Gabriel Aleksander 21/09/2016Esse livro representa a quem? A Sinopse
Rafe tem um único grande objetivo: fugir de todos os rótulos que o atribuíram por ser assumidamente gay. Para isso, Rafe sai em busca de uma escola diferente, onde ninguém o conhece, possibilitando-o construir novas amizades pautadas naquilo que ele essencialmente é e não nos estereótipos que o cercam.
Nessa jornada em busca de auto aceitação e descoberta de si, o protagonista irá se deparar com um universo completamente novo, onde o mesmo não seria apenas “o gay ao lado”, permitindo-o enxergar o mundo sob uma nova ótica.
Agora, resta a Rafe descobrir qual dos papéis a ele impostos é o mas confortável para se manter: aquilo que você não é, ou o que essencialmente te define.
Irritating, young and foolish.
Em toda a minha vida de leitor, eu nunca havia visto um personagem tão irritante e previsível como Rafe que, em uma busca sem sentido, torna-se algo totalmente oposto ao que ele é para se sentir parte de um grupo de pessoas que nunca o aceitariam se ele se mostrasse de forma genuína, levando-o a uma série de atitudes e escolhas estúpidas e infundadas. (desculpa, me exaltei).
Esse é um daqueles livros comerciais feitos somente para vender inúmeras cópias que desde a primeira página você já consegue prever todo o processo de crescimento do personagem ao longo da história, resultando em algo contado de uma forma clichê, repletos de personagens estereotipados (olha que ironia, não é mesmo?) e que não atribui ao enredo nenhum tipo de dinamicidade ou profundidade, tornando-o esquecível, assim como seus personagens.
Esse livro representa a quem?
Uma história de um garoto de classe média, aceito pelos pais e amigos, participante da militância gay JUNTO COM SUA MÃE, mas que está cansado desse cenário torturante de ser amado e aceito como é e decide ir em busca de agradar pessoas aleatórias que não possuem nenhuma importância inicial em sua vida. Vocês conseguem pensar em alguma coisa mais nonsense que essa? Eu consigo!
Esse livro, além de me tirar do sério, conseguiu despertar em mim uma reflexão muito importante sobre todo esse mercado editorial em torno da literatura: dentro do boom editorial acontecendo atualmente com romances LGBT, as histórias que objetivam apenas um grande número de vendas entram em uma busca de agradar apenas a um grupo dominante, que raramente é aquele sobre o qual ela aborda, e dificilmente trazem mensagens de empoderamento e desconstrução, totalmente necessárias para o momento atual no qual se encontra a nossa sociedade.
Abordar as histórias dos LGBT (onde, curiosamente, o enfoque é obviamente no HOMEM gay, deixando de lado as outras pessoas pertencentes a comunidade) de uma forma heteronormativa não é um avanço, mas sim um retrocesso, que reforça as violências pelas quais nós passamos diariamente, ao invés de serem utilizadas para nos dar voz em frente a uma sociedade preconceituosa e opressora.
Opinião final
Eu juro como gostaria de apontar algum ponto positivo dentro dessa obra para pelo menos tentar instigar a curiosidade de vocês, mas, para mim, isso foi mais uma leitura problematizadora do que prazerosa, sendo algo que me incomodou e me fez pensar sobre todas as injustiças e violências sofridas diariamente pelos diversos seres humanos que são discriminados e violentados frequentemente por apenas serem quem são. Portanto, a crítica de hoje serve mais como um desabafo necessário do que realmente uma resenha literária.
Contudo, se vocês quiserem buscar essa leitura para tirarem suas próprias conclusões, eu super incentivo, pois, uma história nunca vai chegar da mesma forma para diferentes pessoas. Então, arrisquem-se e depois me contem a opinião de vocês.
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