Cris Lasaitis 06/01/2010
Diário da Sibila Rubra
É uma “continuação autocontida” (ou seja, um romance que é uma continuação mas conclui-se como uma obra única) do Clube dos Imortais, primeiro livro do Kizzy. Confesso que foi uma leitura difícil a princípio, fui empurrando até metade do livro até que as coisas começaram a se encaixar e a narrativa fluiu. O Kizzy bebe fartamente nas referências clássicas, na literatura romântica e até no regionalismo, é dono de um estilo clássico com pinceladas de linguagem coloquial e uma narrativa caótica, o que dá um efeito bastante pós-modernista ao seu texto. O Diário da Sibila Rubra é uma história sobre uma dinastia de bruxas – as sibilas rubras – , que resiste desde a antiguidade convivendo com outras quimeras, como os vampiros e lobisomens. O personagem de destaque na obra do Kizzy é o vampiro Luar, que é elegante, airoso, solitário e amoral como os vampiros de Anne Rice (e bem diferente dos vampirinhos melodramáticos que brilham ao sol, como os de Stephenie Meyer), e na imortalidade ele segue aquele a quem ama, e que também foi transformado em vampiro: ninguém menos que o poeta Álvares de Azevedo.
Acho difícil achar escritores que tenham uma sensibilidade tão aguçada pelo “belo”, com cenas e situações tão criativas quanto marcantes. Diálogos excelentes.