Lina DC
26/05/2016A obra é dividida em prefácio e mais três partes. No prefácio, escrito pelo Diogo Schelp, ele conta um pouco sobre sua própria história que se inicia em Botucatu, onde conhece um baixista cabeludo. Anos se passam, a vida continua e por mais incrível que pareça, ele tem a chance de trabalhar com baixista da adolescência, o André.
Diogo fala também do objetivo da obra "Correspondente de Guerra":
"Por que os conflitos do século XXI são mais hostis ao trabalho da imprensa? Como a internet e os celulares mudaram a maneira como os fatos - e as versões dos fatos - da guerra chegam ao conhecimento do público? O que faz alguém deixar o conforto do seu lar, viajar para um país distante e enfiar-se em meio a uma luta que não é sua, nem de seu povo, apenas para contar uma história? (p. 11)
A primeira parte do livro, chamada de "Os jornalistas e as guerras" também é escrita pelo Diogo Schelp e traz um histórico das Guerras como um todo. Explica sobre a fase dos bastidores, onde os jornalistas apresentavam as condições dos soldados e faz um histórico discutindo a evolução das Guerras, desde à Guerra da Crimeia até a Guerra Civil Americana.
Discute também a evolução do profissional, que inicia como um espectador, mas que entre a Guerra Civil e a Primeira Guerra Mundial, passam a ser combatentes, estando lado a lado com os soldados.
Temos também a discussão sobre a fase da Censura e a evolução das Guerrilhas.
É discutido também a Guerra do Golfo e o medo do sequestro após 2001, onde os profissionais são usados como moeda de trocas.
São esses pontos de reflexão que vão dando o tom da obra, até chegarmos a discussão da mentalidade Jihadista.
Outro ponto muito interessante dessa obra, foi uma pequena biografia de inúmeros profissionais, que vão do Sérgio Dávila até Duda Teixeira.
A parte dois do livro é chamada de "Um fotógrafo e as guerras" e é escrita por André Liohn. Narrada em primeira pessoa, temos uma visão mais intimista, onde somos apresentados tanto à vida profissional quanto a pessoal do André. Como ele concilia família e trabalho e quais perigos ele enfrentou. E acreditem.... não foram poucos. De Botucatu, André partiu para o mundo. Passou pela Somália, pela Líbia e por vários outros locais onde presenciou atrocidades.
A terceira e última parte do livro é uma galeria de fotos chamada de "Marcas de Guerra". São fotos coloridas, vibrantes, mas que apresentam um conteúdo forte e dramático.
"Correspondente de Guerra" é leitura obrigatória para todos. É um livro que discute um tema atemporal e que faz o leitor refletir do início ao fim.
O trabalho editorial está impecável. A Editora Contexto optou por uma qualidade única, desde o formato especial do livro até a qualidade das fotos.