A Dama Oculta

A Dama Oculta Ethel Lina White




Resenhas - A Dama Oculta


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Bianca.Cardoso. 17/01/2021

A Dama Oculta
Nesse livro conhecemos Iris, uma jovem viajante que está a caminho de volta para Inglaterra.
Durante sua viagem de trem Íris encontra conforto na companhia da ??srta.Froy?? com quem tem muitas conversas durante algumas horas da viagem. Após ter sofrido de insolação na espera pelo trem, Íris acaba adormecendo e quando acorda a ??srta.Froy?? não existe mais, uma mulher que estava lá e alguns momentos depois some sem deixar vestígios. Questionando a própria sanidade, Íris incansavelmente procura por ela e desvenda o desaparecimento de sua companheira de viagem.

Esse livro nos leva a ver o que significa sair da bolha em que estamos e enxergar o outro, ver que não estamos sós e não existe somente os nossos problemas. Achei a narrativa no começo muito demora, e no final extremamente apressada. A forma como o mistério foi desvendado foi muito mal explicada. Apesar disto, o livro não deixa de ser uma grande obra e com um plot incrível. A construção de todos os personagens que aparecem no livro é extremamente importante para a história e para sua dinâmica.
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Fabiane.Pereira 17/04/2021

Boa idéia, execução ruim
Era para ser um livro sobre o suposto desaparecimento de uma mulher e seus desdobramentos, certo?
Errado. O livro é sobre Iris e seus amigos, Iris e seu dinheiro, Iris e seus sentimentos, Iris e suas fantasias, Iris e sua vida amorosa, Iris e sua arrogância, Iris e suas viagens, Iris e seus passeios, Iris e o isolamento da extrema riqueza, Iris, Iris, Iris!
E se fosse um personagem bem desenvolvido até poderia ser legal, mas Iris não passa de uma garota mimada, mesquinha, arrogante, tola, metida e infantil.
Detestei cada segundo na mente desse personagem e o final é idiota ao extremo. A comparação com Agatha Christie é totalmente sem propósito porque a narrativa não é fluida, o desaparecimento leva uma eternidade para acontecer e, quando aconteceu, eu já estava sem paciência para Iris. Se o intuito do autor era nos irritar com as ações e pensamentos de uma patricinha rasa e chata, conseguiu.
No entanto, gosto é gosto, recomendo que leia e tire suas próprias conclusões.
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anselmo.pessoal 05/04/2020

Se gosta de Ágatha Christie, vai gostar muito...
Enredo intrincado e narrado de forma envolvente do tipo que não dá para parar.
Ao acabar o livro fui assistir ao filme do Hitchcock com o mesmo título e que decepção!!!!
Além de ter pouco do livro, o que não necessariamente é ruim, o livro e filme Blade Runner também são muito diferentes mas ambos são ótimos, mas neste caso a adaptação, na minha opinião ficou horrível. Importante lembrar que o filme é da fase inglesa do Hitchcock e que ele melhorou muito quando passou a ter controle absoluto sobre seus filmes.
Voltando ao livro, gostei muito, recomendo fortemente para os que, como eu, são fãs de Agatha Christie. Já coloquei no Kindle os outros livros dela que a Amazon relançou em e-books.
otxjunior 11/10/2020minha estante
Olha só, já eu prefiro o filme! Acho divertidíssimo. Sou fã de Agatha Christir e esse livro não desceu muito bem. É bom saber que tem relançamentos da autora.




Naty__ 04/10/2016

Li A dama oculta tem um tempo já. Assim como Vertigo (Um corpo que cai) demorei a resenhar – este ocorreu pela profundidade e comoção causada em mim; aquele, por não ter palavras suficientes para descrever o que senti ao ler. Enquanto Vertigo me passou um sentimento fortíssimo e indescritível, em A dama oculta eu não consegui desvendar o que senti – se senti.

Eu tenho um bloqueio forte com livros com narrativas entre aspas e este livro foi o que conseguiu ganhar uma nota alta, mesmo sem gostar da ausência de travessão. Posso dizer, sem medo de errar, que essa obra foi como um teste para mim e deu certo. Certas vezes parecia como um calmante e eu consegui entender e compreender que nem todos os livros são como queremos (com travessões perto e aspas bem longe) – embora ainda prefira o primeiro.

