Coruja 19/07/2012Um pouco mais lento...Em comparação com os dois primeiros livros da série, achei esse terceiro um pouco mais lento – a mesma lentidão da qual Temeraire tanto reclama na infantaria prussiana. A impressão que tenho é que ele é meio como um necessário “encher lingüiça” para chegar a um ponto – que seria, imagino, o quarto livro.
Por boa parte da história, nós somos mantidos no escuro e, quando uma nova ação ou cenário surge, as perguntas anteriores não são respondidas; pelo contrário, elas só fazem crescer. Afinal, porque o Almirantado ordenou à equipe de Temeraire que fossem atrás dos ovos em Istambul, quando o posto de Malta estava muito mais próximo e eles sequer sabiam quando (ou se) Temeraire e Laurence voltariam da China? O que realmente aconteceu com os diplomatas ingleses na Turquia? Lien estava envolvida? E o sultão sabia? Por que os vinte dragões prometidos pela Inglaterra não chegaram no front da Prússia?
Para mim, Black Powder War serve para introduzir novos personagens e solidificar o papel de Lien, a dragão albino que fora companheira do príncipe Yongxing, como a grande “vilã” – no sentido maquiavélico da coisa e não apenas maniqueísta, ok?
Três cenas são, por assim dizer, ponto-chave nessa construção: o encontro de Lien e Temeraire no palácio do sultão; ela ao lado de Napoleão (senti até arrepios nesta aqui) e quando se lança desesperada e irracionalmente atrás de Temeraire quando ele consegue furar o bloqueio francês já no final do livro.
Quando vocês lerem o livro, vão entender porque escolhi essas três cenas.
Dou destaque também para a entrada de Iskierka na história – que surge como alívio cômico e parece ter um temperamento afim com seu elemento; sendo uma kazilik, espécie dragônica capaz de soltar fogo, ela é beligerante desde o primeiro momento em que deixa seu ovo.
Enfim... pelo número de questões em aberto que o livro deixou, eu espero que o quarto venha com muitas respostas e grandes momentos. O fato de o livro ser mais lento que seus predecessores não alterou a qualidade da história e mais uma vez eu fiquei de queixo caído não apenas com a reconstituição histórica que a Novik faz, como também com a extensão de seu conhecimento de estratégia e inteligência militar e o uso que ela faz disso dentro de um mundo fantástico em que temos dragões servindo como uma força aérea.