Matheus P. 21/06/2012
A sequência de Dexter é simplesmente genial. Apesar do final ser um tanto corrido demais, o livro é muito bem construído, com uma pitada de humor irônico e mórbido entre uma página e outra.
"What do you usually do to relax", Rita asked
It certainly conjured up some funny pictures to think of telling her what I did to relax, but it was probably not a good idea (Pág. 80).
Dexter está ainda mais sarcástico (enquanto sua irmã Deborah fica ainda mais "boca suja" que antes) e também 'caseiro'. Pois é, o serial killer é obrigado a passar as noites após o trabalho afogado no sofá de Rita com garrafas de cerveja, ou brincando com os filhos dela, para mostrar que leva uma vida normal ao Sargento Doakes. Esse passou a seguir Dexter, após a misteriosa morte de LaGuerta no fim do primeiro livro. E, assim, Dexter fica longe do seu passatempo favorito.
Porém, do outro lado de Miami, um serial killer, que deixa até mesmo Dexter impressionado, não deixa de brincar do seu passatempo: o jogo da forca. Logo identificado como "Dr. Danco", ele faz um trabalho cirúrgico, no sentido literal da palavra: a primeira vítima a ser encontrada só tinha partes do corpo suficientes para poder sustentar vida - nada mais.
"Every cut had been professionally closed [...] Everything on the body had been cut off, absolut everything. There was nothing left of it but a bare and featureless head attached to an unencumbered body. I couldn't imagine how it was possible to do this without killing the thing [...] It revealed a cruelty that really made one wonder if the universe was such a good idea after all". (Pág 58).
E esse caso logo irá se relacionar com Dexter, quando Deborah pede a ajuda dele. E, durante o livro, o cerco se aperta ainda mais, com uma série de acontecimentos que pressionam Dexter de todos os lados, deixando-o sem sossego. "And once again I found myself wondering: How do these terrible things always happen to me?" (Pág 144). Esse paradoxo de um serial killer prestativo e que sempre está lá para acudir àqueles que precisam de sua ajuda, como se fosse um super herói, é que dá nome à esse livro. Por mais de 250 páginas, Dexter procura sua paz sem sucesso, "duty always calls"; e ele tem que vestir o disfarce do "querido devotado Dexter". Não é algo fácil de se fazer, principalmente com as vozes do Passageiro das Trevas ressoando cada vez mais alto dentro dele, convidando-o para a "dança" sob a lua cheia. Porém, olhando para fora da janela do seu apartamento, lá está o carro de Doakes estacionado, como sempre.
"No matter how necessary it seemed, Doakes was out of bounds for me. I could look out the window at the maroon Taurus nosed under a tree, but I could do nothing about it expect wish for some other solution to spontaneously arise – for example, a piano falling on his head. Sadly enough, [...] there had been a tragic lack of falling pianos in the Miami area" (Pág. 34)
Enfim, o livro é bom para se passar o tempo, uma ficção 'simples', no sentido de não ser uma leitura desgastante; mas ao mesmo inovadora: com a premissa de um serial killer preocupado em resolver problemas dos outros e colocando sua vontade de matar em segundo lugar. Além disso, é muito bem construída, o livro vai ficando melhor a cada página e o final teria sido perfeito se não fosse a rapidez em que tudo foi resolvido. Porém, essa é uma das características da escrita de Lindsay.