Ananda 02/03/2021
Tenho um ego muito grande. Não é atoa que começo a escrever esta resenha (afinal, uma resenha não é um texto sobre um livro!?) com tal declaração sobre mim. Sim, sobre mim. Eu. Minha pessoa. No primeiro ano de faculdade, talvez por uma certa imaturidade em decorrência da juventude, eu acreditava na minha genialidade injustiçada. Será se ninguém percebia o quão eu era boa? Eu não conseguia entender como a minha potência poderia passar assim tão despercebida. Eu era só mais uma numa multidão de vozes. Além disso, me amargurava com a situação de desamparo a qual o mundo me deixava à não me reconhecer pelo devido valor. Mas como assim, como alguém poderia não se interessar por mim? Pior, como ousavam me abandonar da forma mais escrupulosa possível e me machucar quando eu me sentia a pessoa mais interessante do mundo inteirinho? É, a queda foi forte. E muitas, o que me obriga a recorrer ao plural: quedas. Inúmeras quedas sucessivas. A questão toda é que eu estava justamente errada e o mundo não me devia nada, nadica de nada. Um débito inexistente que eu mesma criei. Muito pelo contrário, eu era quem tinha uma baita de uma dívida com o mundo e com todas as pessoas ao meu redor. Ah, já ia me esquecendo: eu estava ferrada de dívidas comigo mesma. Meu ego me deixou sedada em uma narração que eu mesma me contava. Com o tempo, fui compreendendo a origem das minhas frustrações e quedas. Era (e ainda é) o meu Ego. Foi nessas andanças pela vida, nas minhas tentativas de autodescobrimento, que descobri o livro do Ryan, O Ego É o Inimigo e pude ampliar o meu entendimento acerca desta matéria invisível capaz de nebular a existência de qualquer pessoa que se pense grande ou boa demais pra ocupar este Universo. Então, depois deste pequeno relato pessoal, o que eu tenho a dizer sobre o livro é o seguinte: se você quer perceber as suas falhas e tem coragem de enfrentar as piores partes de si, este livro é pra você. Vai fundo, consiga uma cópia o quanto antes, senta na cadeira, deita na cama e leia. Caso contrário, continue na escuridão. Simples assim. Ou então, talvez você seja bom/boa d-e-m-a-i-s para isso e prefira ler o seu livro do Platão ou qualquer outro grande pensador clássico. Até porque, cá entre nós, estes livros sobre autoconhecimento/desenvolvimento nem são tão bons assim. (Uma pitada de ironia pra finalizar, a cereja do bolo, digamos assim).