Tudo (e mais um pouco)

Tudo (e mais um pouco) Chacal




Resenhas - Tudo (e mais um pouco)


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Dudu Menezes 14/01/2023

Contra o pensamento único e o autoritarismo
Aí está. Terceira leitura do ano. Decidi ler Tudo (e mais um pouco), do Chacal , que reúne suas obras de 1971 até 2016. 

Confesso que tomei umas quantas invertidas em Quampérius (1977), mas a culpa é minha, porque ando muito sóbrio.

Chacal tem uma verve literária - e ideológica - que,  na década de 1970, se convencionou chamar de "marginal", já que faz parte do movimento de contracultura cuja semente foi plantada pelo Tropicalismo.

Esses artistas enfrentaram as arbitrariedades da ditadura militar, no Brasil, de forma poética e suas produções se mantém vivas - e muito atuais -, sobretudo, nos dias de hoje. Não é à toa que a Cultura incomode tanto o grupo de extremistas que tem ameaçado a democracia.

Sempre que o autorismo volta a flertar com corações e mentes, adoecidos pela ignorância e pelo ódio, não há dúvidas que a arte está sendo ameaçada. Não é por acaso que diversas obras de arte foram vandalizadas, no último dia 8 de janeiro, em Brasília. O fascismo não suporta o poder transformador das diversas formas de expressão artística.

Vivem em um mundo utilitarista, vazio de significado, triste, hedonista e embrutecido pelo medo! Medo de si, dos outros, do mundo à sua volta, que foge às suas convenções, e de tudo que ignoram por não aceitar o convite de poetas como Chacal para "abandonar a caverna e decifrar as sombras", como nos ensina Platão.

Chacal é desses que saíram da caverna, dançaram com as sombras e iluminam incertezas, atentando contra preconceitos e ignorâncias. Chacal - e seus pares da poesia marginal - são o antídoto contra a brutalidade dos que são incapazes de pensar por si próprios!

"mal vc abre os olhos
e uma voz qq vem lhe dizer
o q fazer o q comer
como investir

todos querem se meter
numa coisa q só
a vc compete:
viver a sua vida

deletar destruir detonar
esses atravessadores

a vida é uma só
e a única verdade
é a sua experiência

não terceirize sua vida

viva viva viva
essa é a sua vida"

(Chacal / Exp 2002)

#Chacal #poesiamarginal
#maislivrosmenosarmas
#livrossimarmasnão
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Adriana Scarpin 03/09/2018

Como toda reunião poética a qualidade do que é reunido não é coesa, particularmente aqui fico com os livros dos anos 70 do Chacal publicados na raça por mimeografo já que soam mais libertários e inventivos do que o Chacal mais maduro.
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regifreitas 27/01/2019

Ricardo de Carvalho Duarte, mais conhecido no mundo da literatura como Chacal, foi um dos nomes ligados ao que se convencionou nomear Geração Mimeógrafo ou Poesia Marginal, nos anos 1970, durante a Ditadura Militar. Esses escritores, não tendo muita aceitação por parte das editoras e livrarias, buscaram meios alternativos para a difusão de suas obras, produzindo-as a baixo custo, vendendo-as de mão em mão nas ruas, bares, teatros, praças e universidades. Dentre outros nomes de destaque dessa Geração encontram-se: Torquato Neto, Francisco Alvim, Ana Cristina César e Wally Salomão.

Aqui temos a reunião da obra completa (até então) de Chacal, uma poesia marcada pela simplicidade, pela linguagem coloquial, com forte presença da oralidade. Praticamente toda a produção de Chacal é permeada pela ironia e humor, pela crítica social e pelo rompimento com a poesia tradicional, tanto na forma como nas temáticas.

Quanto à qualidade, existem textos que vão de sacadas geniais àqueles marcados por um certo “desleixo” proposital, sendo que, destes últimos, nem todos me agradaram. Para quem não está habituado ou não gosta de poesia, pode ser uma boa pedida para ir se acostumando com o gênero.
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