História da sua vida e outros contos

História da sua vida e outros contos Ted Chiang




Resenhas - História da sua Vida e Outros Contos


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Everson Rodrigues 23/08/2017

Ficção científica singular e para os curiosos por conhecimento
Um livro de contos diferente. Chiang consegue manobrar a linguística e os conceitos científicos de uma maneira ímpar, usando uma escrita muito específica, mas ao mesmo tempo poética e singular. Não é para todo tipo de leitor, pois alguns textos requerem uma familiaridade com certos conceitos e áreas da ciências para que o efeito de "fisgo" do conto consiga ter sucesso. É simplesmente muito bonito e inteligente como ele consegue, por exemplo, transpor os conceitos científicos de princípios variacionais para uma discussão filosófica e tão interna da personagem no conto "História da sua vida". O livro não é uma obra-prima, mas Ted Chiang é com certeza uma pérola a ser vista no meio de tantos autores contemporâneos da ficção científica.

(Adorei o conto "Gostando do que vê: um documentário". Incrível o poder de especular sobre uma possível realidade e mostrar como a sociedade se moldaria sobre isso. Me deixou pensando várias horas sobre questões que parecem simples e inatas da história humana, mas que se houvesse uma mínima mudança, todo o sistema, organização e discussões nas socidades reagiriam.)
Jefferson Cavalcante 23/08/2017minha estante
Me empresta ?




Marcus 06/08/2017

Não à ditadura da beleza
A questão da linguagem é destaque em ao menos três dos oito contos do livro, um dos quais (História da sua vida) serviu de base para o argumento do filme A Chegada. Ted Chiang tem uma abordagem inovadora da ficção científica, explorando temas que vão de fábulas religiosas à ciência mais elementar e suas implicações.
Meu conto preferido no livro é "Gostando do que você vê: um documentário", original na apresentação e uma forte crítica à "ditadura da beleza", uma poderosa provocação às indústrias de cosméticos e cirurgia plástica.
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Núbia Esther 26/07/2017

Não sou muito de ler contos. Sempre dei preferência aos romances na hora de escolher minhas leituras e foi por isso que o lançamento do livro de contos do Ted Chiang passou despercebido. É bem provável, que se não tivessem feito o filme A Chegada (baseado em um dos contos da coletânea) e eu não tivesse ficado com vontade de vê-lo, nunca teria dado uma chance para a coletânea. Ainda não vi o filme, mas a obra de Ted Chiang com certeza me fez prestar mais atenção às coletâneas de contos. Agora até mesmo posso dizer que concordo com o que Neil Gaiman escreveu na introdução de sua própria coletânea de contos Alerta de Risco – contos são como “as mais puras e mais perfeitas criações possíveis: nos melhores, nenhuma palavra era desperdiçada. Um autor fazia um gesto com a mão e subitamente surgia um mundo, pessoas, ideias. Um início, um meio e um fim que nos levavam aos confins do universo e nos traziam de volta” (Alerta de Risco, página 12). E é isso que Ted Chiang faz muito bem (em alguns muito melhor) nos oito contos que compõem esta coletânea. Contos que no total ganharam nove importantes prêmios, dentre eles o Nebula, o Hugo e o Locus, e nos quais, ele trabalha muito bem a ciência, mesmo que muitas vezes ela adquira um tom bastante fantasioso. Leitura mais do que recomendada para os fãs de ficção-científica. É realmente uma pena que Chiang seja conhecido por escrever com pouca frequência. Agora, para apresentar História da sua vida e outros contos com mais detalhes, acho melhor falar mais especificamente sobre cada um dos contos.

A torre da Babilônia, o primeiro conto da coletânea, também foi o primeiro conto publicado por ele, em 1990. O conto é inspirado no mito da Torre de Babel. Na versão de Chiang, a torre já atingiu a abóbada do céu e agora mineradores terão de escavá-la de modo a permitir que a torre continue a crescer. É mais fantasioso que científico, mas há muitos elementos de ciência ali. E mesmo os disparates, são congruentes com o mundo construído pelo autor e antigas teorias (como a geocêntrica) hoje refutadas. Eu nunca imaginaria que o mito da Torre de Babel poderia render um conto de sci-fi, mas Chiang conseguiu unir os dois temas muito bem. E com uma conclusão realmente sagaz. De quebra, ele também carregou seu conto com um grande teor filosófico e até mesmo ético. Até onde podemos ir pelo conhecimento? Estamos preparados para encarar o desconhecido?