A dama oculta deu origem ao clássico homônimo do queridinho Alfred Hitchcock em 1938. Originalmente, a obra foi publicada em 1936 e até hoje faz um enorme sucesso, podem apostar. Essa versão luxo é uma beleza e quero ter a coleção completa.

Iris Carr é uma jovem socialite que retorna para a Inglaterra após passar as férias no continente europeu. Sentindo-se intimidada durante a viagem de trem, ela encontra conforto na companhia de uma estranha que diz se chamar Froy. No entanto, o que era para ser confortável acaba se transformando em pânico, já que essa srta. Froy simplesmente some sem deixar vestígios.

Pelo fato de ter passado por um processo difícil antes de entrar no trem e pensar que foi assaltada, imaginam que tudo é apenas fruto de sua imaginação. Porém, Iris Carr está certa que não, tinha sim uma estranha ao seu lado e ela não entende o motivo do sumiço. Contudo, com o passar do tempo ela fica na dúvida se realmente era isso.

Então, questionando a própria sanidade e desconfiando das reais intenções das pessoas a sua volta, ela tenta desvendas esse mistério de ela desaparecer abruptamente. Ninguém mais se lembra de ter visto. O que há de errado com ela, afinal?

É difícil não ficar preso ao livro quando se está em busca de respostas e que atormentam a pobre protagonista. É difícil não desejar o fim porque o leitor está curioso para saber onde está ou se ela de fato existe. São tantas as perguntas e tão poucas as respostas para Carr, que se vê perdida num mundo onde todos afirmam algo e ela, no fundo, sabe que não é. Ou estaria ela apenas imaginando? Você precisa ler para saber.

Embora os travessões tenham sido substituídos por aspas, acreditem, a leitura me prendeu. Confesso que fiquei chateada quando me deparei com isso, mas no decorrer do livro fui deixando de lado e aproveitei para curtir o que estava bom. Eu só pensava numa coisa: queria ajudar Carr em todos os momentos.

Um adendo sobre as aspas, dessa vez não achei erros, pois alguns livros a gente pega para ler e nos confundimos, por usar aspas para mais de uma coisa e acabam errando. Isso reflete que o leitor fica perdido, sem saber o que é fala e o que não é – mas isso não ocorre nessa obra e é muito satisfatório.

Por óbvio, é bem fácil descobrir o desfecho da história, o que deveria ser o grande mistério, já que a qualidade do enredo fala por si – mas isso não acontece. Independente disso, a obra merece 4 estrelas e tem o seu lugar reservado ao lado de Vertigo (Um corpo que cai), deixando um espaço para os próximos da coleção.
Mayla Viviani 04/10/2016minha estante
Assim como você tenho um certo preconceito com livros que não apresentam travessão, mas devido a umas duas obras que li recentemente venho mudando um pouco. Gostei muito do enredo desta obra, algo que mexe com o psicológico, o que realmente é real para o personagem ou apenas fruto da imaginação do mesmo. Gostei muito da resenha e com certeza vou conferir a leitura.
Abraço!


Eduarda Rozemberg 05/10/2016minha estante
Eu acho tão diferente quando os livros não usam travessões, não tenho bloqueio, mas é difícil adaptar quando não faz parte da nossa cultura. Mas que legal que o livro te prendeu de forma que até fosse difícil de resenhar, eu sei bem como é isso. Gostei demais da proposta do livro e espero poder conhece-lo muito em breve.


Maria 02/11/2016minha estante
Achei bem intrigante ficar sem saber se é realidade ou imaginação da personagem o sumiço da Froy. Deve ser uma historia angustiante e até torturante essa dúvida da personagem. Pena que foi fácil descobrir o mistério, gosto quando eles tem reviravoltas e fica difícil descobrir, assim fico ansiosa para chegar ao final e descobrir.


