Teologia Concisa

Teologia Concisa J. I. Packer




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elycely 14/03/2022

De simplicidade e graça: a síntese teológica de J.I. Packer
“Senhor que me fizeste simples, faze-me ainda mais simples". Com a frase de William Temple (p. 12), o teólogo reformado James Innell Packer (1926-2020) define a sua obra Teologia Concisa: uma apresentação do sistema de crenças cristão com linguagem, estrutura e elementos carregados de simplicidade. Originalmente publicada em inglês, em 1993, sob o título Concise Theology, ganhou uma primeira tradução para o português em 1999, pela Editora Cultura Cristã. Uma segunda edição pela mesma editora foi disponibilizada em 2004. Esta é a terceira edição publicada no Brasil, em 2014, pela Cultura Cristã, com tradução de Rubens Castilho, com o subtítulo: “Um guia de estudos das doutrinas cristãs históricas”.
A obra é um reflexo da vida de seu autor. Um dos mais influentes teólogos de nossos tempos, J.I. Packer, como ficou conhecido, nunca buscou o sucesso ou a fama. Enquanto desempenhava cada tarefa designada pelo Criador, viveu em simplicidade. Seu chamado parece ter sido o de ser um mestre para leigos. Ou, por que não dizer, de tradutor de termos e doutrinas complexas da teologia cristã em conteúdo que ilumina as coisas profundas de Deus em linguagem acessível e que faz sentido. Este livro conciso é um bom exemplo de como cumpriu seu chamado.
Teologia Concisa é introduzido pelo próprio autor, em um breve prefácio (p. 11-12), onde nos informa o que almeja: expor em “breves compassos” o que considera a “essência permanente do cristianismo”, que não é apenas um sistema de crenças, mas também uma forma de vida (p. 11). Como bem reforça, é um conteúdo reformado e evangélico e, como tal, segue a corrente teológica clássica e fundamental.
A construção da síntese de teologia sistemática de Packer é estruturada em quatro partes e 94 capítulos. A sequência de assuntos é a mesma da teologia bíblica, e parece ter sido construída em cima dos grandes temas da narrativa cristã: Criação, Queda, Redenção, Glorificação. Em cada parte, cada capítulo explora uma diferente doutrina. Embora anglicano, o autor menciona várias vezes a Confissão Fé de Westminster e organiza o livro com estrutura similar. Portanto, cada capítulo possui um texto bíblico que embasa a doutrina, seguido de um comentário do autor, enraizado no ensino reformado histórico. Mantendo a simplicidade proposta, os capítulos são breves: chegam, no máximo, a duas páginas. Isso torna a leitura fluida e rápida, fácil de entender e memorizar.
A primeira parte do livro (p. 15-72), está dividida em 29 temas (29 capítulos), apresentadas para revelar Deus como Criador. Packer inicia com Deus. Organiza os capítulos para responder à pergunta “quem é Deus?”. E responde: Ele é autoexistente, é transcendente, onisciente, onipotente, santo, bondoso e soberano. Este Deus decide criar, e então revelar-se à Sua Criação (p. 19). Ele busca o homem, e se dá a conhecer (p. 27-32). Não age como um criador ausente, mas por Sua soberania governa a obra criada, com sabedoria e providência. Para mostrar Sua presença e poder, o Criador executa milagres. Porém, seu principal meio de exercer soberania é permitindo que as coisas tomem o curso natural estabelecido na Criação (p. 39).
Packer trata de Deus revelado como Redentor na segunda parte do livro (p. 75-126). Dividida em 23 capítulos, esta seção aborda a queda a partir do pecado original, a deformidade moral do ser humano, que se rebela contra Deus e Seus preceitos (p. 77). Incapaz de salvar-se, ou reconciliar-se com Deus, o ser humano precisa da intervenção do Criador, que faz com ele uma aliança de graça e misericórdia, e a aprimora até alcançar em Cristo a perfeita aliança da graça (p. 81). Ao derramar Seu sangue, Jesus Cristo paga a dívida pactual (p. 123). Por Sua conexão com Deus e com os homens (possível por Suas duas naturezas, divina e humana), Ele torna-se o iniciador de uma relação de paz consciente do homem com Deus, mediando a reconciliação (p. 121). Após a ressurreição do mundo dos mortos e ascensão aos céus, Cristo exerce Sua autoridade e soberania ao lado do Pai, governando um reino iniciado por Ele, que se expressa pela igreja – a família de Deus na Criação (p. 119).
