Um Nazista em Copacabana

Um Nazista em Copacabana Ubiratan Muarrek




Resenhas - Um Nazista em Copacabana


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Aguinaldo 20/11/2016

um nazista em copacabana
Ubiratan Muarrek conta uma história improvável, mas sua técnica e construção narrativa realmente se destacam e salvam seu livro. O título é enganador, induz o leitor a algo bastante periférico na trama, muito embora esse personagem que brota do título possa ter sido propositalmente abandonado para eventualmente ser explorado no futuro (ao menos eu, o menor dos anões desta paróquia, não abandonaria Otto Funk morto nos anos 1970/80, solitário num apartamento no Flamengo, sem reinventá-lo e a seus sucessos pregressos, mas isso é algo que só o Muarrek poderá fazer, caso tenha tempo e tino). "Um nazista em Copacabana" conta na verdade a história de um bobão chamado Delúbio. Esse sujeito talvez seja mineiro e talvez seja são-bernardense (e de bobões são-bernardenses ou mineiros eu entendo muito bem, pois nasci em São Bernardo do Campo nos anos 1960, cidade onde boa parte da trama se desenrola, e sou neto de mineiros). Bueno. Pois este sujeito se envolve com Diana, uma garota que é filha do tal "nazista de Copacabana", Otto Funk. O romance dá conta dos desacertos políticos típicos do Brasil contemporâneo, de como os indivíduos comuns junto com seus sonhos e projetos acabam sempre destruídos pela máquina eficiente de corrupção e hipocrisia que opera em todos níveis deste desafortunado país. Um terço do romance canta as cousas do Rio de Janeiro, primeiro sobre como um imigrante alemão acaba se radicando por lá e se envolvendo com uma carioca da gema, Iracema, mãe de Diana. Depois de como são os dias aborrecidos de Diana, grávida e assustada na companhia da mãe e de uma vizinha voyeur. A parte mais longa do romance dá conta do quê fez Diana em São Bernardo do Campo com seu príncipe consorte, Delúbio. O que sustenta o romance é o hábil controle que Muarrek tem dos pensamentos de seus personagens, de como lentamente ele esclarece ou obscurece a trama, povoa a narrativa com personagens curiosos que espalham pistas falsas para o leitor. Interessante. Ojo. Esse Ubiratan Muarrek deve ter outras cousas para serem lidas em seu balaio de letras. Logo veremos.
[início: 19/08/2016 - fim: 18/09/2016]
"Um nazista em Copacabana", Ubiratan Muarrek, Rio de Janeiro: editora Rocco, 1a. edição (2016), brochura 16x23 cm., 350 págs., ISBN: 978-85-325-3006-6

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2016/10/um-nazista-em-copacabana.html
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 20/10/2016

Resenha para o blog Pétalas de Liberdade
Conheço alguns leitores apaixonados por histórias com a Segunda Guerra Mundial como tema, talvez alguém veja “Um nazista em Copacabana” e acredite ser um livro dentro dessa temática, algo em que eu também acreditei inicialmente, mas conforme fui lendo, percebi que o foco da história de Ubiratan Muarrek não é na guerra, mas sim numa temática bem brasileira.

“Não imaginava que Diana sentisse tanta dor, ela não percebera a intensidade dos sentimentos da outra até então – não que fosse tonta, e que Diana pudesse ser tão resiliente e silenciosa. Um minuto, e Circe estava conquistada, e doida por ensiná-la, mostrá-la, revelar algo para ela: algo no sentido de que mulheres sofrem, ela sofre, Diana sofre, Iracema sofre, a Cacilda sofre, a neta da Cacilda sofre, todas sofrem... mas jamais se rendem.” (página 28)

Narrado em terceira pessoa, o livro conta a história de Diana, filha de Otto Funk, um ex-combatente alemão na Segunda Guerra Mundial que veio para o Brasil no final do conflito e se casou com uma brasileira, Iracema, e fixou residência em Copacabana. Anos após o falecimento do pai, Diana, a filha do casal, voltou para a casa da mãe para poder estar em condições melhores durante o final de sua gravidez e fazer repouso.

O pai do bebê de Diana morava em São Bernardo do Campo, e estava metido em um escândalo político, o que inicialmente parecia ser o motivo de Diana ter fugido para a casa da mãe no Rio de Janeiro. Mas qual seria o real motivação para a fuga de Diana? Ela conseguiria se manter em segurança até a criança nascer? Encontraria aliados e proteção ou novos inimigos? Os problemas do marido respingariam nela? Como seria voltar ao apartamento onde antes viveu com o pai?