Liih.Santos 04/11/2016minha estante
Acho que li uma resenha desse livro faz um tempinho, não lembrava mto bem...Fiquei curiosa pra conhecer a escrita e o enredo que parece bom...
Bjs


Lana Wesley 05/01/2017minha estante
Já li livro que tinham aspas em vez de travessão, e nos primeiros contatos foram complicado a adaptação, depois fui acostumando, e hoje em dia não tenho nenhum problema, ainda bem que mesmo com esse pequeno ponto ainda sim a leitura conseguiu te prender e fez com que você amasse o livro. Essa deve ser uma leitura difícil, mas ao mesmo tempo envolvente, pois meche com nossa mente, com o nosso consciente, e nos faz questionar, me peguei querendo saber mais sobre o enredo do livro, pois me pareceu ser um livro surpreendente. Esse vai com certeza para a lista de desejados.


Marta 09/01/2017minha estante
O livro bem interessante!! Fiquei curiosa para conhecer mais sobre ele!!
Bjoss


Isa 11/02/2017minha estante
Depois dessa resenha fiquei muito curiosa para ler, nunca tinha ouvido falar. Parecer ser muito bom!


Angela Cunha 17/05/2020minha estante
Há uns livros que nos pegam fora do que apreciamos e oh, não acho isso ruim não. Só é complicado gostar.rs Mas, acabamos nos acostumando e isso sempre é prazeroso!
Ainda não conhecia o livro e com certeza, mesmo com uns "probleminhas", já preciso!
Beijo




Mandy Nerújo 10/06/2020

Ninguém vive sozinho
Este livro, totalmente angustiante, nos leva a uma reflexão extremamente profunda do que significa sair da bolha que estamos e enxergar o outro, ver que não estamos sós e não existe somente os nossos problemas.

O livro mostra um grupo pequeno, porém bem icônico que “resume” essa sociedade de forma interessante. Cada qual com seus preconceitos, modos de viver e julgar, com suas mazelas e “problemas” próprios. Não se importam com as outras pessoas à sua volta por mais que a situação seja grave. Cada um se fecha nos seus motivos e esquece de ajudar os que mais precisam agora, mesmo que “haja” um motivo para que esses sejam solícitos. (No caso da história, sejam todos ingleses)

A protagonista Iris acaba nos mostrando isso, de uma forma ou outra, apesar dela mesma ser exatamente assim: egoísta, fechada na bolha e totalmente individualista. Ela acaba escapando dela mesma e se mostrando solícita quando se depara com uma pessoa que é diferente dela, altruísta. É angustiante porque ao passarmos pelos problemas que Iris está passando nos vemos totalmente sozinhos e a cada pingo de esperança, uma decepção. O problema piora e ninguém mais o vê. Somente nós, leitores e a própria Iris.

A história, escrita em 3ª pessoa, é uma crítica bem construída do como a sociedade pode ser bem cruel com quem é mais atento ao próximo. Não há recompensas aqui, somente a verdade nua e crua. Os problemas próprios, sempre superam o problema do próximo.

Por ser uma história curta, poderia ser mais bem desenvolvida, mas algumas partes são demoradas e um pouco sem sentido. Dá aquela sensação de andou, andou e não saiu do lugar. Nesse quesito é um pouco frustrante, principalmente pelo final ser muito previsível. Mas o principal aqui não era a história de Iris e sim a crítica social. Foi o que acabou fazendo o enredo ser deixado de lado. Ou pela minha experiência com thrillers, “descobri” o desfecho, já batido, em algumas páginas e minha experiência de leitura tenha sido influenciada por isso.


site: https://suspeitaparafalar.wordpress.com/
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Aventura de aprender 21/03/2020

Este livro é considerado um clássico da literatura de suspense mundial. Eu gostei da leitura, mesmo tendo achado arrastada em alguns pontos.

Apesar de deixar o leitor apreensivo o tempo todo, a resolução do mistério não é tão surpreendente assim. A autora deixa claro quase desde o início o que verdadeiramente estava acontecendo. Parece que a intenção foi mais relatar as nuances do comportamento humano e como as pessoas são capazes de mentir.

