A.Henrique 05/01/2022
"Os veranistas" foi um livro que escolhi meio às pressas pra trazer comigo na viagem no final do ano, olhei para o título e gostei, estava curioso já há um tempo para conhecer a escrita da Emma Straub.
O enredo gira em torno das férias de uma família estadunidense média, os Posts, que vão passar duas semanas na ilha espanhola de Maiorca. Jim e Franny estão completando 35 anos de casados e ela planejou essa viagem com seus dois filhos, Sylvia e Bobby, que vai com sua namorada, Carmen, além do velho amigo de Franny, Charles e seu marido, Lawrence.
Somos pouco a pouco apresentados às questões individuais de cada personagem/núcleo: Franny tem uma vontade de ter tudo sob controle e uma questão com a comida - tanto em relação a si e seu corpo, como quanto a fazer das refeições esses momentos de estar no comando de tudo; Jim está afastado do seu trabalho por um motivo que é revelado mais a frente na história, o que também tem causado uma crise no seu casamento; Bobby, o primeiro filho - aquele típico homem que o que tem de bonito tem de imaturo -, está em um relacionamento com uma mulher mais velha, que conheceu na academia que frequentava na época da faculdade, e que não é muito bem quista pela família; Sylvia, recém aprovada em Brown, não vê a hora de sair da casa dos pais e iniciar a faculdade - mas antes, precisa cruzar uma última fronteira; Lawrence está ansioso por um bebê enquanto Charles ainda tem algumas dúvidas. Além desse núcleo principal, outras personagens secundárias vão surgindo.
Não é um livro com grandes acontecimentos ou reviravoltas - dá pra dizer que a história é, em alguns momentos, até morna - tendo o foco na apresentação e desenvolvimento das personagens e suas relações. A escrita fluida da autora compensa e suas personagens são cativantes e verossímeis.
Mesmo tendo implicância com quem ama academia (tô rindo sozinho escrevendo isso), a Carmen foi uma das personagens que mais cresceu pra mim no decorrer da história, gostei da decisão que ela tomou mais adiante e torço muito por ela - sim, eu fico imaginando a "vida" das personagens fora das páginas. Além da Sylvia e seu ótimo humor de adolescente, a quem também estimo um ótimo futuro. O próprio relacionamento dos Posts vai melhorando com o tempo e a história termina até com um tom otimista.
É um bom livro pra passar o tempo, leitura leve, despretensiosa. Com certeza lerei mais coisas da autora.
"Por vezes era agradável sentar-se em silêncio ao lado de um estranho, ambos perdidos nos próprios pensamentos. Assim que a pressão por falar desaparecia, o silêncio podia durar horas, cobrindo os envolvidos com uma espécie de manto diáfano, como duas pessoas olhando pela janela de um trem em movimento." (p. 151)
"As famílias nada mais eram do que esperança lançada em uma ampla rede, todos querendo apenas o melhor." (p. 262)