Resenhas - Cartas Perto do Coração

zai_ys 27/11/2023

Corações selvagens
Esse livro nos mostra um outro lado da amizade de fernando e clarice que jamais imaginei conhecer, a cumplicidade e afeto deles é algo que me encantou muito ao longo da leitura. é muito interessante como ao longo do livro as cartas vão adquirindo um tom mais maduro e você se sente como um amigo íntimo de ambos. a melancolia de clarice e os momentos de angústia de fernando me fizeram ver eles com outros olhos, um olhar amigo e até mesmo ao ponto de se identificar. sinto que em outra época, teríamos sido todos amigos e eu gostaria de compartilhar cartas tão genuínas.

Stella F.. 23/02/2021

Belo!
É maravilhoso! Que doação de amizade dos dois escritores, empenhados em que cada um cresça nesse ofício que é a escrita. Vemos a evolução de dois escritores em início de carreira. Sem inveja, competição e boicote. E os diálogos nas cartas são pura poesia e de uma inteligência sem igual. Caminhos diferentes mas importantes para nós brasileiros, com muita perseverança e fé na arte.
Tudo começa quando Fernando Sabino recebe o livro Cartas Perto do Coração, da autora Clarice Lispector, que ele nunca tinha ouvido falar.
E fica tão intrigado e emocionado com o livro, que começam a trocar correspondência para falar da vida, das obras, dos problemas da existência, da família, enfim, tornam-se amigos, presenciais ou por carta, ao longo de muitos anos, com alguns intervalos, mas sempre presente um na vida do outro.
Clarice morou em Berna e depois em Washington, já que seu marido Maury era diplomata. Muitas vezes, por problemas de viabilidade, Fernando se disponibilizava a resolver junto a editores e editoras, publicações de Clarice, e a viabilidade de ela escrever para jornais.
Fernando também foi uma época para os Estados Unidos a trabalho, junto com sua esposa e filhos, depois se separou.
Todos tinham amigos em comum e se falavam e se visitavam com frequência.
É muito interessante como ajudavam um ao outro na sua escrita, como aceitavam a opinião do outro às vezes como verdade, como trocavam ideia sobre livros e amigos, e livros de amigos e sugeriam leituras um ao outro, como a leitura de Grande Sertão Veredas e suas impressões, e a amizade com Érico Veríssimo.
São tantas citações interessantes que é impossível falar sobre todas, são de uma beleza e uma profundidade, que vemos já desde os primórdios de suas escritas o que mais tarde se tornou a característica de cada um dos autores das cartas.

“Viver devagar é que é bom, e entreviver-se, amando, desejando e sofrendo, avançando e recuando, irando das coisas ao redor uma íntima compensação, recriando em si mesmo a reserva dos outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e viver afinal é questão de paciência”. (Carta para Clarice 6 de julho de 1946)

“Nosso livro é o nosso testemunho, Clarice, é a única coisa que nós temos. Nele é que aprendemos a viver nascendo, nele é que vivemos, viajamos, amamos, temos filhos, amigos – é a nossa realidade, nosso testemunho. Às vezes contra nós mesmos. Ele é que vai viver sozinho, vai agir pró ou contra, vai ter uma individualidade da qual não participamos, de filho pródigo que não retorna. Nós não, nós perdemos. Nós perdemos sempre, Clarice”. (Carta para Clarice 3 de agosto de 1946)

“Fernando, estou lendo o livro de Guimarães Rosa e não posso deixar de escrever a você. Nunca vi coisa assim! [] Estou até tola. A linguagem dele, tão perfeita também de entonação é diretamente entendida pela linguagem íntima da gente – e nesse sentido ele mais que inventou, ele descobriu, ou melhor, inventou a verdade. Que mais se pode querer? Fico até aflita de tanto gostar”. (Carta para Fernando 11 de dezembro de 1956)

“Sofrimento não é caminho, sofrimento como caminho só pode se falar no passado, dizendo o sofrimento foi caminho, só se torna “caminho” se levou a alguma coisa”. (Carta para Fernando 24 de janeiro de 1957)

E por fim, a maior prova de amizade entre os dois foi Clarice aceitar, quase que sem ressalvas, sugestões apenas sugeridas por Fernando Sabino, nas provas finais de seu livro “A Maça no Escuro”.
Apesar de interessante, foi a parte que achei mais arrastada desse livro de cartas.
Recomendo muito!

