Reinaldo.Vinicius 19/04/2022Uma sessão de RPG com um DM chatoPrimeiro é preciso dizer que o livro possui "duas partes": uma contanto a história do jogo e outra contando a história do jogador. E essa analogia é para quem joga RPG: sabe quando você quer jogar mas o DM fica dando volta, enrolando a ambientação com coisas que não te informam de nada, não terão serventia alguma e consomem 1/3 da duração da sessão enquanto ele acha que está recitando um poema épico? Então, eu senti isso com o livro.
A primeira parte, e que mais chama atenção no título, é a história do Dungeons & Dragons. Para quem se interessa pela história do RPG o livro é uma referência essencial. Conta onde e como surgiu o RPG mais jogado do mundo, as brigas entre os criadores, a idas e vindas da TSR, a histeria para minar a popularidade do jogo, a aquisição pela Wizards of the Coast, entre outros fatos. O trabalho de juntar toda essa informação e montar tudo em uma cronologia é algo que merece uma salva de palmas.
A segunda parte, e que faz com que o início do livro seja um pouco chato, é a história do autor com o Dungeons & Dragons. Quando ele conta sua infância e adolescência e sua relação com o jogo vem a mente aquilo que boa parte dos jogadores viveram, o que causa uma identificação sem tamanho. Mas, ao contar sobre suas sessões depois de adulto (onde ele gasta a maior parte do tempo contando sua experiência) e usa-las para ilustrar e fazer paralelos com certas partes do livro, isso se torna chato demais. Parece um personagem estereotipado de desenho animado que tem a necessidade de fazer relações do seu gosto pessoal com tudo aquilo que vai dizer, e isso se torna chato. Só faltou uma frase de efeito, do tipo, "O que não te mata, dá XP" a resolução de conflito.
"Dados e Homens" é um livro escrito por quem joga RPG e conta uma história que vai interessar 99% dos jogadores de RPG. Considero 99% porque RPGistas metidos a vanguardistas fazem pouco caso do D&D e se recusam a admitir que jogam e se interessam pelo sistema..rs.. Quem não possui interesse no jogo provavelmente não vai se interessar pelo assunto, a não ser que você queira um exemplo de como não administrar uma empresa que possui um produto sem igual em mãos. Tendo isso em mente, a história sobre os amigos do autor, o que fazem, com qual classe jogam e como se portam seus personagens não causam o menor interesse. Enquanto você está querendo saber como Arneson e Gygax criaram o jogo o autor escreve sobre seu amigo ser ator e gostar de interpretar seu personagem assim, assim e assado. Esse tipo de coisa acontece em quase todos os capítulos, o que me deixou de saco cheio várias vezes.
O livro é uma aula sobre a origem e história do hobby, deixando bem claro o motivo do sistema dar uma atenção a mapas e miniaturas enquanto há jogos mais narrativos, a razão das diversas versões lançadas e porque a linha clássica foi descontinuada. Mas se você pensar nesse livro como uma sessão de RPG, em vário momentos você vai ter vontade de dizer "Tá bom, DM, agiliza aí!"..rs..