de Paula 10/10/2020
NÃO ENTRE EM PÂNICO!
Dei uma oportunidade para essa obra tão aclamada no meio da ficção científica e, tenho que confessar, que tinha um certo preconceito sobre o que a narrativa poderia contar, considerando a “simplicidade” do texto. Estava completamente errada e assumo meu erro!
Que livro incrível! Bem-humorado, cheio de filosofia e ciência, misturados com sarcasmo e ironia, o pacote completo para uma boa dose de diversão. Ri em muitos momentos com os personagens caricatos e extremamente humanos, a seu modo.
“O Guia do Mochileiro das Galáxias” tem reviravoltas surpreendentes, cheias de aventura e conduzindo o ritmo de emoção do início ao fim do livro. Maravilhoso e simples, um bom modo de ser introduzido no Sci-Fi para quem tem medo das outras obras.
“O Restaurante no fim do universo” apresenta, com muito humor ácido, as crenças humanas, além das sátiras com a verdade absoluta que rege o universo.
A busca pela pergunta primordial continua, vemos os personagens indo ao restaurante no fim do universo, buscando a mente por trás de toda a governança do universo e a origem da raça humana, o que aconteceu de verdade, pelo menos para Adams.
Divertido, crítico e reflexivo, uma ótima continuação para O Guia do Mochileiro das Galáxias. Falando no Guia, será que ele continuará sendo útil? O importante é ter uma toalha sempre ao alcance."
Em “A Vida, o Universo e Tudo Mais”, a história foca em Arthur Dent e Ford Prefect, embora, neste seja bem claro que o terráqueo é o foco central da narrativa.
É apresentada uma aventura completamente diferente do que foi visto até então, com mais viagens no tempo-espaço, mostrando os heróis menos heróicos da literatura, afinal, eles não se importam o suficiente.
Achei que neste livro a narrativa vai ficando um pouco mais arrastada e em alguns momentos os detalhes ficaram meio confusos, muito embora, seja um bom livro e uma história instigante, com diversas referências a cultura pop e ficção científica.
O que mais me marcou foi uma música criada pelo Marvin, que falava sobre sonhos e cordeiros elétricos (Androides sonham com ovelhas elétricas?- parece que sim), além das diversas piadas com as cidades que o Paul Mcartney poderia comprar com as canções de Krikkit.
Esse livro tem uma alegoria relacionada a guerra e questões de conflitos, nos quais muitos não entendem o motivo e mesmo assim, continuam acontecendo. Deve ser porque a razão é muito bem argumentada, embora uma bomba pequenina, capaz de destruir todo o universo, estar perdida por aí é uma questão tão importante quanto a resposta, que pode ser 42.
"Até mais, e obrigado pelos peixes" é o meu livro favorito da trilogia de cinco do Adams. Achei magnífica essa leitura. Nesse livro, a narrativa é focada em Arthur Dent e o seu retorno a Terra, que não estava destruída como achávamos nós outros livros.
Neste novo capítulo da história definitiva há loucura, romance, questionamentos sobre como vivemos e a importância da vida, o universo e tudo mais. A grande revelação de Deus para o universo também é encontrada.
Sabendo da predileção de muitos, incluso a mim, o autor sinaliza sobre qual capítulo vamos encontrar Marvin e isso foi tudo para mim. Os golfinhos já não vivem entre nós, mas a sua gentileza permanece. Então, até mais, e obrigada pelos peixes!
Por fim, temos “Praticamente Inofensiva”, que aparenta não ser uma continuação, mas se torna no decorrer da narrativa. Tenho que ter muito cuidado com qualquer informação, porque acredito que spoilers possam estragar a experiência.
Vamos nos encontrar com os personagens de toda trilogia, mas a aventura, por mais que tenha a mão inteira de Ford Prefect por trás, acontece por conta de Random, uma garota aparentemente inofensiva, mas com um poder inigualável para o caos.
Discussões sobre a instituição familiar, sobre pertencimento e lar, achei o livro mais sóbrio, com a ironia comum do Douglas Adams presente, mas com muitas verdades importantes jogadas na cara do leitor sem dó, nem piedade.
Adorei a experiência de ler a obra completa, acho a contribuição do autor muito crucial para o mundo, por trazer muitas reflexões sobre o que realmente importa, de uma maneira muito peculiar. Entretanto, quem quiser ler o primeiro livro, que intitula toda trilogia, também consegue compreender a essência do que Adams queria passar.
E sobre os humanos, Ford Prefect pensa: "Se eles não ficarem constantemente exercitando seus lábios - pensou ele-, seus cérebros começam a funcionar." Talvez ele não estivesse tão errado assim.