e-zamprogno 07/02/2012O Zen do BlinkA resenha abaixo não é de minha autoria, e sim a tradução de trechos da resenha originalmente escrita em inglês por John Tarrant.
Link para a resenha completa original em inglês:
http://www.shambhalasun.com/Archives/Reviews/Feature%20Reviews/May05_Blink.htm
Minha tradução de alguns trechos interessantes:
«O fenômeno de agir antes de pensar, e sem pré-concepções, é conhecido pela maioria dos atletas, assim como meditadores, músicos de jazz e artistas. Blink explora de que forma essa idéia poderia ser
aplicada numa ampla e interessante variedade de situações. O interesse de Gladwell na consciência torna o seu trabalho relevante para o Budismo, se o Budismo for considerado como uma forma de trabalhar com a mente.»
Depois de, em seguida, descrever alguns casos do livro e comparar a idéia básica do autor com a criação artística, exemplificando com a poesia e o Surrealismo, continua:
«Bem, isso nos diz algo interessante a respeito da consciência? Eis o caso em que sim. A meditação reconfigura a mente em zero, o que permite que a impressão rápida esteja livre de pré-concepções. A trama básica do budismo é a história da iluminação, uma mudança de espírito que muda tudo o mais. Na mitologia oficial, esta transformação é uma clarificação repentina da visão, um entendimento que cai sobre si como chuva de verão. O Buddha embaixo da árvore Bodhi viu a estrela da manhã e percebeu o fim do sofrimento. (...) No Zen, Hsiang-yen estava varrendo o jardim quando fez com que um pedregulho batesse num bambu. "Um toc", ele disse, "e esqueci tudo o que eu sabia".»
«Às vezes coisas notáveis tornam-se possíveis num momento sem pré-concepções. Um amigo meu estava morando num templo zen americano nas montanhas quando alguns dignatários chegaram do Japão. Um deles
sentou-se próximo a ele para uma refeição formal no estilo "oryoki", um procedimento elaborado envolvendo tigelas aninhadas, pauzinhos e gestos de mão rituais. Meu amigo, que na verdade nunca havia dominado a cerimônia e começou a se atrapalhar, teve um momento de surpresa quando o dignatário visitante começou a imitá-lo, com erros e tudo. Ele decidiu gozar da situação e começou, sem pensar, a fazer variações
espontâneas na forma tradicional. O visitante imediatamente sorria e acompanhava. Meu amigo percebeu que o visitante o estava espelhando em tempo real; não havia atraso. Já que até mesmo o meu amigo não sabia o que ele ia fazer antes de ter feito, isto era surpreendente. Meu amigo aproveitou isso sem explicar a si mesmo, mas foi notável o bastante para que se lembrasse para falar do episódio às pessoas. As artes marciais dependem deste tipo de coisa; forma a fantasia central por trás de filmes como "O Tigre e o Dragão".»