Se foi isso, realmente conseguiu! E, de fato, é bem revoltante! E que protagonista chata... Apenas focada no que os outros poderiam pensar dela. Isso é o que eu chamo de fazer a coisa certa com a intenção errada! De fato, a verdadeira intenção do coração humano só é conhecida por Deus e pela própria pessoa.


site: https://aventuradeaprender.webs.com/apps/blog/show/47994019-livros-nao-cristaos-lidos-em-2019
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Casa da mãe Joana 21/12/2020

Sobre consciência
Essa história mostra mais a natureza humana do que um crime propriamente, que não é claramente esclarecido. Iris, no final, nos ensina muito nesse livro.
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Jacques.Bourlegat 17/10/2023

A dama oculta
Não saberia perceber se "os traços de um rosto dissipam quaisquer medos de histeria latente" ou se encontraria "reconforto em um maxilar levemente saliente com uma linha do queixo firme e de lábios protuberantes", como consegue fazer Ethel Lina White, em A Dama oculta. No entanto, Alfred Hitchcock percebeu, entre outras sutilezas narrativas e psicológicas, o potencial dessa obra adaptando-a para o cinema em 1938. A história de Iris Carr, uma jovem e bela socialite, que regressa de trem para a Inglaterra após passar férias em algum país do leste europeu, nos faz duvidar de muitas coisas. Da própria Íris, que alega ter conhecido uma srta. Froy e alega que está encontra-se desaparecida. Dos passageiros, sejam eles ingleses ou "estrangeiros", à tripulação do trem, todos parecem duvidar da moça e, ao mesmo tempo, parecem dissimular algo. O ambiente de suspeita, finalmente, recai sobre todos. E, nem mesmo temos certeza de que a srta. Froy é real ou fruto da imaginação de Iris Carr! Mas, caso ela exista, nos perguntamos por que alguém buscaria a todo custo ocultá-la? Uma simples preceptora inglesa voltando para a casa dos pais. O que teria ela feito para ter tal destino?Ou quem sabe, não é a preceptora o alvo principal, mas sim Iris Carr? Se assim fosse, ela não estaria combatendo as sombras, mas um perigo real!
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Jackie Sabino 03/09/2019

Já tinha visto o filme e, apesar de amar Hitch, não gostei da adaptação. Lendo agora o livro, vejo que é a tendência da história ser arrastada. A personalidade da personagem Iris é tão apática e apagada que se reflete na sua aventura no trem. Fiquei na expectativa de um suspense a lá Ágatha, mas não deu muito certo.
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Sarah 23/10/2020

Correndo pra ver a adaptação cinematográfica.
Quando escolhi esse livro para ler, só estava querendo passar um tempo rapidinho e como ele era curto, imaginei que poderia ler sem maiores complicações. Até parece. A Ethel tem uma escrita genial que muito facilmente podemos cair na comparação com a maior romancista policial, Agatha Christie, mas que nada tem a ver com essa autora. A Ethel não está aqui para nos ludibriar com a situação, "o que aconteceu?" não é de fato o fator original dessa obra. O objetivo é outro bem diverso, porque aqui não há testemunhas, é apenas Iris contra o mundo. Aliás, Iris e nós, contra o mundo. Porque enquanto a Iris está no escuro completo, envolta em sua paranoia, nós sabemos exatamente o que está acontecendo, quem está mentindo e quem está falando a verdade. Nós já sabemos o que aconteceu ou ao menos imaginamos (no meu caso, foi certeiro), a questão é que é impossível desgrudar os olhos da leitura até chegarmos o momento em que a protagonista descobre. É bem feio, a paranoia e o surto crescente da personagem nos assustam, não pelos sentimentos, mas pelas consequências que podem ocorrer, porque sabemos do que as pessoas que estão a sua volta são capazes. Junto à Iris, tememos por seu futuro e pelo futuro da "srta. Froy" - aqui entre aspas, por ser constantemente referida como fruto da imaginação da moça. Mas também junto à personagem, sentimos essa vontade de continuar, de tentar de novo, e de novo, e de novo. E só mais uma vez, só pra ter certeza. E ao mesmo tempo que temos acesso à Iris e suas tentativas, também ficamos de olhos naquelas não testemunhas, nas suas motivações, no poder que elas têm sobre a vida da protagonista e da desaparecida, mesmo que nem liguem, ou pior ainda: mesmo que saibam disso. É bom demais.

