Vivielly 18/02/2024
Clarice e Fernando são só amigos
Coletânea de cartas que os autores trocam durante os anos de 1946 a 1969, ou seja, 23 anos trocando cartas.
O Fernando gosta da Clarice, a admiração que ele tem por ela beiraria a paixão de certo. É só ver a necessidade que ele tem de suas cartas, como se ele estivesse no fundo do poço e a mínima mensagem entregue por Clarice fosse o elixir necessário para lhe dar ânimo.
Nesse meio tempo, eles vivem uma vida inteira, são viagens, a Clarice principalmente, ela passa pela França, Suíça, demais países europeus, fica em Washington nos Estados Unidos, volta ao Brasil. - E em cada país que ela passa, em suas cartas ela sua a língua local. - O Fernando também, mas ele parece ser mais nômade que ela. A frequência das cartas varia, mas parece que é sempre o Fernando que está em falta com a Clarice. Ela escreve com mais regularidade que ele.
Além disso, o livro mudou minha própria maneira de ver minha forma de trocar mensagens, pelo whatsapp, mesmo que não seja um lugar para se mandar cartas, pelo contrário foi um app desenvolvido para mensagens curtas. As pessoas não sabem da feedback. Termina geralmente no que eu falo sobre mim mesmo, falta o interesse no outro. Ou quem sabe seja apenas um reflexo de como eu gostaria de ser respondida. Ou talvez eu que seja muita curiosa. Com a Clarice o Fernando não existe isso, o Fernando em quase todas as cartas clama pra Clarice enchê-lo com as coisas que ela faz, o que ela lê, como são os lugares que ela visita, tudo e mais um pouco.
Cheguei a conclusão de que a comunicação acontece quando duas pessoas compartilham suas experiências e comentam sobre elas. E o que me incomoda na troca por whatsapp ou virtual e às vezes até na troca real é o comentário sobre seu primeiro comentário. As pessoas não sabem dar feedback. Termina geralmente no que eu falo sobre mim mesmo, falta o interesse no outro. Ou quem sabe seja apenas um reflexo de como eu gostaria de ser respondida. Ou talvez eu que seja muita curiosa. Com a Clarice o Fernando não existe isso, o Fernando em quase todas as cartas clama pra Clarice enchê-lo com as coisas que ela faz, o que ela lê, como são os lugares que ela visita, tudo e mais um pouco.
A Clarice é tão humilde. Ela não possui dimensão de sua própria grandiosidade, sabe? Ela não é apenas uma escritora, ela é filósofa também e expressa isso no fluxo de pensamento de seus textos. Sobre o Fernando eu não tenho muito dizer, nunca li nada do Fernando Sabino, mas fiquei curiosa após esse livro certamente.