Seguindo para a terceira parte do livro, e também a mais extensa em termos de quantidade de capítulos (34), Packer revela Deus como o Senhor da Graça (p. 129-200). Não apenas Deus cria meios de redimir a Criação que se volta contra Ele, mas Ele estende a graça salvadora para capacitar aos Seus a viver dentro do plano redentivo. Deus conduz a Si mesmo os Seus (p. 135), para que, regenerados, possam escolher livremente viver em bondade e em obediência ao seu Senhor e Salvador. A nova orientação em seus corações expressa-se por uma vida de fé e boas obras (p. 141), tornada possível pela presença do Espírito Santo na vida daquele que crê. O mesmo Senhor que cria e salva, ensina como viver em Sua criação e dá aos Seus uma lei moral baseada na ética do amor, da oração, da vida em comunidade no Reino de Deus (p. 157-168). Inseridos na unidade espiritual de uma família, encontram espaço para o aperfeiçoamento de seu caráter (p. 195). Na sociedade, serão reconhecidos pelo respeito ao governo civil e por sua conduta de serviço. Pela obra do Espírito Santo, irão cumprir a missão de ir ao mundo e anunciar a mensagem de reconciliação e salvação de Deus (p. 189).
Encerrando sua teologia concisa, Packer apresenta na quarta parte da obra Deus revelado como Senhor do destino (p. 203-221). Esta é a seção mais breve, em que o autor organiza em oito capítulos as doutrinas das coisas futuras. O Deus que salva, mantém Seu povo em segurança para que permaneça na graça, vencendo opressões e desânimos (p. 204). Ao passar pela morte, Seus eleitos não temerão, mas enfrentarão esse dissabor com a esperança do encontro com Cristo e a ressurreição da vida no céu (p. 208). O Cristo que veio, voltará a este mundo para encontrar os Seus. Irá inaugurar o juízo final de Deus, quando se dará o destino final para toda a humanidade. Aos salvos, a alegria permanente. Aos que forem condenados, a miséria sem fim (p. 209-221).
Com um total de 224 páginas, esta edição da Cultura Cristã tem uma tradução adequada e boa identidade visual. A obra de Packer é curta, mas ampla em conteúdo. É coesa em termos de estrutura e de linguagem, o que denota um grande trabalho de sistematização de ideias e argumentos por parte do autor, tornando a leitura fácil e dinâmica. Packer não se detém em controvérsias teológicas, mas apresenta o ensino puro, resultando em um material bastante preciso, sistematizado e saturado com a Escritura.
Tanto estudantes de teologia e teólogos, bem como leigos, podem se beneficiar com esta exposição dos pilares imutáveis da fé cristã. O livro pode ser tanto utilizado como introdução doutrinária para novos convertidos ou estudantes de teologia, como manual para busca de termos teológicos, ou ainda ferramenta devocional. Ainda, pode ser uma interessante ferramenta para resgatar os catecismos clássicos. É possível, por exemplo, usar os capítulos para a memorização de textos bíblicos e doutrinas, tanto no estudo tanto individualmente, ou em comunidade. No entanto, é preciso certo cuidado, pois sua maior força – ser conciso – pode recair em um entendimento superficial das doutrinas. Assim, é melhor olhar para o texto como um chamamento para aprofundar o conhecimento teológico.
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Deborah.Lima 28/07/2021

Teologia
Esse é um livro de Teologia que eu creio que posso dizer :resumido.
O autor aborda os temas no estilo de devocional uma página para cada tema e é muito direto e simples na sua escrita.
Me ajudou bastante com dúvidas que eu tinha em relação a vários desses temas.
Para quem está procurando uma Teologia mais direta e resumida , indico esse livro.
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