Rai 03/01/2017Desafio - Resenhas Nacionais 2017 (#1)Richard é um jovem alegre, simpático e super boa pinta, daquele tipo que por mais que você se esforce, não consegue odiar. Enclausurado no castelo durante sua vida toda, ele tenta de todas as formas receber uma permissão para sair, mas seu pai superprotetor sempre nega, embora nunca tenha dito o motivo real do por quê faz isso. Seria pela segurança de Richard? O medo de perder o único filho, depois de ter perdido a esposa? Medo dele conhecer as "pessoas erradas"? Não sabemos, e isso foi um dos pontos que me deixou aflita nesse conto, pois já que é centrado no Richard e no William, não temos um "ponto de vista" mais detalhado do rei (entre aspas porque o conto é narrado por um observador). Ainda sobre o rei, outra coisa que me incomodou foi a facilidade com que ele aceita o pedido descrito no conto (e os que se seguem), depois de anos negando. Esperava pelo menos uma briga, uns gritos e coisas do tipo (talvez seja porque eu amo um "barraco", então você pode ignorar essa parte se quiser).
Depois de um acidente inesperado, Richard consegue a autorização e inicia sua tour da felicidade pela vila. É como uma ver uma criança na Disneyland medieval: fala com tudo e com todos, não para quieto um segundo, quer conhecer cada canto do local, faz trocentas perguntas, tudo isso com os olhos brilhando com encanto e alegria contagiantes. Exatamente o que todos nós esperavámos ver nele, embora não combine muito com a idade atual do príncipe (mas confesso que fiz exatamente a mesma coisa ao conhecer o Magic Kingdom uns anos atrás, e eu não era muito mais nova que ele).
Já Will, tive uma relação de amor e ódio com ele durante a leitura. Em um segundo eu estava totalmente apaixonada e tinha certeza que ele seria o maior fofo do universo, aí vinha uma descrição de pensamento ou uma ação que me fazia ter vontade de bater nele. No geral, ele é um cara caladão, super na dele e que não parece ter muitos amigos (embora vários outros moradores o procurem quando precisam de algo), mas por dentro um cara bom, gentil e bem meigo.
O relacionamento dos dois, apesar de não ter me apegado a nenhum dos personagens (Richard é bem imaturo e egoísta, e Will é 8 ou 80), é totalmente lindo de acompanhar. Cheio de momentos fofos, sorrisos encabulados e risadas (eu ri TANTO em algumas partes!). Não me considero coração mole e nem mesmo eu aguentei não soltar um "own" ou "awn" quando os dois estavam juntos. Tem suas ressalvas, claro, como algumas ações que não combinaram muito com minha ideia da personalidade deles, parecendo assim um pouco forçadas ou desencaixadas do momento, mas entendo também que é um conto bem curto (e só o primeiro de uma série) e que se fosse pra detalhar o passo a passo da evolução dos dois, daria um livro de 300 páginas ou mais.
Infelizmente, a gente sabe como eram as tradições naquele tempo e como era difícil para a maior parte da sociedade aceitar um relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo, ainda mais uma delas sendo um príncipe e outro "apenas" um plebeu. Então podem imaginar o que aconteceu, não é? Um apertinho no coração no final do conto e o desespero para encontrar o segundo nos arquivos o quanto antes.
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É um conto ótimo, rápido de ler e fácil de se encantar. Uma leitura recomendadíssima para todos os desbravadores da Amazon (porque a gente precisa mesmo divulgar e enaltecer as coisas boas que encontra lá) e para aqueles que querem indicações também! Gaby tem uma escrita incrível e eu mal posso esperar para ler algum livro dela, onde ela tenha mais tempo e espaço para desenvolver todos os personagens e cenas calmamente e me fazer ter alguns crushs no caminho.