Não Com um Estrondo, Mas Com um Gemido

Não Com um Estrondo, Mas Com um Gemido Theodore Dalrymple




Resenhas - Não com um estrondo, mas com um gemido


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Paulo 21/06/2022

Crítica mordaz da sociedade moderna
O livro traz 19 ensaios publicados entre 2005 e 2008, divididos em 2 partes: “artistas e ideólogos” e “política e cultura”. Como de costume, a tônica do pensamento do autor é a importância da responsabilidade individual e a crítica ao Estado de bem-estar social, o qual estimula a atribuição de todas as misérias aos outros, em um processo contínuo de auto-vitimização.
No ensaio de abertura – “O dom da linguagem” – Dalrymple compartilha suas experiências como médico psiquiátrico da periferia londrina, quando constatou a dificuldade dos pacientes em se expressarem oralmente, principalmente para comunicar ideias abstratas ou concretas. Segundo o autor, todos deveriam conhecer, durante a infância, algumas professoras à moda antiga de Português. Saber se comunicar de forma adequada é um pilar básico da condição humana. A língua ensinada deve ser a formal e tradicional, a norma culta, apta a permitir a comunicação efetiva entre as pessoas a partir da realidade. É mais uma obra profética, inscrita em 2006, quando ainda não se pensava absurdos como escrever “todes”,como atualmente.
Há diversos ensaios em que o autor analisa outros autores e suas obras: “O que torna grande o doutor Johnson” (Dr. Johnson), “Verdade versus teoria” (William Shakespeare), “Um bebedor do infinito” (Arthur Koestler), “Ibsen e seus descontentamentos” (Henrik Ibsen), “O casamento da razão e do pesadelo” (J.B. Ballard), “Os caminhos da servidão” (Hayek) e “Uma obra-prima profética e violenta” (Anthony Burgess).
A crítica feroz ao sistema de justiça criminal da Inglaterra é o tema dos ensaios “É ruim assim”, “Crime verdadeiro, justiça falsa”, “No manicômio” e “História de uma assassina”. Dalrymple revela as fraudes realizadas no registro dos crimes pela polícia, para passar uma impressão de diminuição da criminalidade, critica a aplicação de penas muito baixas a crimes graves e denuncia a leniência do sistema criminal inglês como um todo, que protege mais os criminosos do que suas vítimas.
Outro tema recorrente de sua obra, o multiculturalismo e os muçulmanos na Grã-Bretanha, é abordado nos ensaios “Os terroristas entre nós”, “Homens-Bomba” e “O multiculturalismo começa a perder o brilho”. O autor critica o relativismo cultural e afirma que todas as culturas não são iguais: “no mundo multicultural de hoje é mais vantajoso pertencer a uma minoria do que ser membro rebaixado da classe dominante. Nas condições atuais, ninguém falha como minoria; os outros é que falham com você”.
É Theodore Dalrymple em sua melhor forma, observador mordaz da realidade, exímio crítico literário, capaz de tratar de temas universais a partir de sua experiência clínica. Recomendo veementemente.
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Marcella.Pimenta 26/05/2022

A queda do homem é sorrateira
Uma das características mais marcantes do Dalrymple é te aproximar dos casos mais distantes da sua realidade. Um político britânico, uma jovem assassina, um imigrante que decide virar homem-bomba... a análise do psiquiatra sobre qualquer personagem nos aponta para algo do nosso cotidiano.

No decorrer de cada texto escrito por volta de 2005, fica evidente que a decadência moral do ser humano e da sociedade ocorre aos poucos, muitas vezes sob o manto das boas intenções e da justiça.

Não se dá com uma mudança drástica, que nos pareça absurda, mas quase despercebida, menosprezada.

A escrita refinada e ácida do autor enriquece a leitura, o vocabulário e escancara os absurdos do progressimo que invadiu diversas áreas.
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Pedro do Contra 19/01/2022

Dalrymple deveria ser nosso café da manhã diário
Finalizado a leitura de ?Não com um estrondo, mas com um gemido?, de Thedore Dalrymple. Disse recentemente a uma amiga que ler Dalrymple deveria ser parte de alguma terapia existencial ainda na juventude ? principalmente no Brasil. A escrita do britânico consegue unir duas coisas louváveis: a exatidão empírica ? típica de sua formação médica ?; e o lirismo crítico ? típico de sua formação humana. O sonho de qualquer ensaísta conservador, posso garantir a vocês.

