Sagarana

Sagarana João Guimarães Rosa




Resenhas -


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Richard.Filipini 16/08/2022

Desafiador!
Minha primeira leitura de Guimarães Rosa, e sem dúvida a mistura do regionalismo com a linguagem erudita e os neologismos em certos trechos são desafiadores a um leitor com menor bagagem literária (meu caso). A descrição de paisagens, plantas, animais do sertão de Minas ao mesmo tempo enriquecem a leitura e exigem do leitor atenção e imaginação. Apesar de tudo isso, é nítido também a presença de temas universais como o amor, a vingança, a religião, a relação entre pessoas e não à toa o livro é considerado um grande clássico brasileiro. O fato de dividir-se em 9 contos facilita o leitor a tomar fôlego e refletir entre cada leitura. O livro é excelente, e apesar do desafio vale a leitura!
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Stella F.. 26/05/2021

Uma escrita primorosa
Foi uma delícia revisitar Guimarães Rosa! Após conhecer a escrita diferenciada do autor em Grande Sertão Veredas, o trajeto por Sagarana foi bem mais fácil.
Composto de 9 contos de diferentes tonalidades, o conjunto da obra é excepcional, sendo que alguns contos para mim se sobressaíram: O burrinho pedrês; Traços biográficos de Lalino Salãthiel ou A volta do marido pródigo; Sarapalha; Corpo fechado, e o meu preferido, A hora e a vez de Augusto Matraga.
Encontramos bois conversando e falando do comportamento dos humanos, temos um burrinho com bastante personalidade e uma vingança que deu “errado” (O Burrinho Pedrês), há vingança também em outro conto (Duelo), vemos contos onde a superstição é o principal mote (Corpo Fechado e São Marcos), um conto de redenção de uma pessoa má e que por meios um pouco duvidosos se redime (Augusto Matraga), e outro em que um amor se vai e ficam dois matutos esperando algo acontecer (Sarapalha), um conto sobre a descoberta do amor (Minha Gente) e um conto com uma veia cômica onde um malandro mineiro vai ao Rio de Janeiro tomar aulas de malandragem, um personagem com muita lábia (A volta do marido pródigo).
Todos muito interessantes, mas que por um motivo ou outro, na maioria dos casos, por descrições muito detalhadas de bois, chifres, e mesmo natureza como tipos de flores, árvores, trilhas, rios, e xadrez, muitas vezes, para mim particularmente, tornaram-se mais arrastados.
Peculiar nesse livro também são os muitos ditados que marquei sempre que os via: “Para bezerro mal desmamado, cauda de vaca é maminha”; “Quem não trabuca, não manduca”; “Não deixo rasto mal firmado! Tou de calça até dormindo! E muitos outros.
Outra observação que fiz foi a utilização da palavra redemunho logo no primeiro conto “O Burrinho Pedrês”. Essa palavra foi muito utilizada em Grande Sertão Veredas, livro posterior à Sagarana: “O diabo na rua, no meio do redemunho”.
Falar de Guimarães Rosa é bem difícil. Um autor que cria uma linguagem diferenciada, uma língua, um idioma só seu, formando palavras antes com significados independentes e que juntas formam uma terceira que na maioria das vezes diz tudo, sem precisar de dicionário, mas outras vezes pede-se um glossário para um melhor entendimento.
Em uma carta a João Condé, Guimarães fala muito dessa questão da utilização de palavras em sentido diverso do usual:
“Rezei, de verdade, para que pudesse esquecer-me, por completo, de que algum dia já tivessem existido septos, limitações, tabiques, preconceitos, a respeito de normas, modas, tendências, escolas literárias, doutrinas, conceitos, atualidades e tradições – no tempo e no espaço. Isso, porque: na panela do pobre, tudo é tempero”. (p. 21)
“De certo que eu amava a língua. Apenas, não a amo como a mãe severa, mas como a bela amante e companheira”. (p. 22)
“Porque o povo do interior – sem convenções, “poses” – dá melhores personagens de parábolas: lá se veem bem as reações humanas e a ação do destino: lá se vê bem um rio cair na cachoeira ou contornar a montanha, e as grandes árvores estalarem sob o raio, e cada talo do capim humano rebrotar com a chuva ou se estorricar com a seca”. (p.22)
Cada conto possui sua história e seu desenrolar, e seria exaustivo descrevê-los todos aqui. Caso se interessem, consultem o meu histórico de leitura, que por lá descrevi cada conto e minha impressão sobre a leitura.
Finalizo com uma descrição, entre tantas outras que gostei: “Do mais do povinho miúdo, por enquanto, apenas o eterno cortejo das saúvas, que vão sob as folhas secas, levando bandeiras de pedacinhos de folhas verdes, e já resolveram todos os problemas de trânsito. Ligeira, escoteira, zanza também, de vez em quando, uma dessas formigas pretas caçadoras amarimbondadas, que dão ferroadas de doer três gritos”. (p. 252)


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Maia 10/11/2020

Livro de contos muito bom, o autor tem uma forma muito característica de narrar suas histórias, o que faz delas únicas e encantadoras.
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