Maely.Batista 10/02/2021
Você é o monstro que eu reivindico
No último dia do ano, quando o inverno começava, o Rei Goblin vagava pelas terras mortais, atrás de uma noiva. Elisabeth, nossa protagonista tem uma história com esse ser mitológico, apesar de ela achar que tudo que ela viveu não passou de sonhos e ilusões, e ela faz de tudo para fingir que tudo isso não existe, e viver a sua vida mundana e sem magia. Elisabeth, ou Liesl, cresceu cercada por histórias e música. Música é tudo pra ela, é o ar que ela respira, faz parte da sua alma, e ela se contenta em guardar essa parte dela em segredo do mundo. Tudo o que importa pra ela, é cuidar da sua família, e realizar o sonho do seu irmão.
??Minhas esperanças e sonhos, tão esfarrapados e tenros, haviam sido protegidos pelo sigilo por tanto tempo que não podia suportar trazê-los à luz.??
Tudo muda quando uma promessa antiga e lembranças esquecidas são trazidas de volta a vida dela e o Rei Goblin vem para o reino mortal e reivindica sua irmã como noiva. Para salvá-la, Elisabeth tem que entrar no jogo do Rei, e iniciar uma aventura em um mundo novo e desconhecido. Um mundo selvagem e mágico, o reino dos goblins, o submundo. Apesar de ter medo do que está por vim, ela sente sua música sendo finalmente libertada naquele lugar, onde o Rei Goblin a incentiva a compartilhar cada nota com ele, e assim desenvolvendo uma relação mais íntima entre ambos.
??Há música em sua alma. Uma música selvagem e indomável que fala comigo. Ela desafia todas as regras e leis que vocês humanos definem. Ela cresce dentro de você e eu desejo libertar essa música.??
O desenvolvimento dos dois começa com desafios e jogos, com lembranças antigas, mas ao decorrer do livro vamos sentindo a paixão real e selvagem entre os dois, mais profundo do que qualquer um dos dois poderia admitir.
??Se eu fosse uma brasa latente, ele era o braseiro, me incitando em chamas.??
Elisabeth é uma personagem tão, TÃO real. E me via facilmente em sua pela. Podia realmente sentir todas suas inseguranças, entender sua inveja, aceitar a sua raiva e mágoa. Ele sempre priorizava os outros, e esquecia dos seus próprios sonhos e ambições. A trajetória dela, todo o auto conhecimento, a evolução dela se conhecendo e se definindo mais e mais foi algo satisfatório de se ler, e você se surpreende com a coragem e se orgulha do que ela se tornou no final.
??Eles poderiam tirar todo o resto de mim, mas eu mesma, inteira. Elisabeth era mais do que a mulher que levava o nome, mais do que as notas que ela produzia, mais do que as pessoas que a definiam. Eu estava cheia de mim mesma, pois eles não podiam levar minha alma.??
O Rei Goblin foi um personagem misterioso. Há várias facetas desse personagem, cruel, triste, selvagem, apaixonado, e como a própria protagonista, não tem como não amar cada parte desse Rei. A história dele é algo que foi muito bem explorado, mas não totalmente desenvolvido. E estou muito curiosa para saber como é o verdadeiro Rei Goblin.
??Você é um homem com música em sua alma. Você é caprichoso, contrário, contraditório. Você se delicia com jogos infantis e se deleita ainda mais em ganhar. Para um homem de piedade tão intensa, você é surpreendentemente mesquinho. Você é um cavalheiro, um virtuoso, um erudito e um mártir, e dessas máscaras, eu gosto menos do mártir de todas. Você é austero, é pomposo, é pretensioso, é um tolo.??
Um dos tópicos que mais amei foi a relação de Elisabeth com seus irmãos. O amor fraterno entre eles foi tão bem escrito, que podia sentir isso em mim. Um amor que poderia quebrar a mais antiga maldição, e ultrapassar qualquer barreira entre os mundos.
??Se Josef era uma parte de quem eu era, então Käthe me definia, moldava minhas fronteiras, preenchia meus espaços negativos. Ela era o sol para a minha escuridão, a doçura para a minha disposição salgada.??
??Contanto que você tenha um motivo para amar, Thistle dissera. O amor mantinha a roda da vida girando. O amor criava pontes entre mundos. Se não houvesse mais nada que eu tivesse aprendido, aprendera que o amor era maior que as leis antigas.??
Eu AMEI de verdade essa escrita. Eu podia sentir a paixão, a selvageria de emoções que os personagens sentiam. Eu sou leiga quando o assunto é música clássica, mas o que eu mais queria depois desse livro era pegar uma violino ou um piano e poder sentir as notas musicais reverberando a cada célula do meu corpo, só para tentar sentir toda a emoção que o livro transmite com mais certeza. Eu podia ver as notas saindo do livro como magia.
??A música sempre foi a linguagem que compartilhamos, uma linguagem de amor, de riso, de lamentação.??
A leitura foi totalmente fluída, e me vi devorando cada página, experimentando toda essa espiral de emoção selvagem e melancólica. Fazia tempo que não lia um livro que me deixasse com esse sentimento. Esse sentimento inexplicável que a magia pode existir. Você só precisa encontrar, talvez esse livro pode ser o mais perto de magia que você vai chegar.