Minha única ressalva é quanto ao final da Iris, sem spoilers, mas se eu estivesse no lugar dela jamais iria por tal caminho, uma vez que a confiança foi quebrada. Porém, entendo que tendo sido escrito em outro tempo acrescido dos acontecimentos do livro, seria considerado um final charmoso.
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Milena Gomes 27/07/2016

Um bom livro para se adentrar ao gênero de suspense/mistério
A Dama Oculta certamente é um ótimo livro! A autora trabalhou bem a escrita, narrativa, diálogos, de modo que não se tornou enfadonho e possibilitou uma leitura rápida, direta e devoradora.
É uma história relativamente curta com um trama envolvente - quem não ficaria curioso de descobrir onde e como uma pessoa desaparece dentro de um trem e todos exceto uma jovem alega tê-la visto?!
O único aspecto que me fez dar 4 estrelas para A Dama Oculta é o fato de a trama ser fácil de se resolver. Há um momento na história que o leitor realmente se intriga com o enredo, buscando desvendá-lo incessantemente. Porém, as pistas até que são fáceis e na metade do livro eu já havia desvendado o mistério.
Algo positivo de se ressaltar a respeito do livro é como as personagens foram bem trabalhadas. Todas estabeleceram uma conexão com a história, não abrindo espaço para personagens obsoletas, que pouco se soma à trama.
Recomendo muito este livro para aqueles que estão iniciando o gênero! Realmente sensacional!
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Andreia Santana 17/12/2016

Suspense e empoderamento feminino
A dama oculta é um thriller claustrofóbico. Tem a maior parte da ação acontecendo em um trem que cruza a Europa. Mas, ao contrário de Assassinato no Expresso Oriente, da britânica Agatha Christie, o livro dessa conterrânea da ‘dama do suspense’ tem uma atmosfera mais soturna. Ethel Lina White envolve o leitor no desespero de sua protagonista, que precisa lidar sozinha com a solução de um misterioso desaparecimento, enquanto todos ao redor acreditam que ela está louca.

O livro conta a história de Iris Carr, jovem inglesa, órfã e rica, que costuma viajar com um grupo de amigos para curtir a vida nas paisagens mais estonteantes da Europa continental. A aventura começa em um hotel, em algum lugar não especificado pela autora, mas que pela descrição assemelha-se ao leste europeu. Logo na introdução da personagem, vemos uma garota destemida, vestida em seus shorts e botas de alpinismo, arriscando-se sozinha em passeios pelas montanhas para apreciar a paisagem.

O comportamento de Iris é motivo de fofoca e de julgamentos morais pelos demais hóspedes do hotel, todos membros da preconceituosa sociedade britânica da primeira metade do século XX, que ainda preservava ares aristocráticos e pós-coloniais. O livro é de 1936. Dois anos depois, Alfred Hitchcock o transformou em filme.

Mais do que a juventude esfuziante e barulhenta de Iris e seus amigos, é a propensão da moça à independência que horroriza seus conterrâneos. No dia seguinte, ela e os demais turistas deverão pegar o trem de volta à Londres. Enquanto os outros seguem o script: arrumam a bagagem, telegrafam aos criados na Inglaterra e bebem chá na varanda de forma civilizada, Íris, um espírito livre, aproveita os últimos minutos para se divertir.

Entre os hóspedes estão um pároco e a esposa, duas senhoras fofoqueiras daquelas que parecem saídas de um romance de Jane Austen, e um casal em lua de mel que passa por desentendimentos durante as férias. Todos embarcam no mesmo trem, mas fazem questão de ficar longe da moça que “não se comporta de forma adequada”. Os amigos de Íris voltaram para a Inglaterra no dia anterior e por isso, ela viajará sozinha.

Thriller feminista

A dama oculta não esconde a militância de Ethel Lina White em prol da libertação feminina. A autora cria uma heroína que enfrenta diversos dissabores justamente por ser mulher, jovem e solteira em uma sociedade machista, patriarcal e preconceituosa. Por meio dos diálogos dos outros hóspedes, percebemos o quanto uma mulher como Íris incomodava por não corresponder ao que a sociedade esperava das moças do período. Ela não só gerencia o próprio dinheiro, como vive como se estivesse eternamente em férias.

