Caio 13/07/2020
Ótimo livro para reflexão sobre o Estado Novo e sua instauração em 1937!
Gostei muito do livro. Segundo livro que leio do Jorge Amado, foi uma experiência gratificante relê-lo após anos de Capitães de Areia. Livro modernista de 1954 retratando os jogos políticos, ideologias políticas de 1937, com os integralistas que foi uma organização ultra-conservadora com o apoio da igreja Católica, fala dos comunistas e dos seus companheiros: João, Mariana, Ruivo, Jofre, entre outros, fala da polícia política que perseguia os comunistas, afinal o comunismo era tido como o 'maior' mal daquela época, que deveria ser aniquilado. Um dos projetos de Getúlio era erradicar o comunismo. Fala dos armandistas, também dos trotskistas. Além do jogo político, do jogo de interesses (afinal cada um quer se sobressair e defender seu ego), o livro retrata a vida particular, íntima, romântica de certos personagens que além dos comunistas João, Mariana, também do Paulo, Manuela, Lucas (fala da sua ambição e desejos), Costa Vale, Senhora Comendadora da Torre, e além da Marieta. Personagens que alguns são complexos, outros escondem suas verdadeiras intenções, são hipócritas como a vida burguesa na época: hipócrita, falsos moralistas, superficial, egoístas. E além de falar das revoltas populares dos indígenas onde veem a sua terra em risco, e defendem o seu lar com todas as forças possíveis contra a mão de capitalistas selvagens. O livro retrata a pobreza, desigualdade, pessoas que se corrompem para conseguir subir e ganhar mais dinheiro, o foco no psicológico dos personagens é outro ponto que ressalto da inteligência do Jorge. Sua escrita é profunda, desenvolve bem cada personagem, conseguimos captar muito bem os seus sentimentos, pensamentos, sua história e sua trajetória, apesar de eu achar certas partes cansativas, e outras partes muito longas que não renderam tanto na obra. Mesmo assim, é uma grande obra para entendermos, refletirmos sobre o momento conturbado que foi o golpe de estado em 1937 no Brasil e a figura de Getúlio Vargas que aqui é temida, respeitada, bajulada, criticada, ironizada por vários momentos e por vários personagens ao longo da trama. Fiquei sabendo que a obra tem continuação, volume 2, espero que a história continue, pois, do modo que acabou, tem questões que precisam ainda ser respondidas e que estão no ar. Viva Jorge Amado!
Nota: 4/5.