Fernando Nery 06/08/2016
Um Livro que me deixou em Puro Êxtase
Olá, Galera!
Terminada a leitura de Etéreo, de Allison RdS, publicado pela Editora PenDragon, encontro-me em puro êxtase. A obra levou-me a pensar como a maioria dos leitores brasileiros é injusta ao descartar a possibilidade de ler os nacionais. O autor em questão não deixa nada a desejar quando comparado aos grandes escritores estrangeiros. Aliás, eu vejo que nosso escritor supera a muitos por meio de sua escrita fabulosa.
Sinto-me um grande privilegiado por ter lido um livro espetacular. Ao mesmo tempo, encontro-me triste por saber que muitas pessoas não terão essa sorte. O pior de tudo é saber que tal vantagem não ocorrerá, porque elas mesmas não se permitem conceder o devido apreço aos nossos autores.
Por se tratar de um livro que trabalha com a Mitologia Egípcia, posso afirmar que a deusa Ísis foi favorável a minha pessoa e induziu o Allison a firmar parceria comigo. Eu necessitava experimentar um enredo fascinante como esse. Até agora, encontro-me sem fôlego e estou estupefato com a habilidade do rapaz.
Allison reuniu elementos fictícios e reais para compor sua trama. A união perfeita estabeleceu uma obra com ares de cinema. Diga-se de passagem, que parece até um filme 3D. É como se os personagens pulassem das páginas para o nosso mundo e pudéssemos tocá-los.
Recentemente, aprendi com o próprio autor a diferença entre Alta e Baixa Fantasia. Acreditei que o adjetivo Alta configurasse uma qualidade maior à narrativa, mas lendo Etéreo que se qualifica como Baixa Fantasia, percebo que tal subgênero é infinitamente superior pelo fato de se aproximar da nossa realidade e parecer algo mais crível. Além de elaborar um enredo fascinante, apreciei demais a forma com que o autor contou os fatos. Muitos autores não trazem boas tramas, mas sabem contá-las de maneira atraente. Outros trazem enredos espetaculares, porém seu estilo narrativo pouco favorece o entrecho. Allison reúne uma história magnânima com um jeito surpreendente de contar as situações ali presentes
Dificilmente, alguém proferirá uma crítica negativa ao opúsculo, a não ser que esteja tomado de inveja ao talento do rapaz. Os capítulos da obra são divididos em diversos fragmentos que alternam personagens, cenários e fatos. Cada subdivisão é muito bem narrada nos levando a uma compreensão perfeita do que ocorre em cada cena; entretanto, embora o entendimento daquilo que ocorre traga a marca da perfeição, fica a pergunta sobre o porquê do acontecimento. Basicamente, a malha narrativa nos fala da perseguição que Darius, um general do exército persa e de Iaret, uma poderosa sacerdotisa egípcia, sofrem ao longo de diversos séculos. Ambos são caçados por Naviid e Layla, dois antigos inimigos desejosos de alcançar os conhecimentos e os poderes do deus escriba Toth.
Posso afirmar que as subdivisões dos capítulos servem como pistas para desvendar um grande enigma. Penso que o ponto alto da trama é juntar os sinais para entender o porquê de tais perseguições. As cenas são fortes em sua maioria, trazendo uma boa dose de violência. O autor não suavizou a selvageria, desvelando todas as atrocidades dos seres humanos. Evidente que, sendo um livro de literatura fantástica onde alguns personagens são deuses, semideuses, feiticeiras, sacerdotisas dotados de imortalidade, poderíamos descartar o humano; entretanto, vejo que tais seres mitológicos traçam o plano simbólico dos comportamentos mais vis da humanidade. Tudo aponta para demonstrar os erros de um mundo onde as pessoas se entregam às práticas de suas barbaridades. O ritmo das cenas foram tão alucinantes (eletrizantes) que mantive meus olhos arregalados e nem consegui piscá-los.
A narrativa de Allison não tem o caráter proverbial. Não existem aquelas frases feitas tipo lições de vida, no entanto sua trama tão bem entrelaçada eleva nossa capacidade mental para inúmeras reflexões. Muitas vezes, tive que parar e meditar sobre as mensagens contidas nas entrelinhas. Allison não é o escritor que fornece ideias mastigadas ao seu leitor, mas ele exige que cada um pare e pense sobre os diversos problemas encontrados nos comportamentos humanos.
As reflexões advindas das ações dos personagens penetram a alma do leitor de um jeito expressivamente marcante que se notabilizam exacerbadamente dentro da história. Tais reflexões parecem se tornar novos personagens no enredo. E por falar em novos personagens, afirmo que os cenários escritos detalhadamente configuram-se como heróis ou vilões dentro de cada situação. As descrições dos ambientes são ricas e desvelam diversos contextos: pobreza, riqueza, prostituição, drogas, família, etc.
Outro ponto alto do livro bem observável é a evidência de que o autor pesquisou bastante a mitologia egípcia para compor sua ficção. Quando ele fala de Ísis, Osíris, Toth, pirâmides e outros planos, notamos o seu grande conhecimento a respeito do assunto. Não irei dar o fato detalhado, mas adorei uma cena onde gatos fazem parte de uma batalha como estratégia de guerra. Creio que o leitor vai se deliciar com a genialidade proposta na circunstância. Não sei a "técnica gatuna" é um fato histórico ou se nasceu da mente brilhante do autor, porém a ideia marca uma criatividade incrível de quem a criou.
Existem inúmeros pontos positivos e elogiosos dentro da obra, todavia prefiro não falar mais deles. Acredito que um bom resenhista deve sempre deixar alguns mistérios para instigar o leitor. E falando em fatos obscuros, a obra carrega muitas coisas desse tipo. Quem se propor a ler Etéreo ficará fascinado com incomensurabilidade das ações descritas. Com certeza, fará uma leitura profícua. Antes mesmo de chegar ao final do livro, já classifiquei-o com CINCO ESTRELAS no Skoob.
O autor está de parabéns pelo seu talento literário e a Editora PenDragon merece louvores pelo trabalho primoroso ao confeccionar essa edição.
Que a poderosa Ísis, protetora da natureza e da magia, esteja com todos vocês
Abraços e até a próxima postagem.
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