Reconstruções

Reconstruções Natanael Otávio




Resenhas - Reconstruções


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CultEcléticos 09/01/2017

Uma grata surpresa
Reconstruções é uma coletânea de contos e poesias do autor Natanael Otávio.

Natanael nasceu na cidade de Bastos, é escritor, poeta, colunista do CultEcléticos e é membro do projeto literário Sociedade dos Corvos.

Sinopse: ‘Reconstruções’ é uma coletânea de contos e poesias escritos ao longo de 15 anos que, apesar do distanciamento de tempo e diferença de gêneros, se aproximam pela temática ao apresentarem com sensibilidade os percalços dos relacionamentos humanos e a autodescoberta que eles envolvem.


Este é um livro bastante interessante porque podemos ver o autor se expressar através da poesia e da prosa. A primeira parte é dedicada aos contos e a segunda parte aos poemas.

No dicionário Michaelis de Língua Portuguesa, a primeira acepção da palavra ‘Reconstrução’ é: Ato ou efeito de reconstruir. A palavra reconstruir, por sua vez, apresenta as seguintes acepções: 1- Construir novamente; reedificar. 2- Formar de novo; reorganizar. 3- Dar formato anterior a algo, recompor.

O título do livro é bastante pertinente, uma vez que ao longo das histórias muitos personagens precisam se reconstruir pelo caminho, algumas vezes são reconstruções positivas, em outras negativas.

Os contos nos permitem sentir empatia pelas personagens, são narradas situações de cotidiano, pessoas reais, verdadeiras, com falhas e qualidades, sem maniqueísmos ou clichês. As histórias prendem a atenção do leitor, o clímax da maioria delas surpreende.

Destacarei os contos que mais gostei: De volta a “Neverland”, Reconstrução, Memórias da Fazenda Vargas, A Odisseia de Henrique, Presente de Natal e Crônicas de Liquidificador. Já os poemas, destaco: Zoomorfização, Quem dera, José…, REM, Alice contra o sol, O castigo de Atlas e Memórias de um leitor.

De volta a “Neverland”: como o título sugere com a palavra Neverland (Terra do Nunca, em inglês). O conto faz alusão à história de Peter Pan. Voltar a Neverland, não no sentido literal, voltar a ser criança de novo.

Reconstrução: assim como evidencia o título, neste conto a reconstrução das personagens se dá de modo mais explícito. É preciso reinventar o passado, mudar certos valores para poder seguir adiante.

Memórias da Fazenda Vargas: talvez esse seja o melhor conto do livro. Narra a história de Adelmo, filho de um trabalhador rural, e do tempo em que viveu na Fazenda Vargas. Os relatos são feitos por um Adelmo adulto, mas a história é contada através da pureza e inocência dos olhos de criança, olhos estes que ele aprendeu que revelam as verdades da alma. Adelmo precisou se reconstruir diversas vezes para seguir em frente.

A Odisseia de Henrique: este é um conto que emociona pelo cuidado e amor que o menino Henrique tem pela mãe. E também pela subversão de papéis entre Henrique e seu pai.

Presente de Natal: este é outro conto que gera grande empatia do leitor, pois trata de algo que é inerente a todos: o crescer. Através de um pequeno gesto, o narrador percebe que já não é mais criança e que está iniciando um processo de amadurecimento. Talvez o leitor, ao ler o conto, reflita sobre o seu momento de transição também.

Crônicas de Liquidificador: um conto bem interessante, ele conta uma história, mas a maneira como ela é descrita da a ideia de fragmentação, como um liquidificador que tritura os alimentos até fragmentá-los.



Zoomorfização: o título é bastante adequado, uma vez que o poema é uma metaliguagem da zoomorfização.

Quem dera, José…: neste poema o autor se inspira nos poemas ‘José’ e ‘No meio do caminho’, ambos de Carlos Drummond de Andrade. É interessante como a partir da interpretação destes dois poemas de Drummond o autor dá vida a um terceiro poema.

REM: poema que faz alusão ao sono REM, fase do sono cuja atividade cerebral é mais rápida e na qual ocorrem os sonhos.

Alice contra o sol: é um contraponto a história de Lewis Carroll. A Alice do poema não vive num mundo de maravilhas, vive numa dura realidade.

O castigo de Atlas: compara o amor que não é recíproco ao fardo que o titã da mitologia grega Atlas tem que carregar sobre os ombros. Amar e não ser amado é castigo maior e mais cruel que carregar todo o peso do mundo.

Memórias de um leitor: é uma homenagem do autor aos leitores. As palavras uma vez escritas, já não são mais de que as escreveu, pertencem ao leitor que irá absorvê-las.

Reconstruções é um livro excelente e é interessante porque apresenta dois gêneros literários. É possível notar a versatilidade do autor pela qualidade dos textos tanto de prosa quanto de poesia.