O livro, como já é de costume, trata-se de um conjunto de ensaios que versa sobre a derrocada da civilização ocidental, a partir das injeções fecais do pensamento progressista-multiculturalista na Europa e América. A sutileza com que o autor escreve, por vezes, faz com que a acidez de sua crítica seja aceita pelo seu interlocutor, sem que esse perceba o real teor e profundidade da prosa que bebe. Cada linha traz consigo um mar de erudição.

Os ensaios, geralmente, começam com a apreciação de uma obra literária ou uma biografia, até chegar no objeto próprio de sua crítica política, social, cultural, histórica ou filosófica. Dalrymple escreve de tal forma que, se faz necessário entender antes o contexto do Homem, para só depois entender as burradas cometidas pelos indivíduos. A chave de leitura, se me permitem tal dica, é ler os ensaios de forma relaxada e não tão preocupado em grifar frases e tornar a apreciação da obra uma análise academicista; esta obra merece antes ser absorvida e deliciada, do que dissecada. Obviamente que, se a intenção primária for o exame acadêmico, taca-lhe pau; mas para os demais meros mortais do cotidiano, fica a minha dica.

A editora É Realizações novamente fez um trabalho excelente, materiais e profissionais de ótima paleta. Diagramação, revisão e tradução, pelo que pude notar, tudo ok.

Leiam, em nome da sanidade e da sensatez social.
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Phelip 23/05/2021

O título por si só já vale a obra
Escrita sobre a Inglaterra, mas se aplica a qualquer país, sobretudo o Brasil

Theodore Dalrymple possui uma escrita que consegue fazer grandes reflexões com exemplos do cotidiano de sua prática clínica. Como diria a crítica inglesa o ?decadentologista? (especialista em decadência), mais uma vez consegue de forma genial explorar as causas da decadência cultural. Pessimista, ácido mas também divertido é uma leitura interessante.

A despeito das recorrentes críticas, o ocidente fez grandiosas realizações que só foram possíveis pois havia uma inspiração nobre.

Não é possível realizar algo relevante para a sociedade e humanidade se efemérides ou até mesmo vícios são tomados como necessidades básicas como o próprio autor apresenta.

Excelente obra crítica ao niilismo e ao imediatismo que na atual sociedade se encontra que mesclado com uma sensibilidade a crítica de forma doentia, a degradação dos valores intrínsecos e o relativismo cultural criaram a derrocada do ocidente.
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Fábio Lobão 06/05/2021

?Um insulto é tomado não como aborrecimento humano inevitável, e sim como uma ferida que pesa mais do que o resto da própria existência?.

Existe um fio condutor que liga as obras de Theodore Dalrymple: o declínio moral e cultural da civilização ocidental. Com base em seu trabalho como psiquiatra forense, o aclamado crítico cultural observou, in loco, a degradação daquele que um dia havia sido um dos mais importantes e prósperos Estados nacionais: a Inglaterra.

O trecho acima retirado do livro sintetiza bem a crítica tecida pelo autor. O Ocidente vive em uma espiral de hipersensibilidade e de sinalização de virtudes tamanhas que esqueceu quais são, de fato, problemas reais, o que é certo e errado e qual é a sua verdadeira identidade.

E por qual razão perdemos nossa identidade e iniciamos a corrida em direção ao abismo? Dalrymple nos responde o questionamento em uma série de ensaios organizados em duas partes: na primeira, são apresentadas teses criadas por intelectuais as quais constituem a base ideológica da questio abordada no livro (coletivismo, vitimização, progressismo, multiculturalismo dentre outros); na segunda, com base em experiências profissionais, explica como políticos, julgadores, terroristas, educadores, criminosos e ?especialistas? se valem perniciosamente de tais teses para impor uma visão de ?mundo melhor?.

