Fernanda631 31/07/2023
O ar que ele respira
O ar que ele respira (Elementos #1) foi escrito por Brittainy C. Cherry.
“O ar que ele respira”, primeiro livro da série Elementos. Composta por quatro livros que aludem a um diferente elemento da natureza — ar, fogo, água e terra —, trazem histórias independentes entre si e que não precisam ser lidas em ordem.
Nele nós vamos conhecer dois personagens que estão completamente feridos.
De um lado temos Elizatbeth que está tentando seguir em frente após perder seu marido em um trágico acidente. Durante um ano ela convive com sua mãe, mas não é fácil perceber o quanto ela está mudada desde que seu pai faleceu. Para ela, isso chega a ser insuportável e é quando ela decide voltar para o seu antigo lar junto com a sua filha, Emma.
Quando retorna para Meadows Creek, tudo está diferente. Já se passou um ano desde que ficou viúva e as coisas não são mais como eram antes. Até mesmo seu vizinho que ela imaginou que nunca sairia daquela propriedade, se mudou. Agora, na casa ao lado, mora Tristan, um homem com aparência completamente fechada.
Lá ela conhece o novo vizinho, Tristan, famoso por ser grosseiro e anti-social. Contudo, ela enxerga nele feridas tão profundas quanto as suas, o que permite uma aproximação entre ambos e seus respectivos processos de cura.
Tristan também está passando por momentos difíceis de superar. Ele é completamente solitário, tem um olhar vago e uma aparência triste. Ninguém sabe o que aconteceu em sua vida para deixá-lo daquela forma e como ele não tem o costume de abrir seu coração, fica mais difícil de compreendê-lo.
Todos na região acham que ele é um homem que não presta e que Elizabeth precisa tomar cuidado com esse vizinho. Mas quando eles se conhecem e começam a conviver juntos, ela descobrirá todas as suas dores e angústias e entenderá que por trás de toda aparência arrogante, existe um homem partido, mas com um coração enorme.
A escrita de Brittainy C. Cherry é tão fluida e ágil aqui quanto em seus demais livros a que tive contato. Em primeira pessoa, ela alterna as perspectivas entre os protagonistas, essencial principalmente no caso de Tristan, que demonstra ser alguém muito diferente do que ele é em sua essência. Inclusive, eu tinha receio de que ele fosse um bad boy com atitudes abusivas sendo romantizadas, mas não é o caso.
Mesmo que ele não seja a melhor das pessoas no início do livro, é possível compreender o personagem com o passar das páginas. Mais do que tudo, ele não age com Elizabeth, durante o desenvolvimento da relação, como alguém de fato problemático e que tem atitudes discutíveis. Há, também, flashbacks que permitem ao leitor conhecer o passado difícil dos dois
Seria o momento para um novo começo na vida dos dois?
Em alguns momentos eu estava irritada com Tristan e a sua forma arrogante. Por mais que no começo não é revelado o que o personagem está enfrentando, nós conseguimos saber que há uma dor por trás de tudo aquilo, porém, confesso que não curto quando o personagem acaba “descontando” sua dor em outras pessoas que só estão tentando ser simpáticas ou afastando-as.
No começo, quando Tristan e Elizabeth começam a se envolver, confesso que achei aquilo estranho. Não gostei muito de como começou acontecer.
De qualquer forma, quando Tristan decide finalmente mostrar o seu verdadeiro eu para Elizabeth, naquele momento eu achei fofo. Ele é uma pessoa que tem muito amor dentro do coração e tem um gesto muito lindo com relação à Emma. Então nesses momentos eu ficava completamente feliz em saber como tudo estava caminhando de uma forma linda.
Brittainy C. Cherry soube criar personagens secundários incríveis. Faye, melhor amiga de Elizabeth, é uma personagem completamente divertida e única. Ela usa as melhores frases e deixa os momentos mais engraçados (e até mesmo constrangedores). É aquela pessoa que eu adoraria ter como amiga.
Emma, a filha de Elizabeth, é aquela criança de 5 anos mais fofa e apaixonante do mundo. O que me cativou na pequena Emma foi como ela lida com a perda do pai de uma forma diferente e cria esperança de que ele irá encontrá-las onde quer que elas estejam, e mandará plumas brancas. Sério, essa é a parte mais emocionante da história!
Temos, também, Tanner que vai se revelando ao longo da trama. Não vou dizer que não esperava que ele fosse a pessoa na qual ele se revelou, pois o leitor vai construindo uma imagem sobre ele que é possível ligar os pontos e compreender suas atitudes.
Mesmo com a grande carga dramática da trama, há também um inegável toque de humor, que traz leveza e diversão em muitos momentos. Foram, sem dúvidas, as minhas passagens preferidas, especialmente quando havia a participação de Faye, melhor amiga de Elizabeth. A presença de Emma, filha de Elizabeth, também traz momentos delicados, sobretudo quando em contato com Tristan.
Os temas centrais de O Ar Que Ele Respira são o luto e o julgar o outro a partir de falsas impressões, e gostei de como Brittainy C. Cherry evidenciou como a dor pode levar alguém a se perder e o quanto esse processo é individual, de maneira que cada pessoa reage a seu próprio modo.
A forma como o romance entre Elizabeth e Tristan se inicia é, certamente, não saudável, e gostei da maneira que isso foi colocado na história, corroborando o quanto cada um deles não sabe lidar com as próprias emoções.
“O ar que ele respira” É uma leitura muito boa e envolvente. Recomendo para todos aqueles que gostam de drama e romance.