prima que também está casada e deixa o marido ambos vão viver juntos sem estar desquitado sendo assim motivo de desprezo pela sociedade em que vivem.
Judas nunca conseguiu entrar na faculdade devido a sempre trabalhar muito , ele termina com Arabela mesmo amando Sue que lhe deixa pois ela fica louca e se culpa por deixa o primeiro marido.

A história é uma alegoria aos casamentos daquela época que eram bem complicados se algum casal fosse se separar , o autor quis mostrar essa rigidez e as consequências que isso trazia naquela sociedade.

Gostei muito do livro , espero ler outros romances desse autor.

Ótima leitura.

Geise @leiturasdageh 16/02/2024

Judas, o Sonhador
Conhecendo agora a história de Judas e toda sua luta em busca de seus objetivos, afirmo que "obscuro" pode definir sua vida, mas "sonhador" é o que define quem foi Judas como pessoa.

Desde da sua infância, mesmo já vivendo grandes tragédias, Judas sempre teve esperança para seu futuro. Sempre acreditou que se ele se dedicasse iria realizar seu grande sonho, obter um diploma universitário. E assim o fez. Se tornou um autoditada. Aprendeu tudo que pode e que estava em seu alcance. E o melhor, sempre manteve um coração bom e um pensamento honesto. Mas infelizmente, a vida, ou melhor a sociedade, tinha outros planos para ele.

Judas, O obscuro é uma história repleta de tristeza. Do começo ao fim. Mas traz em suas páginas uma crítica muito forte e necessária. Tamanha é, que o autor foi muito criticado negativamente na época (1895) e teve até seu livro queimado por um bispo, que assim o fez, pois não podia queimar o próprio autor.

Um conselho que eu dou para quem tem interesse em ler esse livro é: teletransporte (literalmente) sua mente para 1895. Ano que esse livro foi publicado. Época onde o amor pouco importava. Que se você fosse casada pela lei e pela igreja, você teria um bom julgamento da sociedade, mesmo vivendo uma vida infeliz. Caso contrário, você seria condenada pelo resto da sua vida. Divórcio era uma palavra que não existia. Sociedade hipócrita? Temos desde sempre.

A mulher nascida nessa época, não tinha voz. Nasceu para ser dona de casa sem estudos e totalmente submissa aos homens. Então imagina o impacto que esse livro teve quando em suas páginas os leitores encontravam mulheres que trabalhavam, que diziam não e que pediam o divórcio? Queria viajar no tempo e poder ver essa cena. O choque. Thomas Hardy, parabéns por ter tido essa coragem. Acredito que sua história deve ter dado paz a consciência de muitas mulheres e espero que de alguns homens também, por terem um pensamento diferente.

Judas, o obscuro é uma história trágica. Mas a Geise de 1895, amou com força do começo ao fim.

Daniely2 07/02/2024

Judas, o obscuro.
Bom, deixa eu começar a detonar este livro aqui, um livro completamente chato, com personagens chatos e que sofrem do mal ?eu que fiz isso a mim mesmo?, eu amava tanto a Judas pitiquinho com seus sonhos e aspiração, sim entendo que o livro retrata a realidade, mas será mesmo que na realidade os personagens são tão burros assim?! Ah, mas se tu odiou deu 3 estrelas por que? Ora, porque meu coração mandou, e a escrita me conquistou completamente, confesso que sou cadelinha da forma de escrita dos clássicos, como descrevem cada coisa, e enfim. Eu não recomendo essa leitura, sei que tem muita gente que amou, mas eu odiei, beijos ?

Raquel.Furchinetti 03/11/2023

Como só tomar péssimas decisões na vida
Desde o começo esse livro me lembrou O Vermelho e o Negro. Uma estória que dá voltas para quase permanecer no mesmo lugar. Um drama que o personagem principal só toma péssimas decisões e não aprende nada ao longo do livro. Achei muito bem escrito e pretendo ler outras obras de Thomaz Hardy. Mais do que tudo fiquei com vontade de bater em todos os personagens, que continuamente tomavam péssimas decisões em suas vidas, tornando suas próprias vidas e de todas um horror de viver.

Denilson60 20/10/2023

Nunca tinha ouvido falar desse livro e assim que o conheci e vi do que ele se tratava, já fui ler. Confesso que gosto de livros assim com personagens sofridos e azarados, tal qual o Judas rs

As duas primeiras partes do livro são muito envolventes: as tentativas de Judas de se instruir e chegar à universidade, livrando-se daquela vida miserável cheia de gente que não lhe dava a mínima, seu primeiro casamento frustrado com uma mulher chamada Arabella, etc. Tudo isso flui que é uma beleza. O começo desse livro me lembra, inclusive, Grandes Esperanças, de Charles Dickens.

A parte tediosa do livro, na minha opinião, começa na terceira parte, quando Judas finalmente chega à cidade fictícia de Christminster e depois de uma série de desilusões quanto às suas aspirações universitárias, se apaixona por uma prima, Sue, que morava lá e assim logo viram amigos. Depois disso o resto do livro é todo focado na relação deles. Capítulos e maís capítulos, com uma série de idas e vindas entre os dois. Não acontece nada de relevante nessas partes. E nesse ponto é preciso muita paciência.

O livro volta a ficar muito bom nas duas últimas partes. Aqui, acontecem várias coisas essenciais envolvendo todos os personagens.

