emy 02/06/2022A conclusão de uma trilogia que originalmente era para ser livro único...ADSOM é uma trilogia que as pessoas sempre elogiaram. Por isso, sempre tive um pé atrás. É a velha história de que quando um livro tem hype, nós queremos evitar. Mas depois de ler Vilão da V.E Schwab e me apaixonando pela maneira dela de contar histórias, decidi dar uma chance. E definitivamente foi uma experiência.
O que mais tenho a dizer sobre a trilogia é que tinha MUITO potencial. Infelizmente, acho que a maioria foi desperdiçado.
Mas vamos conversar sobre Conjuração de Luz.
Primeiramente, esse livro tem um ritmo terrível. 600 e poucas páginas é demais. Não tem história o suficiente para tudo isso. Dava pra cortar metade fora e ainda assim, todos os pontos importantes do enredo estariam ali, você não perderia nada. Teve tanta cena inútil que não resultava em nada... teve uma em específico com o Alucard que eu simplesmente estava TÃO IRRITADA... não teve MOTIVO para escrever aquilo, sério. É tão enrolado e arrastado que chegou em um ponto que tudo que eu queria era terminar o livro, mas parecia que a cada pagina que eu lia, outra crescia. Era físicamente exaustivo. Quando finalmente terminei, eu não estava triste ou em luto por ter acabado a série, mas sim aliviada que eu finalmente tinha finalizado um livro que demorei dois meses para ler. O ritmo é tão ruim que mesmo sabendo que coisas estavam acontecendo, não parecia que estava levando para lugar nenhum. Não era chato ou dificil de ler, eu gostava de estar com os personagens sempre que eu lia, mas era tão lento ao mesmo tempo que várias coisas (ou vários nadas) aconteciam, que eu nunca sentia a vontade de pegar o livro para ler. Eu sempre pegava como um dever "preciso ler, preciso acabar" mas eu não sentia a animação de: eu preciso saber o que vai acontecer a seguir!"
Parecia que tudo poderia ter se resolvido muito mais rápido do que realmente foi, porque no final deu tudo certo, foi tudo fácil, o plano deles foi executado perfeitamente e o Osaron foi derrotado com maestria.
Honestamente, acho que ADSOM teria funcionado perfeitamente como duologia ao invés de trilogia.
Tem muitos POVs diferentes nesse livro. Schwab acrescenta POVs de personagens que antes eram tão insignificantes. Você não faz isso. Você não nos da novos POVs no livro FINAL da série. Eles não tem tempo o suficiente para que a gente se importe com eles, então só temos a sensação que eles estão roubando tempo que deveriamos ter com os que a gente já conhece e se importa. (Mesmo erro que Schwab cometeu em Vingança, por exemplo). Se ela quisesse que a gente se importasse com o Maxim e a Emira e o Lenos, para que sentissemos algo com as mortes previsiveis deles, então ela deveria ter nos apresentado seus POVs antes. Inclusive o Lenos só ganha um POV porque na cena seguinte ele morre. Parece forçado fazer a gente se importar com eles a esse ponto da história.
Até mesmo com os personagens que nos importamos, eles parecem tão inexplorados nesse livro. Parece que o desenvolvimento deles parou no livro dois e eles são literalmente os mesmos do começo ao fim de CoL. Quero dizer, a Lila parece que começou a se importar um pouco mais com os outros...? O Kell só ainda ta tentando concertar a bagunça dele e o Rhy e o Alucard... estão lá, eu acho.
Ah, e o Holland também finalmente está lá.
Eles são divertidos de ler, nunca reclamo de estar dentro da cabeça deles. Eles funcionam, tem química e não posso dizer que eles são personagens rasos. Mas a Schwab simplesmente não os explora.
Todos conseguem exatamente o que querem no final da trilogia e não tem consequencias gigantescas (ou qualquer uma). Exceto o Holland... mais ou menos.
OK... vamos falar do Holland...
Holland é de longe o personagem mais injustiçado dessa trilogia inteira. Ele é uma chave tão importante para o enredo mas é só no livro 3 que a Schwab explora um pouco dele. Os flashbacks do passado dele e sua presença no enredo principal são o único motivo que estou dando três estrelas e MEIA ao invés de simplesmente três. Mas no livro 1 ele aparece ocasionalmente, no 2 ele quase não está lá e no 3 tem uns 40% dele. Schwab fala que ele é o favorito dela... POR QUE ELA NÃO EXPLORA ELE O SUFICIENTE??? E alguém por favor pode me explicar como ele perdeu a magia dele e ao mesmo tempo conseguiu devolver magia pra Londres Branca?? Seu final foi tragico, mas bom, porém um pouco aleatório e/ou confuso demais. Quando li eu fiquei com uma sensação que perdi algo importante, mas também estava tão exausta que eu não me preocupei em voltar e ver o que perdi. Até porque nessa trilogia não da pra saber se você perdeu algo, ou se simplesmente não está lá porque a Schwab não explica e/ou explora.
Honestamente, esse é meu maior problema com a trilogia. Eu sinto que a Schwab não entende o OURO que ela tem com esses livros. Todos seus personagens são diamantes escondidos em uma montanha de carvão, mas ela não cava a montanha o suficiente e se contenta com carvão.
Mas uma coisa eu tenho que elogiar: Schwab é INCRÍVEL com construção de mundo. Uma das melhores. O sistema de magia, as três londres, as linguas. É muito bom. É o motivo principal que quis continuar lendo a trilogia, porque é um mundo muito divertido e que nós nos pegamos querendo morar nele. Sempre brinco que adoraria jogar um RPG no mundo de ADSOM. É triste que a história não é tão fascinante e executada quanto seu mundo. E é triste porque a gente sabe que ela CONSEGUE fazer isso. Ela CONSEGUE escrever personagens incríveis, complexos e bem explorados porque a gente já VIU ela fazendo isso. Então é uma sensação que ela simplesmente não quis fazer isso com os personagens de ADSOM e eu não sei porque.
ADSOM é uma trilogia muito divertida, mas infelizmente não mudou meu mundo e seus personagens não são meus favoritos. Ocasionalmente pensarei neles, mas é isso... ocasionalmente.
"Um mito sem voz é como um dente-de-leão sem um sopro de vento. Não há como espalhar sementes."
Anoshe!