Juliana (Ju/Jubs) 27/12/2021
Mais um livro que torna difícil de organizar meus pensamentos. Vamos por partes.
Eu cresci lendo e relendo uma adaptação de Dom Quixote da editora Scipione. Eu amava/amo aquele livro e quando eu era pequena queria saber como Dom Quixote enlouqueceu.
Depois de muitos anos eu nem me lembrava direito da história, resolvi encarar o original. Eis o que descobri:
Ao longo da minha vida de leitora, acabei me tornando uma Dom Quixote, assim como muitos leitores viciados em livros, esse foi o primeiro ponto que me encantou. Dom Quixote é um personagem muito relacionável.
Depois, fiquei muito surpresa com o quão engraçado é o livro, principalmente o prólogo. Cervantes tinha um humor incrível!
Então, fiquei intrigada com as motivações do Sancho Pança, já que ele age de forma diferente da adaptação. E fiquei muito feliz e espantada com as minhas reflexões, porque é uma discussão muito atual. Não vou falar mais para não interferir na imaginação de ninguém.
Em seguida, reparei que Dom Quixote é como uma boneca russa, cheio de camadas de histórias, tanto que Dom Quixote fica muitas vezes em segundo plano. Em muitas cenas eles fica ausente enquanto outros personagens interagem, ali está a aventura, no dia a dia dele, mas ele não percebe, ninguém percebe. Ele está muito ocupado preso na própria cabeça e procurando algo que está bem alí.
Outra coisa que achei bem legal é a discussão da literatura, vários personagens julgam os romances de cavalaria, e são os mesmos julgamentos que recebem a ficção jovem de hoje em dia. Os fiscais literários (pessoas que querem ditar o que o outro deve ler) estão aí desde que tudo era mato, parece; e os argumentos são os mesmos. Aos fiscais vou dar a seguinte resposta:
"[...] leia esses livros, e verá como lhe desterram a melancolia que tiver e lhe melhoram a condição, se acaso a tiver má." (p. 567)