Entenda é o conto mais antigo desta coletânea, ainda que tenha sido publicado em 1991. E é daqueles contos que parece um thriller sci-fi (se é que posso chamá-lo assim). A história começa despretensiosa, mas atinge um ritmo frenético e quase que sinestésico. Está ente os meus favoritos da coletânea. Nele, Leon Greco, um paciente que quase morreu afogado e foi resgatado praticamente em estágio vegetativo, foi submetido a um tratamento experimental que não só o curou como também aumentou sua inteligência consideravelmente. A cura acabou se transformando em um experimento que chamou a atenção de agências governamentais e Leon passa a fugir para manter suas habilidades cognitivas apenas para si. Foi impossível mão traçar paralelos com o filme Lucy de Luc Besson.

Divisão por zero, publicado em 1991, vem na contramão. Não é sci-fi e ainda que haja beleza no conceito matemático que inspirou o conto. A história dos personagens não empolga.

Logo depois, vem aquele que me fez querer ler o livro. História da sua vida, publicado originalmente em 1998. É fácil entender a escolha do conto para adaptar para o cinema. É sci-fi, mas com um drama humano bastante aflorado, o que arremata facilmente a empatia do público. Ainda que “Entenda” seja ótimo e tenha um ritmo frenético facilmente aplicado às telas, lhe falta essa pitada de humanidade que foi bem utilizada aqui. O conto traz a narrativa de quando naves surgiram na órbita terrestre e artefatos apareceram nos campos. À dra. Louise Banks, uma linguista, foi solicitado que ela estabelecesse contato com os alienígenas para decifrar sua forma de comunicação e quem sabe aprender coisas úteis, sempre aquela pitada de interesse em busca de algo de valor.

“O universo físico era uma língua com uma gramática perfeitamente ambígua. Todo fenômeno físico era uma expressão que podia ser analisada de duas maneiras completamente diferentes, uma causal e a outra teleológica, ambas válida, nenhuma delas desqualificada, não importava a quantidade de contexto disponível. ” (Página 178)

A forma como a trama e a nossa experiência de leitura vão se moldando conforme aprendemos mais sobre a linguagem dos heptápodes (como os visitantes foram chamados) é embasbacante. O mais interessante foi que nessa história, teve espaço para a mulher cientista apaixonada por códigos e linguagens e a mulher mãe e todo seu amor por sua filha e, apesar da aparente dicotomia, a trama segue una em todos os seus elementos. O final é surpreendente. Fiquei curiosa para descobrir como ele foi trabalhado no filme.

Comecei a leitura de Setenta e duas letras, publicado em 2000, com um pé atrás. Vida a partir do barro? Conferida pelo nome? Teoria do pré-formismo (homúnculos)? Fixidez das espécies? Geração espontânea? Eram tantas “teorias científicas” disparatadas que foi difícil acreditar que dali sairia um conto de ficção científica coeso. E não é que saiu! Chiang incorporou todas essas “teorias” com conhecimento científico embasado, para criar uma sociedade única, na qual os nomes têm importância primordial e o futuro da humanidade passa pelas escolhas éticas dos responsáveis pelo desenvolvimento da ciência neste mundo.

O sexto conto, A evolução da ciência, foi publicado em 2000 em um número especial da Nature (a revista de ciências na qual 10 em cada 10 cientistas gostaria de ter um trabalho seu publicado). O conto é curto, mas traz à tona discussões pertinentes sobre o desenvolvimento da ciência e o acesso universal ao conhecimento científico produzido.

