Maria - Blog Pétalas de Liberdade 20/10/2016Resenha para o blog Pétalas de Liberdade Conheço alguns leitores apaixonados por histórias com a Segunda Guerra Mundial como tema, talvez alguém veja “Um nazista em Copacabana” e acredite ser um livro dentro dessa temática, algo em que eu também acreditei inicialmente, mas conforme fui lendo, percebi que o foco da história de Ubiratan Muarrek não é na guerra, mas sim numa temática bem brasileira.
“Não imaginava que Diana sentisse tanta dor, ela não percebera a intensidade dos sentimentos da outra até então – não que fosse tonta, e que Diana pudesse ser tão resiliente e silenciosa. Um minuto, e Circe estava conquistada, e doida por ensiná-la, mostrá-la, revelar algo para ela: algo no sentido de que mulheres sofrem, ela sofre, Diana sofre, Iracema sofre, a Cacilda sofre, a neta da Cacilda sofre, todas sofrem... mas jamais se rendem.” (página 28)
Narrado em terceira pessoa, o livro conta a história de Diana, filha de Otto Funk, um ex-combatente alemão na Segunda Guerra Mundial que veio para o Brasil no final do conflito e se casou com uma brasileira, Iracema, e fixou residência em Copacabana. Anos após o falecimento do pai, Diana, a filha do casal, voltou para a casa da mãe para poder estar em condições melhores durante o final de sua gravidez e fazer repouso.
O pai do bebê de Diana morava em São Bernardo do Campo, e estava metido em um escândalo político, o que inicialmente parecia ser o motivo de Diana ter fugido para a casa da mãe no Rio de Janeiro. Mas qual seria o real motivação para a fuga de Diana? Ela conseguiria se manter em segurança até a criança nascer? Encontraria aliados e proteção ou novos inimigos? Os problemas do marido respingariam nela? Como seria voltar ao apartamento onde antes viveu com o pai?
Vamos sabendo sobre a vida de Otto Funk em pequenas doses ao longo da leitura, já a história de Diana vai sendo contada do presente para o passado, voltando no tempo, montando um quebra-cabeça. “Um nazista em Copacabana” foi uma boa surpresa para mim, que esperava uma trama envolvendo guerra e encontrei as etapas da gestação de um bebê, a convivência familiar e o universo da política em suas piores partes.
O autor criou personagens marcantes, Diana era uma mulher bonita e acabava sendo vítima de sua beleza, não sendo vista além da aparência, não me parecia ter um rumo bem definido na vida, me pareceu até um pouco melancólica, mas aparentemente se agarrou a missão de cuidar do seu bebê para se manter viva. O marido dela era um cara de quarenta anos que não queria crescer, parecia usar as drogas, especificamente a maconha, como uma forma de se manter eternamente um rapaz. Faltava diálogo no relacionamento do casal, talvez pelo pouco tempo de convivência e, até mesmo, pela falta de amor. A questão do envolvimento de Delúbio (era esse o nome do marido) em ilegalidades na prefeitura de São Bernardo do Campo não ficou totalmente clara para mim, mas foi impossível não sentir um enorme nojo das pessoas com quem ele se envolveu, pessoas que infelizmente tem seus semelhantes na vida real.
A escrita do autor mescla palavrões com palavras menos conhecidas, há parágrafos longos e ainda assim é fluida. Eu não sei precisar o motivo, o fato é que “Um nazista em Copacabana” certamente será uma daquelas histórias que ficará marcada em minha memória por um bom tempo, talvez pela sua “brasilidade” nos bons e maus sentidos.
Sobre a edição: uma capa bonita, páginas amareladas, poucos erros de revisão, diagramação com margens grandes, letras e espaçamento de bom tamanho.
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