danilo_barbosa 01/08/2013 Venho de uma família onde não só a minha mãe, mas também sogra, avó e demais parentes são leitoras assíduas de romances espíritas. A mãe, em especial, consegui incutir nela o hábito da leitura com uma louca mistura de Sidney Sheldon e Zíbia Gasparetto.
Apesar de todo esse histórico, não tenho o costume de resenhar obras desse estilo aqui no blog. Porque não gosto em nenhum momento de defender uma ou outra religião. Somos um blog laico, oras, rs. Mas sempre achei que, independente do fundo religioso, os bons livros devem ser mencionados.
Por isso, hoje quero falar do primeiro livro da Mônica de Castro que eu li. O nome: Giselle, a amante do inquisidor. O livro mistura intriga, história, paixão e muitas reviravoltas ao contar a vida da moça que dá o nome à obra. Bom, imagina uma mulher do mal? É a danada da Giselle! Ela é cruel, desalmada, insensível e interesseira. Manipula as pessoas em meio aos crimes da inquisição. Por ser amante de um dos inquisidores, distorce situações para que sejam presas e mortas pela Igreja. Assim, não só o Santo Ofício fica com os bens do pobre mártir. Ela fica com metade também. Presa cada vez mais em suas maldades, o destino conflui contra a oportunista moça, fazendo com que em vez de algoz ela se torne vítima do sistema que achava conhecer.
Junto as vítimas, ela encontra o amor e um senso de justiça, meio torto, deturpado em muitos pontos, mas era o melhor que conseguia. Não pensem que no decorrer das páginas, a moça se converte de uma prostituta para uma santa. Muito pelo contrário, até o grande ápice, a fuga nos penhascos na Sevilha onde o livro começa, Giselle tenta ter todo o controle em suas mãos, se dar bem. Só que as coisas nunca sempre estão nas nossas mãos.
Este livro me chamou a atenção em vários sentidos. Vai além do sentido das almas que encontram o caminho em busca da evolução. Expõe as falhas e mesquinharias de uma época cruel e sombria, onde a fé era vendida e o preconceito religioso era punível com a morte. Mais ainda, revela a maldade humana, aquela que pune, julga e condena para consolidar o poder de poucos.
Reviravoltas fazem parte da trama, transformando-a em mais que um livro religioso. Tem todos os ingredientes de uma grande história - romance, suspense, sedução, mentiras e traições. Você fica indeciso entre amar e odiar essa magnífica e densa personagem.
Duvida? Confira.