Thamyres Andrade 12/02/2017Super gostoso de lerBernardo tem 15 anos e é gay. Ele se apaixona por Matheus, o garoto mais popular e bonito da escola. Mas quando eles começam a se envolver, Vitor, homofóbico de carteirinha, começa a desconfiar e a perseguir Bernardo. É aí que entra Gustavo, primo de segundo grau do nosso personagem principal, que se muda pra São Pietro a fim de estudar na mesma escola que eles, e promete protegê-lo. Com toda essa proximidade, um triângulo amoroso acaba se desenhando. Sentindo-se mexido de uma maneira inexplicável por ambos os garotos, com quem será que Bernardo vai ficar, afinal?
Comprei esse livro na bienal do ano passado. Comecei sem saber muito sobre o que se tratava e fui me deixando levar pela história. Acho que isso, de não saber o que esperar, ajudou bastante conforme os fatos foram se desenrolando.
Apesar de não andar na vibe de ler romances românticos, eu gostei desse. Acho que porque traz outros temas em seu enredo, além de um relacionamento homoafetivo. Gostei bastante de como foi abordada a homofobia - e atitudes homofóbicas extremas, e adorei a lição sobre amizade e autoconfiança.
A minha crítica central é quanto à caracterização e profundidade das cenas. Acho que o autor pecou um pouco na ausência de descrições, principalmente, dos personagens. Ele utilizou traços gerais pra caracterizar, o que, pra mim, foi um pouco negativo. Quando eu leio, gosto de imaginar como é fulano e cicrano e isso se torna difícil se características básicas são escassas. Então, quando acontecia algo mais marcante, digamos assim, eu tinha certa dificuldade de imaginar as feições de um e de outro, vindo à minha cabeça apenas representações um tanto minimalistas. Achei algumas cenas um pouco corridas também, podendo tranquilamente ser mais trabalhadas, e outras fugiram da realidade. Não no sentido fictício, mas se mostraram bem mais amenas - e até diferentes - de como seriam se acontecessem realmente. Não sei se me entendem.
A trama não foi tão previsível quanto achei que fosse ser. Isso pode ter acontecido devido ao meu envolvimento com os acontecimentos. Os trechos, ora de um romantismo fofo, ora de um erotismo ardente, deram um toque todo especial a "Não tão primos".
Possuindo menos de 200 páginas e capítulos curtos, consegui ler em poucas horas. E, olha, a escrita do Renan é maravilhosa. Eu não queria largar o livro de jeito nenhum. O dinamismo que ele deu à narrativa, em primeira pessoa, foi ótimo. Com extrema facilidade, ele nos insere na história e nos faz sentir e pensar como Bernardo, como se fossemos ele.
Fui chegando às últimas páginas já imaginando o que aconteceria, mas sem querer que terminasse. Se o autor quiser escrever uma continuação, com certeza será muito bem-vinda. Vou ser uma das primeiras pessoas a ler, é claro.
Mais um ponto pra literatura nacional. Nota 4.