Ao mesmo tempo, a autora mostra o quanto o aparente excesso de confiança da protagonista na verdade esconde inseguranças e complexos moldados pela educação repressora e pelas convenções sociais que sufocavam as mulheres. Mais do que um thriller de suspense, A dama oculta é sobre a jornada solitária de uma jovem em busca de vencer as limitações e recalques impostos, e de assumir todas as rédeas do próprio destino.

Até então, Íris era bajulada por ser rica e gozava dos privilégios de sua classe social. Mas também era considerada uma cabeça oca. Pela primeira vez, está sendo abertamente hostilizada e confrontada. Por isso, precisa se superar e provar, não aos outros, mas a si mesma, que é capaz de muito mais.

Abalos na autoestima

No trem, a jovem faz amizade com uma professora chamada Srta. Froy, que viaja para uma temporada na casa da família, no interior da Grã-Bretanha. A protagonista e a Srta. Froy tomam chá no vagão restaurante e dividem o mesmo espaço na cabine do trem. Até que a professora desaparece sem deixar rastro e sem que tenha havido qualquer parada do veículo. Iris, então, inicia uma jornada árdua para descobrir o que aconteceu com a companheira de viagem.

De forma absurda, nenhum dos demais passageiros parece lembrar da existência da Srta. Froy. Ninguém lembra de tê-la visto embarcar! Íris passa a ser tratada como se estivesse em meio a uma crise ‘histérica’. Os passageiros dizem que a moça é louca e a todo momento tentam convencê-la disso, minando sua autoconfiança, atacando sua autoestima e questionando a capacidade da jovem de cuidar de si mesma.

Quanto mais Íris tenta provar que algo estranho aconteceu, mais é desacreditada e humilhada. Ela, que se esforça tanto para suprimir um latente complexo de inferioridade, volta a sentir os mesmos terrores que a assombravam na infância. Um médico sinistro, quase um irmão gêmeo do Dr. Caligari, decide que a jovem precisa de repouso e pretende interná-la em um sanatório na próxima parada do trem. Na visão desse médico, ‘do especialista’, uma garota que viaja desacompanhada não está em seu juízo perfeito!

A partir daí, a heroína inicia uma corrida contra o tempo para resolver o mistério e descobrir onde está a Srta. Froy. O leitor sente na pele a aflição de Iris, porque encontrar a passageira sumida é a única forma de ao mesmo tempo salvar a professora de alguma situação perigosa e livrar a protagonista de ir parar em um hospício. Ethel Lina White não cria uma super-mulher, sua protagonista tem vulnerabilidades e inseguranças, o que a torna mais verossímil, despertando a empatia do leitor.

Medo e loucura

A história passa a equilibrar-se na linha tênue entre sanidade e loucura, jogando com a percepção da protagonista e do leitor sobre realidade x fantasia. Os abalos na autoconfiança de Íris, por conta da descrença dos outros passageiros, mostram nas entrelinhas toda a pressão social sofrida pelas mulheres para se autoafirmarem.

O suspense cresce até o limite da angústia. As passagens em que a autora narra a expectativa dos pais idosos da Srta. Froy, aguardando a data da chegada dela em casa; ou do cachorro de estimação da professora, indo e vindo da estação para esperar o trem que trará sua dona de volta, são de cortar o coração. E essa trama paralela deixa o leitor ainda mais agoniado quando a ação retoma o foco principal.

Ethel Lina White escreveu diversos romances ao longo da carreira, mas consagrou-se com A dama oculta por unir de forma instigante e eficiente um thriller de detetive e uma história de crescimento pessoal. A autora deixa transparecer, com muita ironia, seus questionamentos pessoais ao status social das mulheres de sua geração. Além disso, a ação do romance, de forma ‘subversiva’ para os padrões da década de 1930, é toda centrada em personagens femininas. E a resolução dos conflitos também cabe a uma mulher.

Este livro, lançado pelo selo Vestígio do Grupo Autêntica, dentro da Coleção Hitchcock, completou 80 anos agora em 2016, mas não está datado. Ao contrário, pode ser lido com prazer tanto por quem busca um entretenimento dos bons, quanto por quem tem um olhar mais apurado para as questões femininas.

