Julio.Argibay 05/10/2018
Eia! Eia! Claudius cum claudo!
Onde se honram as mulheres, folgam as divindades; onde são desprezadas, é inútil orar a Deus -
Manu
Clássico de Victor Hugo. Ambiente: tendo como cenário a Paris do século XV com a sua arquitetura gótica incrivel. A gente pensa que tem uma ideia da obra, por estar familiarizado com ela, devido aos desenhos, filmes e outras mídias, que apenas pincelam o drama na versão original. Diga-se de passagem muito sombrio e penoso. Particularmente, essa imagem gótica descrita através da arquitetura e da solidão nas celas e nos bastidores das grandes catedrais me chamam muito a atenção. Junte-se aí algumas características da obra que funcionam como se fossem personagens vivos: são as ruas sombrias, o ambiente, a noite, a umidade, o claustro, as penitências e a solidão. Eh nessa atmosfera que os personagens vivem e sofrem e dão um corpo singular a obra. Então, vamos a estória. Antes de sermos apresentados ao suposto personagem principal, Esmeralda já aparece no início do romance: enigmática, feiticeira, dançarina, jovem e sedutora, salvando um homem da forca, em meio a muito barulho, confusão e algazarra. Agora sim, vamos a ele. Quasimodo foi largado na igreja, ainda criança, tendo no olho uma verruga enorme, ruivo, mancando e disforme. Essa criatura foi cuidada pelo arcediago Dom Claudio Frollo, que o educou e era a única pessoa a qual o corcunda se relacionava. Já na juventude é o sinaleiro da igreja e fica surdo com o barulho rotineiro dos sinos da igreja, sua maior paixão. Interessante é que até este momento, Dom Claudio é o foco da estória. Sujeito singular, alquimista, solitário, sombrio, filósofo e preocupado com o declínio da arquitetura e o desenvolvimento da imprensa, mãe de todos os males. Voltamos ao nosso corcunda. Após ser pego a noite supostamente perseguindo uma mulher, Esmeralda, ele é castigado no pelourinho e novamente sua quase vítima suaviza seu sofrimento. Porém, tempos depois Esmeralda é vítima de um plano maquiavélico, presa e acusada de homicídio e de feitiçaria, sendo torturada. Já presa na cela recebe a física de Claudio seu algoz apaixonado. Nesse tempo a velha enclausurada que teve a filha roubada segue sua penitência. Eis que surge o verdadeiro herói e livra a moça de um destino tão cruel. A apoteose é completada com o herói a mostrar seu troféu, em rápidas aparições pelas sacadas dos grandes palácios e igrejas. Sob a proteção dele a cigana segue sua rotina em seu exílio na Catedral escondida de todos. Mas nosso vilão não se dá por vencido, pois consegue capturar Esmeralda e nesse mesmo momento ela reencontra sua mãe, após 15 anos de separação, apesar dela estar sempre por perto. Assim se desenvolve o drama em seu ápice: desenlaces, vinganças, mortes, assassinatos, descobertas, que interferem nos destinos de cada personagem. Definitivamente, não é uma estória com final feliz, mas é grandiosa, sombria, melancólica e recheada de amores platônicos e mal resolvidos. A vida como ela eh...
Isto acabará com aquilo. O livro acabará com o edifício