Cafeína 15/01/2023
20+ contos depois...
Poe nunca sai de moda, de modo que ele já conseguiu estampar na cultura pop a sua própria caricatura. Quanto a obra dele, faz por merecer, principalmente pelo quanto ela ainda se mantém palatável hoje, coisa especialmente difícil para uma obra de horror.
Tentando ser sucinto para combinar com o autor, eu vou dividir as minhas observações sobre a coisa toda em tópicos.
Acho que o carro chefe do trabalho do camada é sem dúvidas a narrativa, muito graças a dedicação deste para aperfeiçoar o ritmo de contar a história, mantendo só o essencial, mas também graças a poesia que ele imprimi em toda a escrita. Resultado disso são histórias muito agradáveis de se consumir, algumas das quais você dá conta antes mesmo do café esfriar, mas que, para alcançarem isso, não deixam de abraçar um escrita extremamente expressiva e cheia em conteúdo
Outro ponto pelo qual o cara é famoso é a abordagem psicológica, e olhando em panorama para a obra dele, ele é um trabalho realmente abrangente, em questão de temas. Claro que nesse aspecto ele é muito limitado, pela tecnologia e conhecimento da época, mas, sobretudo, pela limitação da estrutura do conto, que impede um maior aprofundamento.
Agora uma contradição: em um livro de contos ou qualquer obra que reúne vários pequenos trabalhos, pelo menos para min, o que é de se esperar é uma grande variedade de coisas diferentes, é aí que a coisa complica. Ele possuí sim uma variação grande entre os contos, por exemplo os ótimos de investigação do dupim ou aqueles com uma pegada mais cômica até, como o enterro prematuro e o diabo no campanário; o grande problema é que, dentre histórias tão diferentes, tem muita coisa igual, as vezes histórias que parecem ser um a mesma, contada de forma diferente. Nesse quesito, talvez o que mais canse seja a repetição quanto a maneira como ele constrói a trama, principalmente as conclusões, e os cenários: as mesma tapeçarias góticas, casarões abandonados, rostos pálidos, olhares penetrantes, os cadáveres e por aí vai.
Concluindo, eu gostaria de esclarecer que eu gostei bastante dos contos, mesmo os menos bons não se tornam frustrantes, deixa o trabalho dele muito bom de se ler em paralelo a algo mais difícil; contudo, é um autor do qual você vai se cansar.
Ah! Por último eu quero acentuar aqui que o escaravelho dourado, ums dos contos mais famosos dele, deixa aflorar de forma bem divertida o lada mais aventureira do Alan, que teria sido muito bom se não tivesse sido acompanhado do seu lado racista.