Mundo melhor para quem? O último ensaio focado na vida de uma jovem homossexual presa por assassinar a ex-namorada, igualmente jovem, traz a resposta. Convido-te a ler o livro para descobri-la. A dica está no próprio título da obra, emprestado de um trecho de um poema de T. S. Elliot: é assim que o mundo acaba; sem estrondo, num gemido.
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Fidel 21/12/2018

A POLÍTICA E A CULTURA DO DECLÍNIO
NÃO COM UM ESTRONDO MAS COM UM GEMIDO , um título emblemático para uma obra que traz em si a marca característica de Theodore Dalrymple: Uma visão crítico-clínica da sociedade britânica com os seus problemas sociais tais como criminalidades, delinqüência juvenil, desestruturação moral e a inércia do Estado frente a um problema que longe de mitigar, ou até eliminar, alimenta-o. Composto por vários dos seus ensaios, o livro expressa a preocupação de Dalrymple com o declínio da cultura e da política na Grã-Bretanha e a conseqüente transformação da sociedade num purgatório para as pessoas de bem.

Dalrymple sustenta que a violência e a criminalidades juvenis, apoiadas sobre as instituições governamentais, que transformam algozes em vítimas, que responsabilizam e condenam a sociedade de hoje e de ontem a reparações, são sintomas de uma nação que perdeu o senso moral e se desorientada em meios à atitudes politicamente corretas. Tateia aqui e ali como um cego no escuro. Os políticos, incapazes de compreender e agir sobre esses fenômenos sociais, por despreparo e por falta de vontade, são os responsáveis pelo caos que se instalou na sociedade britânica, com a anuência do povo é claro.

Justiça impotente, governantes vacilantes e sem pulso diante duma ordem que aniquila as leis, oprime e pune as pessoas de bens, são o retrato do país de Dalrymple. Adicione uma boa doze de corrupção na política, um alto índice de analfabetismo com origem num sistema educacional falido e ineficiente, subversão da ordem estabelecida por ideologias comunistas, sistema tributário arcaico e uma política coronelista e estaremos falando do Brasil, a terra abençoada por Deus e do povo submisso por natureza.

O leitor perceberá que ao expor as entranhas da sociedade britânica, Theodore Dalrymple esta de certa forma fazendo um raio X do Brasil, com uma diferença: ganhamos dos britânicos, em muito, em matéria de corrupção e decadência no sistema educacional. O diagnóstico da Grã-Bretanha mostra que o Brasil está doente. Entretanto, o povo, se conscientizado por si próprio, poderá mudar na direção de uma nação justa, honesta, trabalhadora e próspera em todos os aspectos.

Estamos agora tendo a oportunidade de fazer diferente do que fizemos durante várias décadas. Temos em nossas mãos a oportunidade de dar uma basta a este jogo sujo que governantes inescrupulosos no poder estão fazendo. Precisamos tirar o queijo dos ratos.

Frases para reflexão:

O dom da linguagem

“O latitudinarismo é o aliado e ideológico natural do relativismo moral e cultural.”

“Um homem inteligente que é incapaz de fazer o uso improdutivo da sua inteligência, provavelmente a utilizará de modo destrutivo e autodestrutivo.”

O que torna grande o doutor Johnson?

“Entender o caráter imperfeito da vida é necessário para que alcancemos tanto a felicidade quanto a virtude.”

“Numa estranha inversão dos víveres nacionais, Samuel Johnson é um brandy se comparado a cerveja rala de Voltaire.”

O que os neo-ateus não percebem

“A razão jamais pode ser o absoluto da economia mental ou moral do homem. “

Como não agir

“O antirracismo é o novo racismo.”

Uma obra-prima profética e violenta (Laranja Mecânica)

“Um mundo em que a cultura dos jovens predomina e que a precocidade é a mais alta de todas as conquistas, é o mundo que perdeu toda a sua ternura.”

site: www.leiologopenso.com.br
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Marisa.Feital 28/11/2018

Não com um estrondo, mas com um gemido
Theodore Dalrymple não é um autor simples ou raso. Ao longo das páginas, vai dissecando as contradições e o declínio da nossa sociedade com precisão. Seu trabalho como médico psiquiatra dentro das prisões, além de sua cultura fenomenal, o capacitam como um observador privilegiado do que expõe.
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