Do alto de suas oito décadas, A dama oculta é puro empoderamento!

site: https://mardehistorias.wordpress.com/
Beth 18/12/2016minha estante
Resenha fantástica. Senti a angústia da personagem, nada muito diferente da minha situação como mulher no fim da década de 1960 no Brasil. Tenho de ler esse livro!


Andreia Santana 24/12/2016minha estante
Obrigada Beth :) Espero que goste do livro.


Jossi 19/04/2017minha estante
"Empoderamento"...! Essa palavra é simplesmente horrorosa, me desculpe. Romance 'feminista'? Interessante como as pessoas veem o que querem ver. Ainda estou começando a leitura, mas não acredito na bobajada feminista, não... Nada a ver. A mulher 'oprimida' pela 'sociedade patriarcal' da Inglaterra de 80 anos atrás, com certeza, era muito mais feliz que as imbecilizadas moçoilas de hoje em dia. O fato de uma personagem ser um pouco diferente das demais, dentro da narrativa, não significa que ela seja "feminista", :D Se formos olhar tudo com olhar "feminista", vamos dizer que a Agatha Christie, também escritora de suspense, era uma feministaça, já que ela era independente, corajosa, "à frente do seu tempo", blablabla. Até minha avó seria feminista, nesse caso: ficou viúva muito cedo, criou cinco filhos sozinha, trabalhando na roça. Minha mãe, idem... só que não. Eram todas conservadoras, graças a Deus.
Vou ler o romance, adoro suspenses psicológicos.


Andreia Santana 29/09/2017minha estante
Calma lá, moça (Jossi), você não é obrigada a concordar comigo, até porque leitura é algo subjetivo. E sim, eu acredito que Agatha Christie, assim como eu, a jornalista militante e autora da resenha, somos 'feministaças'. Quanto a você, tá livre viu, pra acreditar no que quiser, porque o feminismo, ao contrário do que muita gente pensa, prega a liberdade das 'moçoilas' serem o que elas bem quiserem e entenderem. Abraços!




Luana | @luaadversablog 06/10/2019

Hoje falaremos de um clássico do suspense: A dama oculta. Esse livro que deu origem pseudônimo de Hitchcock e também ao seu famoso filme.

O livro conta o pânico sofrido pela protagonista, Iris, uma socialite que está de férias em um país do continente europeu. A obra tem um início bem arrastado, que nos faz achar a protagonista uma rica mimada e mal educada. Iris fez a viagem com um grupo de amigos, e após uma briga com uma de suas amigas ela resolve continuar no hotel enquanto seus amigos voltam à Inglaterra.

Após a partida de seus Friends, Iris passa por umas situações desagradáveis (muitas delas por sua arrogância) e resolve partir de volta a Inglaterra sozinha (e shallow now). Antes de entrar no trem em que realizará sua viagem, Iris desmaia por insolação, mas se recupera a tempo de pegar o trem.

Ao início da viagem ela conhece a srta Froy, com quem acaba conversando e tomando chá para passar o tempo. A protagonista não está totalmente recuperada e resolve tirar um cochilo para descansar um pouco e, quando acorda, a srta Froy não está lá. Ela pode ter ido ao restaurante ou tomar um ar, não é mesmo? Errado! A srta Froy demora para aparecer e Iris se acha na obrigação de procura-la, no entanto, existem dois problemas pela frente: Iris não fala a língua local e os ingleses que estão no trem, afirmam nunca terem visto uma srta Froy.

No decorrer do livro ficamos aflitos e sentimos na pele o que protagonista passa. A srta Froy realmente existe? Se existe, por que todos mentem sobre o embarque dela? Será que a srta Froy é um delírio da protagonista que desmaiou antes do embarque? Ficamos nos fazendo essas perguntas e duvidamos da sanidade de Iris.

Apesar de ter uma protagonista não muito carismática e um incio bem devagar, é uma obra excelente. Faz você criar e desfazer opiniões em quase todo o livro. É um suspense maravilhoso, digno de ser o clássico que é.

luaadversa.weebly.com
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