Karini.Couto 18/02/2017Crenshaw nos traz uma história que pode ser lida tanto por adultos quanto por crianças e acreditem, os pontos de vista sobre a história podem variar muito, falo com propriedade já que o mesmo foi lido por mim e pela minha filha. Adoro livros que posso compartilhar com ela, que tem oito anos, e depois conversarmos a respeito. Acho isso muito importante, pois estimula a imaginação, a interpretação, a interatividade comigo, além de muitos outros benefícios que a leitura nos traz.
Esta história em especial foi algo bem legal mesmo, pois recentemente eu voltei a trabalhar fora e tem sido muito difícil para minha caçula essa separação, já que estive presente para ela desde seu nascimento em tempo integral, então através da situação de Jackson pude explicar mais um pouquinho os motivos de eu ir trabalhar em plantões de 24h 3x na semana deixando-a aos cuidados do pai.. Claro que ainda tenho um longo caminho pela frente com minha mocinha, mas acredito que o livro somou bastante a situação que estamos vivendo em casa.
Bom.. Chega de falar da vida pessoal, e bora falar do livro não é?!
Crenshaw traz a história de Jackson que junto com sua família estão beirando a possibilidade de terem de sair do conforto de seu lar para morarem em um trailer por motivos financeiros novamente e o menino com sua imaginação fértil passa a ver um antigo amigo imaginário que geralmente o ajudava em momentos conflitantes; mas a questão é que Jackson não gosta nem um pouco de ter Crenshaw novamente, afinal ele já está crescido e pode muito bem entender tudo por si e não precisa mais de Crenshaw para lhe dizer o que fazer ou que caminho seguir. Jackson é vidrado em fatos e essa história de amigo imaginário depois de crescido é no mínimo esquisito. Mas Crenshaw mostra a Jackson que voltou simplesmente pelo menino precisar dele mais uma vez.
A primeira vez que Crenshaw apareceu para Jackson ele era bem pequenino e morava no trailer com sua família, como lhe faltavam amigos, lhe sobrava imaginação e de repente um novo amigo surgiu para lhe fazer companhia. Mas como disse acima, no mínimo é bem estranho já que essa fase já passou, não a crise financeira; que parece ser a mesma de antes ou até pior, mas a fase de acreditar no imaginário, no invisível aos olhos comuns.
Atentem que Crenshaw é um amigo imaginário - gato gigante - por assim dizer, não um menino imaginário, ou pessoa.. Um gato! Isso mesmo.. E por isso a história torna-se ainda mais interessante!
Os pais de Jackson não acham que ele possa lidar com a situação real e de certa maneira tentam "enfeitar" a situação para tornar as coisas mais "fáceis"; então a presença de Crenshaw é fundamental nessa situação, pois seu amigo imaginário lhe mostra que ele pode e deve lidar com a situação que está vivendo e que inclusive precisa ser mais claro com seus pais para assim melhorar a relação deles, através de fatos e verdades e não de verdades "enfeitadas".
A história é de fácil compreensão e traz um misto de reflexões e situações reais que podem ser misturados à realidade e interpretados e "adaptados" a diversas realidades e até ajudar em um momento em que precisamos que uma criança entenda mudanças. Como mencionei lá em cima, minha filha encontrou dificuldade imensa em aceitar minha ausência constante por motivos de trabalho e o livro fez com que abrisse uma brecha para falar sobre as mudanças na nossa "vida real".
Infelizmente a vida não é uma constante, estamos em constante mudança e passamos por momentos em que precisamos sair da zona de conforto, para crianças isso pode até ser traumático. Aqui em casa faremos terapia em família.. Quem sabe se minha Ana tivesse um Crenshaw seria mais fácil! rsrs
Apesar de ter amigas, ela ainda sim sente minha falta e se deprime. Quem dera poder manter a pureza inocente da minha criança, sem precisar explicar que mesmo sem querer, preciso trabalhar para lhe proporcionar mais conforto e ao seu irmão. O que ela me responde é: "Mãe não preciso de nada além de você" - Quem dera fosse tão simples não é?