(Camila Kaihatsu)
Resenha publicada no site CultEcléticos.

site: http://www.cultecleticos.com.br/resenha-literaria-reconstrucoes/
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Francine 19/09/2016

Natanael Otávio se revelou talentoso ao transitar entre esses dois gêneros: prosa e poesia.
Foi com alegria que conheci o talento de Natanael Otávio ao ler seu conto Alanis D. e o Esmerilhão, publicado na Amazon. Sua narrativa me encantou profundamente e, desde então, estava certa de que devia acompanhar a trajetória desse autor.

Reconstruções é sua primeira publicação impressa, uma coletânea que se divide em duas partes: Prosa e Poesia. A leitura flui agilmente, mantendo o envolvimento do leitor sem qualquer esforço. Isso porque Natanael consegue nos embalar no ritmo de suas palavras, com um equilíbrio que rende agradáveis sentimentos e reflexões.

O primeiro conto, intitulado De volta a "Neverland", nos faz sentir no interior de uma família simples. É um dia chuvoso, daqueles em que não convém sair de casa. O pai é agricultor e, para evitar o ócio, se ocupa com a marcenaria. A mãe também está envolvida com a costura. O único filho do casal se sente entediado, deixado de lado. Ele quer ajudar, mas sua presença é descartada. A criança só vai atrapalhar. Natanael conseguiu transformar uma rotina comum, daquelas que provavelmente todos já viveram ou presenciaram, em algo profundamente sensível. Isso porque... Ah, não posso dizer (rs). Vocês terão que ler para conferir, mas a bela metáfora presente neste conto é um convite para ler a obra completa. Foi um ótimo início!

O segundo conto foi meu preferido. Ecoou em meus pensamentos por muito tempo. Achei-o um dos melhores que já li, talvez porque o autor conseguiu explorar uma situação estranha de um modo além de qualquer superficialidade. Nada é mais rico do que o coração humano; nada é mais confuso do que ele também. Intitulado Reconstrução, esse conto nos permite compreender todo o sentido da obra. Nele conhecemos Rita, uma senhora viúva que mora no sertão. O que lhe falta na vida simples lhe transborda na alma. Durante uma tempestade, ela acolhe Antônio, um desconhecido que carecia de um abrigo. O que acontece entre o casal é além do que poderia imaginar. É intenso, do tipo que nos faz pensar quão complexos podemos ser e quão intrincada é a mente para lidar com o que parece maior do que nós mesmos.

A primeira parte, Prosa, apresenta 13 contos. Um deles, intitulado O tesouro de John Símile, está disponível também separadamente na Amazon. É uma ótima oportunidade para conhecer o talento do autor. John Símile era um jovem e promissor tenente da marinha inglesa que, após sonhar repetidas vezes com um tesouro enterrado em uma ilha, decide deixar seu cargo e se unir a piratas para tentar encontrá-lo. Mas o tesouro será real? Vale a pena abandonar uma vida segura pela incerteza de viver um sonho? Essa é a pergunta que vale um milhão de dólares, certamente. Acredito que todos, em algum momento, já sentiram o desejo de jogar tudo para cima e tentar viver um sonho. Vale a pena ler o conto e ver se John Símile encontrou seu sonhado tesouro.

A segunda parte apresenta 14 poesias. A variação de estilos enriquece a experiência da leitura. Uma das minhas favoritas foi Alice contra o Sol, pois a achei de uma incrível sensibilidade e crueza. O autor conseguiu dar voz poética a um cenário triste.

Alice contra o Sol,
No País do Medo,
No mundo do caos.
Dona das noites de quem pode pagar por ela,
Alice jurou nunca mais ver o Sol.
Sofrendo pela inocência perdida
– lhe tiraram ainda criança –
Vendendo prazer e dor...
Alice não acredita no amor.
[primeiro verso da poesia Alice contra o Sol]

Quis abraçar a muitas Alices, que vivem no País do Medo, depois de ler essa poesia. As poesias do autor me encantaram. A capa, sendo abstrata, combinou com a proposta. A edição está maravilhosa, muito cuidadosa. O autor deu atenção a cada mínimo detalhe. Parabenizo-o por sua primeira publicação impressa e espero, sinceramente, que logo venham muitas outras!

Em Reconstruções, Natanael Otávio se revelou talentoso ao transitar entre esses dois gêneros: prosa e poesia. Sendo uma obra curta, com apenas 105 páginas, é um presente recomendável a quem aprecia ler ou até mesmo a quem não desenvolveu, ainda, o hábito da leitura. É uma ótima obra.

Resenha publicada no blog My Queen Side:

site: http://www.myqueenside.com.br/2016/09/resenha-151-reconstrucoes.html
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