Vamos sabendo sobre a vida de Otto Funk em pequenas doses ao longo da leitura, já a história de Diana vai sendo contada do presente para o passado, voltando no tempo, montando um quebra-cabeça. “Um nazista em Copacabana” foi uma boa surpresa para mim, que esperava uma trama envolvendo guerra e encontrei as etapas da gestação de um bebê, a convivência familiar e o universo da política em suas piores partes.

O autor criou personagens marcantes, Diana era uma mulher bonita e acabava sendo vítima de sua beleza, não sendo vista além da aparência, não me parecia ter um rumo bem definido na vida, me pareceu até um pouco melancólica, mas aparentemente se agarrou a missão de cuidar do seu bebê para se manter viva. O marido dela era um cara de quarenta anos que não queria crescer, parecia usar as drogas, especificamente a maconha, como uma forma de se manter eternamente um rapaz. Faltava diálogo no relacionamento do casal, talvez pelo pouco tempo de convivência e, até mesmo, pela falta de amor. A questão do envolvimento de Delúbio (era esse o nome do marido) em ilegalidades na prefeitura de São Bernardo do Campo não ficou totalmente clara para mim, mas foi impossível não sentir um enorme nojo das pessoas com quem ele se envolveu, pessoas que infelizmente tem seus semelhantes na vida real.

A escrita do autor mescla palavrões com palavras menos conhecidas, há parágrafos longos e ainda assim é fluida. Eu não sei precisar o motivo, o fato é que “Um nazista em Copacabana” certamente será uma daquelas histórias que ficará marcada em minha memória por um bom tempo, talvez pela sua “brasilidade” nos bons e maus sentidos.

Sobre a edição: uma capa bonita, páginas amareladas, poucos erros de revisão, diagramação com margens grandes, letras e espaçamento de bom tamanho.

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2016/10/resenha-livro-um-nazista-em-copacabana.html
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MãeLiteratura 25/08/2016

Um Nazista em Copacabana, escrito por Ubiratan Muarrek, Editora Rocco, é um livro que me surpreendeu.
O título me chamou a atenção logo de cara, adoro títulos diferentes. Não me decepcionei, pelo contrário, eu adorei a leitura. Achei o livro diferente e muito bem escrito!
Muarrek conseguiu construir uma trama muito interessante, que prendeu minha atenção do início ao fim do livro. Utilizando uma técnica descritiva, onde um narrador conta a estória na terceira pessoa, o autor consegue realmente fisgar o leitor, que permanece atento até o final do livro. Um Nazista em Copacabana reúne ingredientes certeiros para o sucesso de um bom livro. Um texto muito bem escrito, uma narrativa ágil, o livro começa pelo final e o autor volta ao início da trama para contar esta interessante estória. Atual, utilizando como pano de fundo falcatruas, sequestros e ingredientes políticos, o livro conta a estória do casal Delúbio e Diana. Ao revelar suas personalidades, o autor aborda temas importantes como expectativa de vida, sonhos, ambições e herança genética. Eu acredito que o grande mérito do livro seja a sutileza encontrada pelo autor para trabalhar esta trama. Gosto muito da idéia da sugestão, ou seja, muitas coisas e fatos "poderiam" ser, ficam muitas vezes no ar. Você interpreta o desfecho da trama.
Diana é filha de um soldado alemão que combateu no terceiro reich. Qual é o papel deste nazista na vida de uma família brasileira? De forma sutil, Muarrek mostra este alemão como uma figura paterna terna e presente e deixa no ar se o papel de carrasco era uma sombra na vida dele ou se foi uma realidade.
Delúbio era um cara sem expectativas de vida, que fumava seus cigarrinhos de maconha e que vivia relativamente bem com muito pouco. Conhece Diana, vivem uma grande paixão e ela engravida. Ao conseguir um emprego com características dúbias, Delúbio, vê sua vida dar uma guinada.
Achei muito, muito interessante a forma como o autor trabalhou o papel dos pais dos dois protagonistas, pessoas com tristes histórias de vida, com tragédia familiar, dependência de álcool e solidão. Fiz uma reflexão do quanto estas vivências impactaram na vida dos filhos. Este foi um dos aspecto mais bacanas do livro, me fez refletir bastante sobre o rico universo particular que Muarrek criou no livro.
Os personagens secundários também são muito bem trabalhados e sugerem uma força maior do que aparentemente demonstram a princípio. Achei muito interessante como dependem das escolhas pessoais dos protagonistas a ascensão ou desaparecimento destes personagens da trama. Destaques para os personagens Antônio e sua esposa estéril e Circe, vizinha da mãe de Diana.
Editora Rocco acertou na edição. Adorei a capa e o título, diagramação perfeita, folhas amareladas (amo!), sem erros de concordância ou de gramática (também amo!). Recomendo muito a leitura! Leia e depois me conte o que achou, vou adorar saber sua opinião.

site: www.maeliteratura.com
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