Adriana 05/04/2012Olá queridos leitores!
Hoje e com grande alegria que venho resenhar uma das melhores distopias que já li!!!
O Pacto, da autora Gemma Malley, é uma obra publicada pela Rocco com o selo ‘Jovens Leitores’ em 2010 e que acabou não sendo muito divulgada ou mesmo conhecida aqui no Brasil.
Em um futuro não muito distante, depois de várias pesquisas e avanços tecnológicos, os cientistas descobriram uma droga capaz de ‘curar’ o envelhecimento. A ela foi dado o nome de Longevidade e fez com que ninguém mais morresse. Porém, após algum tempo vivendo a feliz perspectiva da imortalidade, as Autoridades perceberam um problema óbvio naquele plano: a superpopulação no planeta. Assim, ficou estabelecido que cada casal só poderia ter um filho e nada mais.
Entretanto, nem mesmo isso adiantou. A superpopulação ameaçava cada vez mais os recursos já exíguos do planeta e para contê-la as Autoridades criaram então o Pacto. Nele cada cidadão se compromete a não gerar filhos a menos que abra mão da Longevidade, trocando assim uma vida por outra vida.
Muito tempo depois do sistema implantado o ano é 2140, a população continua a mesma e não se vêem mais crianças ou jovens. As exceções são os casos raros de infratores que descumprem a lei e tem filhos. Se descobertos, o que quase sempre acontece, os pais são presos e a criança, considerada um Excedente, é levada a uma espécie de presídio onde aprende desde cedo O Seu Lugar através de castigos físicos e psicológicos.
Neste cenário conhecemos Anna, uma Excedente que desde cedo aprendeu a odiar seus pais por terem colocado-a no mundo, contrariando as regras da Mãe Natureza, e sempre soube que O Seu Lugar era como empregada de algum dos Legais, as pessoas que realmente tinham o direito de viverem neste planeta.
O livro é extremamente chocante, realista e brilhante na medida em que a autora soube mostrar direitinho como uma sociedade distópica pode tirar até a liberdade de pensamento das pessoas.
Anna não precisou de muito para acreditar piamente que não tinha o direito a vida e por isso deveria pagar eternamente por ela a um sistema injusto e desigual. O livro me fez refletir sobre como seria um mundo onde só pessoas de pensamento velho e arcaico governassem, onde a liberdade, energia e revolta dos jovens não vigorasse. Como seria triste e vazia a forma de viver…
Não é menosprezo pela imensa sabedoria dos mais velhos, de forma alguma. Mas neste mundo há tanta gente com o pensamento preso as coisas do passado, nunca abertos ao novo e ao diferente (um exemplo claro, a mulher que foi capaz de escrever este texto).
O Pacto conta a história de dois jovens, mas isso não quer dizer que seja menos atemporal ou recomendado para os mais velhos. Esta é uma obra que, assim como Jogos Vorazes, eu indico para qualquer um que queira travar uma reflexão mais profunda sobre sociedade, vida e morte.
Para quem gosta do estilo (e sei que muitos dos leitores adoram) O Pacto é um prato cheio, com toda certeza!
A edição está ótima, capa linda e pouquíssimos erros de revisão. Porém, como de praxe da Rocco, o ponto negativo fica na dificuldade em conseguir encontrar o livro e a facilidade com que o mesmo se estraga durante a leitura. Mesmo assim, estes aspectos não reduzem em nada o brilho de uma obra prima!
Resenha em http://mundodaleitura.net/?p=2949