Kelly 07/01/2021
O autor da fantasia
Eu simplesmente amo os livros que formam a história ?O senhor dos anéis?. Não os conhecia antes de lançarem os filmes, ganhei o volume único da minha mãe e devorei o livro em uma semana. Gosto tanto da história que minha aliança de casamento tem uma inscrição no idioma élfico. Não costumo buscar saber sobre os autores de obras que li, mas Tolkien me despertou uma curiosidade sobre a vida dele, eu queria saber como alguém foi capaz de criar um mundo em sua cabeça. Pesquisei um pouco sobre as biografias que contavam a vida de J. R. R. Tolkien, e encontrei essa biografia escrita por Humphrey Carpenter. Humphrey foi um biógrafo premiado, inglês e que viveu boa parte da vida em Oxford. Mesma universidade onde Tolkien se formou e trabalhou como professor por anos. Esta biografia é considerada por muitos, a melhor biografia sobre o autor de O Senhor dos Anéis.
Na minha cabeça Tolkien era como um Hobbit, pequeno, com seus coletes coloridos e um cachimbo. Bem, após ler sua biografia tenho certeza. Em determinado momento Humphrey cita um trecho escrito por Tolkien sobre essa comparação, ele mesmo se via nos Hobbits. Não gostava de longas viagens, apreciava a companhia dos amigos, possuía um humor peculiar e amava cerveja. Gostava tanto da bebida que Edith, sua esposa, costumava dizer que a casa tinha cheiro de cervejaria devido um barril de cerveja que costumava ficar pingando. Humphrey ainda escreve que J. R.R. Tolkien reprovava biografia como recurso de apreciação literária e que sua verdadeira biografia está dentro de suas obras.
O livro foi divido em partes de acordo com cada etapa da vida de Tolkien, e inicia com uma visita de Humphrey à casa de Tolkien. Na sua infância teve pouco contato com uma família, mas demonstrava traços de que seria um artista. Gostava de fazer desenhos, principalmente referente às paisagens que conhecia. Sentia se muito bem em meio a natureza e era avesso ao desenvolvimento que destruía essas belas paisagens. Desde pequeno demonstrava interesse pelas línguas, principalmente pelo finlandês , inglês e galês. E através do seu interesse pela formação das palavras começou criar línguas. Essa paixão se tornou sua profissão e como professor cativou diversos alunos durante a docência.
Tolkien casou e teve quatro filhos. Apenas um de deus filhos se enveredou pelo mundo das letras como seu pai, Christopher Tolkien, que participou da criação da sua obra mais famosa, além de participar de Silmarillion.
Tolkien era apaixonado por lendas de origem anglo-saxônica, e se inspirava nessas lendas para escrever seus poemas. Durante seu período escolar e acadêmico participou de grupos de homens apreciadores desse tipo de literatura. Durante as reuniões dos grupos eram discutidos temas e até mesmo eram recitados textos escritos pelos participantes.
Em um desses grupos Tolkien fez amizade com C. S. Lewis, o autor de As crónicas de Narnia. Para homens que viveram a guerra e que perderam amigos durante os confrontos, a amizade masculina era um ponto muito importante na vida deles.
Dentro do Inklings diversos temas eram discutidos, em uma dessas discussões Lewis voltou a ser cristão, causando ciúmes ao Tolkien que era católico. As obras O Hobbit e O senhor dos Anéis foram discutidas dentro do grupo, mas as alterações sugeridas nem sempre foram acatadas, a mente de Ronald Tolkien era única e muitas vezes incompreendida.
O Hobbit surgiu inspirado nas lendas estudadas por Tolkien, surgiu como um livro infantil, escrito de um pai para seus filhos. Ronald lia muito para seus filhos, e as vezes criava histórias para eles, inclusive no natal escrevia cartinhas como se o Papai Noel escrevesse para as crianças contando como foi seu ano, cartas ricas de fantasia como suas obras. Quando o Hobbit foi publicado o sucesso não era esperado. A editora cobrou a continuação, mas Ronald demorou 12 anos para entregar O Senhor dos Anéis.
A história tomou vida própria, deixou de ser um livro infantil, e se tornou a continuação de Silmarillion, que ainda não havia sido publicado. Tolkien exigia nada menos que a perfeição, e alterou as histórias diversas vezes, criou famílias, criaturas, línguas, mundos. Levou a vida escrevendo Silmarillion.
Não esperava o sucesso que sua obra trouxe, e esse sucesso não alterou em nada esse professor que gostava da vida simples que levava.
Morreu e deixou várias obras inacabadas, por conta de seu perfeccionismo. Essas obras foram publicadas posteriormente por seu filho Christopher.
Não consegui ler ainda Silmarillion. Iniciei mas abandobei. Me senti fascinada pelo livro. Agora após saber que essa obra levou uma vida inteira para ser escrita com certeza lerei com mais paixão por esse mundo de fantasia.