Em O Inferno é a ausência de Deus, Chiang traz os anjos como figuras centrais, esses seres fazem aparições frequentes, associadas à eventos catastróficos semelhantes à desastres naturais, e a separação entre a vida terrena, o Céu e o Inferno é bem tênue. Nesse cenário, um homem acabou de perder sua esposa durante uma aparição e ela ascendeu ao Céu, agora, determinado a reencontrá-la, ele precisa encontrar a sua fé e diminuir suas chances de ir parar no Inferno.

E, finalmente no último conto, Gostando do que vê: um documentário, a aparência física entra em discussão. Aqui temos novamente um texto puramente científico, no qual a tecnologia e as manipulações dos sentidos (percepção neuronal) podem ser utilizadas para combater situações sociais excludentes. Aqui, a ditadura da beleza. Até que ponto é válido utilizar dessas artimanhas para forçar uma realidade de cooperação? Essa sociedade benéfica é realmente real? Tem bases fortes para continuar? Viver em uma sociedade que valorize quem você é e não como você se parece não seria melhor? A sociedade não seria mais igualitária se o fator beleza fosse descartado? Chiang nos mostra os dois lados com imparcialidade, ainda que no posfácio ele deixe claro qual seria sua escolha.

Exposto tudo isso, a única coisa que me resta dizer é: se permita conhecer a obra de Chiang (na amostra abaixo, o primeiro conto está completo, leia!). É ficção científica de qualidade, com tramas curtas, mas poderosas.

[Blablabla Aleatório]

site: https://blablablaaleatorio.com/2017/06/04/historia-da-sua-vida-e-outros-contos-ted-chiang/
Otto 19/08/2017minha estante
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ReinaldoFerraz 25/06/2017

Ótimos contos que requerem atenção na leitura
Os contos são sensacionais, mas a leitura requer atenção. Reli alguns deles para poder entender melhor sua história. Os contos são muito bem escritos e lembram as histórias de Philip K. Dick, com uma ficção científica em pequenos detalhes em um mundo aparentemente normal. Um livro para nós fazer pensar sobre fé, escolhas e evolução. Gostei muito desse livro.
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Rittes 01/06/2017

A volta da ciência
Podem falar o que for, mas Ted Chiang pode ser apontado no futuro como o autor que trouxe a ciência de volta ao desgastado gênero da ficção científica. É justamente ela, a ciência, a maior estrela dos contos deste volume. Irregular e verborrágico, é verdade, mas não se pode dizer que é um livro ruim, muito pelo contrário. E a história da sua vida é o melhor conto do volume, na minha opinião e faz entender melhor o sucesso do filme A Chegada. Vale a pena conhecer.
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hanny.saraiva 20/05/2017

25% bom, 75% passo.
Peguei pra ler este livro de contos por causa do filme A chegada. O filme é melhor que o conto. Todavia, alguns contos são bacanas. Meu preferido é o "Inferno é ausência de Deus" pelo tom de humor negro. Destaque para "Gostando do que vê: um documentário" que me parece um episódio de Black Mirror. O conto que inspirou A chegada, "História da sua vida" é bom, mas o filme é mais marcante e impressionante a meu ver. O restante da coletânea tive dificuldade em gostar.
Joyce 29/11/2017minha estante
Exatamente o que eu pensei também kkk




Fimbrethil Call 20/05/2017

òtimo!
Adorei esse livro, é realmente ótimo, só não dei 5 estrelas porque eu não gostei de um dos contos, não porque é ruim,é tão bem escrito quanto os outros, eu só achei chato, mas todos os outros contos são ótimos!
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Isadora 06/05/2017

Você precisa conhecer esses contos
Que livro incrível!

Apenas o conto "Divisão por zero" não me agradou por ter muitos fatos matemáticos que talvez façam sentido para quem entende, mas que para mim foram irrelevantes.

De resto, os contos são incríveis, tendo idéias realmente muito interessantes, que dariam excelentes livros.

