Codinome 02/05/2020
Um pouco sobre "Carrie"
Esse é o primeiro romance escrito por Stephen King, publicado pela primeira vez em 1974, portanto o ano em que o autor começa a produzir o seu extenso trabalho. Escolhi justamente esse, para não correr o risco de pegar algum outro livro que pudesse me deixar perdido nesse universo do autor e, também, com a proposta de ler toda sua obra, no que eu chamei de "Projeto Stephen King". Vamos a "Carrie"!
A história é a respeito, como o nome já revela, da adolescente Carrie e de suas difíceis relações na escola, marcadas pelo bullying exagerado (quase que absurdo), e a relação também muito complicada, violenta e louca com a mãe (muito mais por parte da mãe). Esse foi o primeiro ponto. O segundo ponto é o de que Carrie tem uma espécie de poder paranormal, que no livro é chamado de "telecinese", em que consegue mover objetos e qualquer coisa ao seu alcance mental, sem precisar ter contato algum. A partir desse segundo ponto, percebemos que se trata de uma história fantástica, apesar da estrutura narrativa querer nos aproximar de algo mais palpável. Vamos a essa estrutura!
O livro é um romance epistolar, que até então, eu achava que esses tipos de romances poderiam ser apenas feitos a partir de cartas ficcionais; descobri que um romance que mescle documentos, diários e, inclusive, cartas, já pode ser considerado epistolar. E "Carrie" tem esses documentos, trechos de entrevistas, biografias... que, na minha opinião, têm o objetivo de deixar o leitor mais próximo de uma suposta veracidade dos fatos, e também aumentar a carga de suspense, sendo que nesse livro de King o caminho é muito mais para a carga de horror. Bom, mas além disso, o livro é composto amplamente pela tradicional narrativa em terceira pessoa, eu diria uns 70% ou 60% do livro; o que o torna bem híbrido: na minha opinião novamente, não me parece um livro totalmente epistolar, como, por exemplo, o "Frankenstein" (1823), de Mary Shelley (o livro de Mary Shelley continua sendo um modelo para mim de um excelente suspense/horror).
E é nessa "tradicional narrativa em terceira pessoa" que o livro me deixou muito a desejar, em que às vezes beira o juvenil (acredito que não é porque o livro é de uma jovem, que o jeito de escrever também tenha que ser juvenil) e muitas outras vezes tenha um sangue desmedido na narração. Apesar de eu até ter achado o arco narrativo interessante na parte 1, o símbolo do sangue no início e no fim, dessa primeira parte, por diferentes fontes me chamou a atenção, mas ainda nada de genial.
Na parte 2, somos massacrados por diversas cenas do horror de Stephen King através da personagem Carrie que se torna praticamente demoníaca. É um livro bem cinematográfico, mas no pior sentido: pois eu acho que King exagerou muito e vira um conjunto de personagens muito à flor da pele, e para mim ficou difícil comprar as ideias através de um narrador juvenil que não ajuda. Curioso que a única parte que gostei bastante desse livro foi um diálogo entre o diretor da escola e o pai de uma das alunas que é a vilã de Carrie (foi na parte 1); fiquei buscando por outras partes assim durante minha leitura em seguida, mas não encontrei, uma pena! Continuarei buscando nos outros livros de King.