@garotadeleituras 21/08/2016
Aldheron: benção ou maldição?
Relíquia transporta o leitor a um cenário cativante: o enigmático Egito com pirâmides, hieróglifos, faraós e suas lendas misteriosas que ainda hoje levam arqueólogos aos desertos de areia, sob um sol escaldante, com a esperança de fazerem descobertas sobre civilizações antigas e aplacar a curiosidade do homem na busca por respostas do passado. E é exatamente essa sensação que encontramos ao adentrar as primeiras folhas dessa cativante narrativa. A forma precisa com que as informações históricas são inseridas no texto permite uma estrutura confiável e convincente, motivando a leitura para as próximas páginas.
Aldheron na verdade é uma lenda antiga, que relata o caso de alguns operários e soldados de faraó engolidos no deserto durante uma tempestade de areia enquanto construíam as pirâmides de Gizé. O único sobrevivente, Anairda, foi encontrado por algumas pessoas que o ajudaram na recuperação. Durante esse período, teve lapsos de memória no qual visualizava tesouros preciosos, resultando numa busca desmedida pelo templo. Seu final trágico serviu apenas para alimentar que toda essa lenda não passava de fantasia. Entretanto, outra faceta da lenda é aquela que se sedimenta em um determinado artefato, uma relíquia imprescindível para desvendar os segredos dessa entidade, além de poderes sobrenaturais que podem potencializar o bem ou o mal.
Andréia Rossely é uma belíssima e elegante brasileira, possuidora de cabelos castanhos com tonalidade chocolate e olhos verdes. Mas a principal característica da senhorita sabe tudo é a Inteligência para resolver problemas e a espirituosidade nas situações mais improváveis. A estória tem uma certa cronologia; Andréia nunca esteve interessada em Aldheron ou em qualquer assunto relacionado a sua lenda, até o ano de 1997, quando selecionada pela Universidade de Toronto para uma determinada missão, conhece Thommas Hudson, responsável por lhe fornecer um precioso escrito que mudará para sempre sua concepção sobre a misteriosa divindade.
“ – Eu sinto mesmo que posso confiar em você, porém... gostaria que me prometesse uma coisa, mademoiselle. - O quê? - Que vai tomar muito cuidado com Aldheron. (pág. 30).”
Posteriormente, no ano de 2000, acompanhamos um breve acidente, um tanto sinistro, diga-se de passagem, na vida familiar de Nicholas, dono do instituto de pesquisas no Egito, no qual Andréia trabalha arduamente com uma equipe pra lá de carismática. Passados dez anos desde o acontecido, encontramos Jennifer, filha de Nicholas, uma beldade carioca, jovem típica de dezoito anos, com seus anseios e desejos, que expressa verbalmente sua incredulidade na lenda, arraigada nas buscas infrutíferas para localizar o templo ou a tão preciosa joia. Além disso, outro motivo que desencadeia conflitos entre pai e filha é a recusa de Nicholas em comentar a morte da esposa, o que fragiliza a confiança entre ambos.
Entretanto algo importante acontece, e imediatamente Nicholas e sua filha viajam ao Egito para acompanhar de perto a evolução. Nesse cenário mítico, surgem novos personagens que serão integrados a estória, responsável pelas aventuras, paixões e inúmeros questionamentos...
O instituto de arqueologia tem a missão de encontrar Aldheron e reverter todo o suposto poder da pedra para fazer o bem. Mas claro, que nada é tão simples como parece: acontecimentos sinistros começam a ser recorrentes nessa empreitada; pessoas desaparecem misteriosamente, Jennifer inexplicavelmente tem sonhos e visões sobre as tragédias, além de pessoas com condutas suspeitas, integrantes na equipe (Meu faro investigativo prevê momentos turbulentos para os próximos volumes...). O poder místico do deus, até o momento, na verdade é mais uma força maligna que deixa a busca dentro do templo cabulosa!
Sobre o livro em si, é o tipo de escrita de eu gosto, mais rebuscada e acessível ao mesmo tempo. É perceptível o cuidado do autor em procurar trazer os fatos históricos e apresentar ao leitor para que ele também possa se apaixonar pela cultura egípcia, achei positivo esse aspecto. Os personagens do livro tem potencial para deixar a trama interessante. O que pecou um pouco foi à falta de foco para aprofundar mais, impossibilitando o leitor adotar essas pessoas. Adorei a Andréia por sua inteligência, a equipe porque são divertidos, alto astral e o Nicholas por lembrar o professor Xavier dos mutantes, o cabeça que coordena tudo. Já a Jennifer, a imaturidade dela muitas vezes deixa a desejar. Quando ela pressiona o pai demais, ou quando só olha para o Alex, mas deveria na verdade desejar passar o dia no templo procurando a relíquia com a equipe, já que futuramente, o instituto será dela. Outro aspecto que não gostei, são fotos dos personagens; sou do tipo de leitora que gosta de pegar as descrições físicas e projetar com a ajuda da imaginação. O livro terminou de forma bem empolgante, deixando um gostinho de quero mais, uma vez que, milhares de questionamentos foram surgindo durante a leitura, sem falar daquele final (fiquei tipo, não acredito que não tem mais páginas explicando isso).
Se você gosta de leituras que expõe culturas de povos antigos, é um admirador da história, curte uma fantasia com pintadas de aventura e romance, provavelmente você encontrará nesse livro, um ótimo enredo. É uma trama com um potencial imenso. Espero ter oportunidade de ler os próximos volumes e descobrir como a relíquia e Aldheron ajudarão a humanidade. Afinal, quem vencerá a guerra?