"História de sua vida" é espetacular. Assim como "Gostando do que vê", "Setenta e duas letras" e "Babilônia".
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Ricardo 28/04/2017

Muito bom!
Alguns livros conseguem cativar, não apenas por uma boa história, mas também pela forma como a história é contada. O livro de contos de Ted Chiang é daqueles achados ímpares. Alçado ao estrelato por conta do filme “A Chegada”, de Denis Villeneuve, que tem como base um dos contos do autor, o livro é daqueles que exigem algum empenho do leitor.

São 8 contos nesta coletânea que desfilam por linguística, matemática, física, neurociência, humanismo, enfim, quase nenhuma área do conhecimento é esquecida pelo autor que sabe usá-las de forma magnifica. Claro, apesar de todas essas áreas do conhecimento exploradas, a ficção cientifica se sobressai. Mesmo aqueles que flertam com fantasia, tem em si um olhar cientifico.

O conto de abertura, A Torre da Babilônia, conta a história dos mineradores que foram contratados para erigir a Torre de Babel. Apesar do fundo religioso, tudo é narrado com um rigor cientifico e cheio de lirismo. O final do conto é realmente surpreendente.

Já na sequência, temos o conto Entenda. Apesar de ser a história mais difícil de entender, é o conto mais comum do autor. Nele, o autor debate a questão da superinteligência em seres humanos e uso que possivelmente faríamos dela. Como é narrado em primeira pessoa – e por um ser superinteligente, é mais complexo que a maioria.

Depois, passamos por dois contos que apesar de distintos, discorrem sobre como as pessoas encaram a vida em situações inevitáveis. São histórias mais humanistas. O primeiro dos dois, Divisão por zero, conta sobre uma pesquisadora que descobre uma equação que comprovaria que toda a matemática está errada. Paralelo a isso, vemos como a vida dela vai perdendo o sentido. Há uma beleza na forma que a matemática é tratada servindo de homenagem do autor a esta área do conhecimento. O outro conto é História da Sua Vida. Baseado na Hipótese de Sapir-Whorf – de que a linguagem pode determinar como pensamos e vemos o mundo, o chamado “relativismo linguístico” – o conto narra como alienígenas surgem na Terra e uma linguista é convocada para decifrar sua linguagem e descobrir suas reais intenções. Escrito numa narrativa cíclica, o conto é mais sobre o que seria livre arbítrio do que ficção cientifica (e diga de passagem, o filme consegue abordar a ficção científica melhor que o conto). É um dos mais emocionantes contos da coletânea.

Setenta e duas letras, um conto que flerta com fantasia, é sobre como pessoas podem animar golens para que estes executem tarefas. É uma metáfora sobre máquinas suplantando homens. Tudo isso acontece numa Inglaterra vitoriana cheia de conspirações religiosas.

Outro conto a discorrer sobre superinteligência, A Evolução da Ciência Humana, é um periódico cientifico narrado num futuro distópico, onde a superinteligência saiu do controle.

Num dos contos mais surpreendentes, O Inferno é a Ausência de Deus, estamos num mundo onde não se discute se Deus existe ou não. Conceitos como inferno, céu, anjos, milagres são todos fatos. Num enredo que explora o debate cientifico sobre o poder da fé na salvação pessoal, faz uma abordagem cheia de indagações filosóficas. Qual o poder da fé? Deus é um ser justo? Se ele é justo, como pode ser um Deus de amor? Porque nem todos são agraciados com milagres? Tendo como base a história bíblica de Jó, acompanhamos três personagens que tentam entender esses conceitos e vemos como a caminhada de cada um deles, poder ser um reflexo de todos que já se questionaram sobre isso.

Gostando do Que Vê: um documentário, é o conto que mais debate pode gerar. O conto é sobre um procedimento cirúrgico que consegue extirpar das pessoas a capacidade de enxergar beleza em rostos, ou fazer com que pessoas que não conseguem ver beleza, possam ver.. Aqui, a beleza é quase uma droga viciante. O embate começa quando uma universidade quer tona a Cali – como se chama o procedimento – obrigatória, já que ela permite que todos tratem as pessoas iguais, independentes da beleza. Entrevistas são concedidas por estudantes sobre o que pesam sobre a Cali, e vemos como publicidade, noticiários, mídias e “personalidades” influenciam nossas decisões. Um destaque para uma jovem que desde cedo conviveu com esta “deficiência” e agora fez o procedimento para “enxergar” beleza e como isso afetou sua conduta. Em uma época em que vivemos conectados e somos bombardeados por propagandas e pessoas nos dizendo o que usar o fazer, o conto levanta questões muito pertinentes sobre nossas ações e o quanto somos manipuláveis.

