Claire Scorzi 28/11/2011
Policial numa Alemanha de Pesadelo
Com caracterização noir em ambiente insólito - a Alemanha nazista de 1936 - e um detetive tão cínico, desiludido e cheio de humor negro como é comum no gênero noir, Kerr conta muitíssimo bem sua história: enganos, crimes, traições, meias verdades, um protagonista equilibrando-se na corda bamba (algo necessário quando um de seus 'clientes' é ninguém menos do que Goering), e o tom amargo apropriado para contar esta trama de identidades trocadas (eu percebi isto antes do detetive, aliás), terror subentendido e tensão - as pessoas comuns sempre à beira da prisão ou do assassinato legalizado. O clima asfixiante não impede as investigações de Gunther, o detetive, mas elas ganham um sabor de desespero mal disfarçado: o mundo ao redor está ruindo enquanto Gunther tenta fazer seu trabalho. Seu humor negro é às vezes excessivo - o autor derrapa ao abusar das metáforas sarcásticas, irônicas - mas também consegue nublar por momentos o pesadelo acordado que a Alemanha de então vivia.
Ansiosa para ler o livro 2 da trilogia.