Kennia Santos | @LendoDePijamas 16/10/2018"Lar é onde está o amor. Você é meu lar."Título: O Livro de Memórias (The Memory Book)
Autora: Lara Avery
Classificação: 4,25/5
Samantha McCoy vive numa casa simples com seus pais e seus três irmãos mais novos numa região montanhosa ao norte dos Estados Unidos. Ela sempre deu tudo de si e se dedicou ao máximo para ser a melhor aluna da sala, e além disso se tornou destaque no clube de debate da escola.
O ano está quase acabando e ela está prestes a se formar e ir para NYU em Nova York, para a qual já foi aprovada e pretende realizar se sonho de viver numa cidade grande e se tornar uma advogada incrível.
Mas tudo vai por água abaixo e seu futuro corre risco de não acontecer quando Sammie é diagnosticada com NP-C (Niemann Pick tipo C), uma doença genética rara e completamente incomum entre pessoas da sua idade. Seus órgãos e músculos vão perdendo a força, mas o que gera maior preocupação é a demência.
"O que as pessoas que estão completamente ferradas precisam fazer? Ficar olhando pela janela, sem esperança? Não sou boa com sentimentalismo. Vamos em frente." (p.36)
Afinal, as peculiaridades e limitações físicas nunca a impediram de se tornar uma excelente intelectual, mas não ter controle do próprio cérebro sempre foi o seu pior pesadelo, e está acontecendo. Depois de muito pensar em inúmeras saídas, ela encontra a solução perfeita: escrever em seu notebook todas as lembranças essenciais, para que no futuro ela permaneça fiel à todos os seus objetivos. Ela o chama de livro de memórias.
Sammie, que sempre foi introvertida e na dela, nem imagina as surpresas que estão por vir nos próximos capítulos de seu diário. Começando por Stuart Shah, um jovem escritor prodígio que estudava em seu colégio e por quem ela sempre teve uma queda secreta. Depois de passar um período em Nova York, ele está de volta à cidade e as coisas entre ele Samantha parecem tomar um rumo que a garota nunca imaginou.
Em contrapartida, existe também Cooper, o vizinho de Sammie, que já foi seu melhor amigo, mas que se afastou dela e passou a frequentar festas e andar com as pessoas com maior índice de popularidade. Depois de anos afastados, a amizade parece florescer justamente agora..
"É por isso que eu não tenho facilidade para fazer amigos. Jogar conversa fora e coisas do tipo me dão vontade de abrir um buraco no chão. Então, quando eu falo, minha intenção é que aquilo realmente signifique alguma coisa." (p.43)
E mesmo com tanta força e resistência por parte da garota, a doença começa a tomar proporções que Sammie não consegue controlar sozinha. Mas ela se recusa a desistir e luta diariamente contra ela. Afinal, como diria Oliver Goldsmith: "Nossa maior glória na vida não é nunca cairmos, mas nos levantarmos sempre que isso acontecer."
"Se sou a única da família a acreditar que posso me recuperar, então tenho que me afastar da negatividade dos outros." (p.37)
Em "O livro de memórias", Lara Avery nos apresenta uma personagem de extrema determinação, que através dos registros sinceros do seu diário e postagens especiais de amigos e familiares, faz os leitores se apaixonarem por cada relato.
Sammie é uma garota espetacular que nunca se permite aceitar seu diagnóstico como veredito. Mesmo com várias coisas contra, ela respira e reencontra forças pra continuar planejando e imaginando seu futuro onde colherá os frutos de seu esforço.
"Mas, quanto mais você ganha, quanto mais pessoas precisa derrotar ou deixar para trás, menor o seu mundo fica." (p.323)
A história é bem fluida e tem algumas coisas bobas, afinal é um YA, mas isso não tira o encanto e as diversas mensagens importantes que ela traz. Confesso que cheguei a pensar que seria um livro mediano, porque algumas coisas não pareciam se conectar, mas no final eu estava chorando feito um cachorrinho sem novo. Foi muito emocionante, e há tempos eu sentia falta de ler um drama decente.
O livro ensina sobre como nossa vida pode mudar em um piscar de olhos, não importa o quanto tentemos controlá-la. Através de Sammie e suas experiências, o leitor aprende que às vezes a felicidade não está em conquistar aquilo que buscamos, mas na nossa caminhada para chegar até lá.
"Às vezes a vida só é terrível. Às vezes a vida te dá uma doença estranha. Às vezes a vida é muito boa, mas nunca de um jeito simples. E, quando eu olhar para trás, vou saber que tentei." (p.75)