Ted Chiang é um autor que pouco escreveu, ainda assim já foi agraciado com os maiores prêmios do mundo da fantasia e ficção – Nébula e Hugo. Talvez por seus contos serem muito reflexivos e cheio de temas complexos, isso explique sua baixa produção. Mas, tendo em vista a qualidade dos mesmos, compensa e muito.


site: http://ricardobernardo.blogspot.com.br/
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Ricardo.Vibranovski 23/04/2017

Genial.
Contos incríveis, com um olhar cientifico que parecia perdido depois de Asimov e Arthur C. Clark. No entanto, pouco (ou nada) se fala sobre espaçonaves e robôs, como era a literatura desses mestre da ficção científica clássica. Ted Chiang escreve sobre conceitos e possibilidades de forma totalmente original e insólita. Incomparável.
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Isaias Teodoro 21/04/2017

Merece mais reconhecimento
Achei o livro maravilhoso, como o Ted Chiang não é mais reconhecido? O cara é genial, todos os contos dele possuem muita base cientifica, religiosa e histórica, o cara deve pesquisar muito pra escrever. Todos os contos são sensacionais, os que mais gostei foram "A Torre da Babilônia" e "Gostando do que vê: um documentário", esse último trás uma trama sensacional acerca dos efeitos da beleza em nossa sociedade. Super recomendo o livro, única ressalva que tenho é que o autor costuma terminar alguns contos de maneira abrupta, foi o que me impediu de dar 5 estrelas. Espero que possa lanças mais obras desse cara por aqui, ele é muito bom.
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regifreitas 16/04/2017

Iniciei a leitura de ‘A história de sua vida e outras histórias’ (Stories of your life and others, 2002), de Ted Chiang, principalmente para conhecer o conto que dá nome à coletânea, e que serviu de base para a adaptação do filme ‘A Chegada’ (Arrival, 2016), do diretor Denis Villeneuve. Mas, acabei decidindo ler toda a obra.

O conto em questão é muito bom, embora eu ache que a adaptação cinematográfica tenha encontrado soluções melhores no desenvolvimento da história. No filme, existem mais camadas dramáticas, que não são exploradas no texto-base, e que acabam dando uma profundidade maior aos personagens e à própria história. Mas vale muito a pena conhecer as duas versões.

Os demais contos da coletânea também são igualmente primorosos e exploram desde temas comuns até temas pouco usuais na literatura de ficção científica: mitos babilônicos, os limites do cérebro humano, discussões teológicas sobre salvação ou condenação pós-morte, a criação de vida artificial, a vaidade humana e a manipulação dos meios de comunicação. O grande mérito de Ted Chiang está na complexidade com que ele constrói os temas que explora - na maioria delas o autor é tão convincente no que está narrando, que cheguei a cogitar ser possível tudo aquilo. E, mesmo a ficção científica sendo o ponto de partida de todos os contos, é o ser humano, e como ele se relaciona com essas situações, o foco da obra.

A nota quatro é mais por conta da minha dificuldade e ignorância em entender alguns dos conceitos apresentados por Chiang do que pela obra em si! Quero muito conhecer outros textos desse autor!
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Lit.em Pauta 07/04/2017

Literatura em Pauta: seu primeiro portal para críticas e notícias literárias!

"História da sua vida e outros contos é um livro paradoxal: se, de um lado, suas histórias trazem uma terminologia rebuscada frequente o suficiente para fazê-lo aderir ao gênero “hard science fiction”, por outro, o foco delas nunca é a tecnologia em si, mas o ser humano. Dessa forma, embora seja prejudicado por um ou outro conto problemático, o livro escrito por Ted Chiang fascina pela complexidade e variedade de suas ideias."