Falando um pouco deles, Sue é uma das personagens mais irritantes, egoístas e caprichosas que já tive o desprazer de conhecer na literatura. Impossível não sentir muita raiva dela em vários momentos. Arabella é outra personagem desprezível. Judas foi extremamente infeliz nas escolhas de esposa... O próprio Judas, só se mostra interessante no começo, cheio de atitude e foco pra mudar de vida. Depois virou outro personagem irritante que deixou tudo de lado e passou a viver exclusivamente para Sue.

Ao longo do livro, são discutidas diversas questões, tais como religião, casamento, divórcio, ascensão social e como a sociedade da época encarava tudo isso. Vê-se como essas coisas eram tratadas como tabu e certa hipocrisia naquele tempo.

Enfim, um livro cheio de altos e baixos. Ora interessante, ora entediante. Personagens bem construídos, porém quase todos detestáveis. Muitas situações tristes e desesperançadas. Particularmente achei esse livro bem razoável. Mas, de todo modo, valeu ter conhecido mais esse clássico da literatura.

Mimi 02/10/2023

Mais um clássico pra lista.
? História envolvente, aborda a quebra de padrões sociais e suas consequências.
Um sonho não realizado foi o que ocorreu com o Judas (universidade, educação etc).

Recomendo muito a leitura.
#12livros2023

Kamilla 21/10/2021

O avô do Grande Gatsby
Resenha de releitura – 21/10/2021

Judas Fawley é uma espécie de ancestral de Jay Gatsby e ninguém vai me provar o contrário rs

Enquanto Gatsby é a crítica de Fitzgerald ao ‘sonho americano’, Judas é a crítica de Hardy aos ideais da Inglaterra vitoriana, e na inacessibilidade dos mesmos ideais ao homem comum.

Judas começa o livro contemplando a cidade de Christminister (Oxford) brilhando no horizonte, e pertencer a essa cidade como um homem admirado e culto se torna o seu ideal, a faculdade da cidade se torna o seu sonho/plano mais acalentado.

Judas é então confrontado com a dura realidade, o trabalho que precisa para se sustentar consome a maior parte do seu tempo livre, o material de estudo está acima do que ele pode pagar e tentar se preparar para a admissão em uma faculdade sem um tutor é um tiro no escuro.

Judas também é atrapalhado pelas suas próprias fraquezas, a bebida e o sexo, ambos representados na figura de Arabella, ambos vistos na era Vitoriana como a causa da miséria nas classes mais baixas da sociedade.

Além de Arabella, Judas também se envolve com a sua prima Sue Bridehead, eu acredito que Hardy estava tentando criar um protótipo de uma feminista inconformista, mas a personagem não alcança plenamente o seu potencial, sendo por várias vezes simplesmente incoerente. Acho que Sue se encaixaria em algum espectro do que hoje nós chamamos de assexualidade, e a impossibilidade de encontrar um homem interessado unicamente em uma relação espiritual-intelectual acaba por ser a sua ruína emocional e no fim custa a sua sanidade.

Achei o arco das crianças um tanto quanto inverossímil e excessivamente melodramático, muitas das críticas levantadas pelo livro são pertinentes, infelizmente faltou carisma aos personagens principais para que esse livro se tornasse um favorito para mim.

Eliza.Beth 08/03/2021

Massante com alguns bons momentos
Esse livro tinha tudo para dar certo para mim mas não deu. No começo, me interessei bastante pela história e pelos personagens. Mas a maior parte da história fica muito presa em dois personagens controversos, com um enredo cansativo e que não desenrola.
Entre essas partes mais cansativas, alguns momentos de êxtase (eu diria, acontecimentos macabros).

Não foi uma leitura agradável.
Apesar de entender a importância desse livro para a literatura e entender as questões levantadas, no final fica uma sensação moralista de que o único destino possível para uma pessoa que erra, é a punição imposta pela sociedade.

kiki.marino 31/01/2021

Um sonho Christminter
Um sonho não realizado é duro demais,este foi o de Judas :universidade,educação, conhecimento.Que lentamente vai sendo destruído e enterrado numa Inglaterra vitoriana dura e de quase impossível mobilidade social, descrita de forma melodramática e com exageros trágicos por Thomas Hardy.
Sobre destinos e consequências cruéis demais.
É sobre a hipocrisia e repreensão social do amor de Judas e Sue a ditar: "sejam infelizes como nós ".
Flerta com O tom pessimista de Schopenhauer sobre a natureza do homem e a mulher, o instinto biológico da procriação, o casamento como um mal necessário .

Destacam-se também as personagens femininas:Sue e Arabella, opostos semelhantes, que afinal são submetidas ao conservadorismo cristao social e fatalmente de culpa e punição pessoal.
A figura feminina "she devil" tão malignada desde Santo Agostinho ,a ser culpada por desviar o homem dos seus caminhos.
Enfim nas palavras de Judas, ele e Sue estavam a frente dos outros 50 anos.

Li num artigo sobre Mary Webb ser uma escritora superior e subestimada comparada a Thomas Hardy, escrevendo sobre o mesmo tema e agora posso entender ...

Alessandra.Ctgn 21/05/2019

Livro que abrange a quebra de padrões sociais da época e suas consequências. Em alguns momentos da leitura senti uma revolta absurda. Vale muito a leitura.

Julio.Argibay 21/09/2017

Judas
Um estoria comovente. Judas tem uma vida sofrida, cheia de obstáculos, poucos recursos e um amor problemático. Um grande romance.