Participe da discussão, lendo a crítica completa em:

site: http://literaturaempauta.com.br/Livro-detail/a-historia-de-sua-vida-e-outros-contos/
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 16/03/2017

O livro ou o filme?
"História da Sua Vida" é um conto curto, com cerca de 33 páginas. Nele, Louise Banks é uma renomada lingüista que é convocada pelo Governo Americano para tentar comunicar-se com uma das centenas de naves alienígenas que estão pousadas pela Terra. As naves estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo e, em cada país, há uma unidade militar tentando desvendar as reais intenções dos alienígenas. Louise será a parceira de Gary, um fisico experimental que irá tentar decifrar os alienígenas através de cálculos matemáticos. Estes alienígenas foram chamados de heptapódes, por possuírem sete tentáculos e serem semelhantes a um polvo.

O conto se alterna entre os relatos de Louise sobre a forma de comunicação dos heptapódes e suas descobertas e trechos dela contando sua vida com sua filha adolescente. Nestes trechos com sua filha, o leitor sabe que Louise não está mais em um relacionamento com Gary e, agora, namora um homem chamado Nelson.


A sinopse do filme é exatamente a mesma estória do conto, e é possível ver que o diretor Dennis Villeneuve preocupou-se em manter uma extrema fidedignidade aos conceitos científicos e linguísticos do conto. A forma como Louise vai, aos poucos, descobrindo a forma como os heptapódes se comunicam é agradável e mesmo nós, leigos no assunto, conseguimos compreender como a forma de comunicação tem tudo a ver como a forma de enxergar o seu próprio lugar no mundo. Tanto o conto quanto o filme provocam uma reflexão profunda e muitíssimo interessante.

Um ponto a favor para o filme é a capacidade visual de demonstrar como é a língua dos heptapódes. No conto, por mais que imaginemos, é complicado entender exatamente o que Ted Chiang criou.

Existem algumas modificações do conto em relação ao filme, o que é esperado. Por exemplo: no conto, os heptapódes possuem olhos em toda a estrutura que seria a cabeça, e eles podem olhar em todas as direções o tempo todo; no filme, os alienígenas não possuem estes olhos. Outra diferença é o nome dos heptapódes - no conto, eles se chamam Flapper e Raspberry e, no filme, Abbot e Costello. No filme, Gary foi rebatizado de Ian. Nada extremamente relevante foi alterado, então.

A única diferença realmente notável que senti foi a carga de drama em Louise Banks. No conto, Louise é uma personagem bem humorada, sarcástica e mais leve do que a Louise interpretada por Amy Adams. No filme, as cenas envolvendo a filha de Louise são mais trágicas e mais tristes do que as cenas do conto, e a própria personagem de Louise é mais fechada e mais melancólica. Particularmente, gostei desta mudança de tom que o diretor fez no filme, pois aumentou - e muito - minha conexão com Louise. Além disso, Amy Adams fez uma interpretação impecável.

E, claro, não posso deixar de comentar sobre o enorme empoderamento feminino que estas duas obras inspiram. Acredito que este filme não seria lançado há alguns anos atrás, afinal, temos uma mulher cientista como personagem principal, e vejo isso como uma evolução do movimento feminista. Gary/Ian é uma personagem coadjuvante, na minha opinião, completamente irrelevante para a estória, pois sua única função é ser o pai da filha de Louise e ele mal contribui para a pesquisa com os heptapódes. Mas, no passado, tivemos muitas personagens femininas assim, que eram apenas "ornamentos" no enredo, e fiquei extremamente feliz em conhecer Louise Banks.

Recomendo muito o filme e o livro. Ambos entraram na minha lista de favoritos e devem ser homenageados.

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com.br/2017/03/o-conto-que-originou-o-filme-chegada.html
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Tiago sem H - @brigadaparalela 29/01/2017

O que acontece quando você mistura contos e ciência? Ou você pode ter um livro de contos extremamente complicado e chato, ou um livro de contos totalmente instigante. História da Sua Vida e Outros Contos consegue ficar no limiar entre esses dois pontos.

Bem, esse não é o primeiro trabalho do autor americano Ted Chiang que desde 1990 escreve diversos contos cuja temática principal é a ficção científica com mesclas de tons filosóficos com existenciais e essa coletânea foi publicada originalmente em 2002.

Como todo livro de contos, existem aqueles extremamente bons e aqueles medianos (no caso dessa obra em especial, não há contos que se possa chamar de ruins). Não que a escrita do autor seja mediana, pelo contrário, ele escreve os temas com maestria, mas o grande X da questão é o fato de muitas vezes, eu não consegui me inserir naquela realidade que o autor criou e isso comprometeu a leitura. O livro é composto por oito contos e posso dizer que gostei de metade deles.

O papel do cientista (seja ele biólogo, matemático, físico, químico, etc.) me instiga muito, talvez por estar inserido na primeira categoria das citadas anteriormente, e quando um autor consegue escrever ficção científica com um cenário passível de ocorrer na "vida real", já consegue inúmeros pontos comigo, mesmo que essas histórias exijam do leitor uma atenção maior por conta da ambientação em si.

Os contos em si, possuem uma profundidade em todos os aspectos, e diferente de muitos contos com a receita de bolo: começo, meio e fim; aqui temos uma ruptura em certos contos. Há aqueles em que o leitor parece ser jogado no meio dele e temos que construir o ambiente a partir das descrições e situações narradas, para entendermos onde o autor está querendo nos levar, e por se tratar de serem histórias, isso tem que ser feito de forma rápida em certos casos. Isso é super válido, você lê um livro de ficção científica que te faz pensar no que o autor está te passando e vai além! Te faz pensar em um cenário que o autor não quis te mostrar, ou mostrou de forma indireta. Você acaba pensando duas vezes.

Falar sobre livros de contos, geralmente é um trabalho difícil. São várias histórias, algumas se ligam de certa forma (como O Vilarejo do Raphael Montes), ou não, e nessa obra há uma ligação sublinhar talvez, já que todas abordam de forma lírica ou não o conhecimento, ou a busca pelo conhecimento, inclusive, em um dos contos uma personagem fica mentalmente instável por ter obtido um determinado tipo de conhecimento. Sabiamente posicionado, o conto que mais gostei foi o primeiro A Torre da Babilônia que me instigou e muito a continuar e a descobrir os outros sete contos.

Baseado na mitologia bíblica da Torre de Babel, o autor nos narra a história de um minerador que precisa subir ao topo da torre para escavar a abóbada celeste. Se você se prende à narrativa, você chega a sentir vertigem com que o autor narra (ainda mais eu que tenho medo de alturas, a perna chega a tremer).

Mas o conto que pode se considerado o mais famoso, é aquele que dá nome à coletânea: História da Sua Vida e essa exposição maior está vinculada à adaptação cinematografia que esse conto recebeu em 2016 pelas mãos do diretor Denis Villeneuve. A Chegada tem Amy Adams (Encantada, Batman vs. Superman) como protagonista e narra a história de uma linguista e sua interação com espécies alienígenas que chegam no planeta para manter contato. O filme recebeu oito indicações ao Oscar 2017, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Fotografia e Melhor Roteiro Adaptado.

Por fim, é um livro que vale a pena ser recomendado por se tratar de um livro de ficção científica escrito de forma clássica, porém, contemporâneo. Alguns desses contos são muitos críveis e isso é o que um bom livro pode oferecer, contudo, a experiência de leitura irá variar de pessoa para pessoa. Dizer que esse livro é para intelectuais? Não acredito nisso. O autor expõe suas ideias de uma forma muito limpa e faz com que o leitor entenda os conceitos por ele abordado. O que quero dizer dizer é que vai depender se você gosta de contos, de ficção científica, etc., mas os contos são curtos em sua maioria e uma releitura deles pode abrir mais a mente, caso algo tenha ficado truncado.

site: http://brigadaparalela.blogspot.com.br/2017/01/bora-ler-historia-da-sua-vida-e-outros.html
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