Alice - Avesso do Caos 12/06/2021

Linda amizade
As cartas são lindas, sinceras, profundas. Sobre a vida, a escrita e uma amizade gostosa de ver e de participar de certa forma através da leitura!

Charleees 27/03/2023

FERNANDO SABINO E CLARICE LISPECTOR: CARTAS PERTO DO CORAÇÃO
- Dois jovens escritores unidos pelo mistério da criação -

Eu tenho muita dificuldade para resenhar livros de cartas, por ironia ou não, este também é um dos meus gêneros literários favoritos (na verdade nem sei se cartas, entra em gênero literário), mas abusando de Clarice digo aqui palavras dela, gênero não me pega mais.

Em Cartas perto do coração, ficamos mais próximos da amizade entre Clarice e Fernando, dois grandes escritores que aqui eram somente jovens escritores tentando amadurecer na vida e na literatura.

"Como vai indo o seu livro? O que é que você faz às três horas da tarde? Quero saber tudo, tudo. Você tem recebido notícias do Brasil? Alguém mais escreveu sobre o seu livro? É verdade que a Suíça é muito branca? Você mora numa casa de dois andares ou de um só? Tem cortina na janela? Ou ainda está num hotel? Oh, meu Deus, Seminartrasse (rua em que Clarice morou na Suíça) será simplesmente um hotel? Qual é o cigarro que você está fumando agora?
- Fernando Sabino

"Às três horas da tarde sou a mulher mais exigente do mundo. Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate.
- Clarice Lispector

Eles falam de suas angústias pessoais, da vida diária, mas o assunto sempre termina em literatura, nas angustias do livro por terminar, do livro a ser publicado, dos novos autores que estão surgindo no Brasil... É Fernando que faz essa ponte do Brasil com Clarice que passou tantos anos fora acompanhando o marido diplomata, e quando o próprio Fernando deixa o país, Clarice sente, mas ainda é ele um elo de casa.

"Só agora é que vejo que vocês no Rio eram uma das garantias que eu procurava. Por que é que todo mundo quer sair do Brasil?"
- Clarice

Interessante saber por meio das trocas de cartas, que o trabalho de escrita de Clarice não era puramente inspiração (como eu sempre idealizei), mas requeria técnica e ao observar o trabalho de correção que Fernando Sabino fez no livro "A Maçã no Escuro", percebemos como uma ideia bruta aparece na cabeça do autor e como isso é lapidado até chegar nas mãos dos leitores.
Até mesmo Clarice não conseguia fugir de alguns vícios da linguagem, como por exemplo, Sabino identificou que Clarice usou demais a expressão 'aquele homem' ao se dirigir ao protagonista e pediu para que ela substituísse a expressão por 'ele' ou por 'Martim' o nome do personagem.

Durante a maior parte das trocas de cartas contidas nesse livro acompanhamos o processo de desenvolvimento do livro A Maçã no Escuro, quarto romance de Clarice. Nas últimas cartas, já há conversas sobre Uma Aprendizagem ou O livro dos prazeres, sexto romance da escritora.

"Fiquei constrangido de você ter aceito todas as minhas sugestões, ao pé da letra, sem maior discussão. Fiz as correções, mas francamente, também não precisava de tamanha violência..."
- Fernando sobre as correções que fez em A Maçã no Escuro a pedido da amiga.

É um livro lindo que só me aproximou ainda mais daquela que é a escritora da minha vida.

Cartas perto do coração
Livro 18 de 2022

barbarag 03/03/2023

Amei
" Tenho sentindo muita falta do seu livro que deixei no Brasil, para plagiar uns pedaços quando eu vou escrever o meu. Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido história de espantar."

Pâm 28/02/2023

Incrível
Que livro maravilhoso! Simplesmente incrível!
É como se eu tivesse voltado no tempo e entrado na mente da Clarice é do Fernando. A amizade pura e singela deles, suas trocas de experiências e ensinamentos. Sinto como se fosse amiga íntima deles.

Amei a forma como que com essas cartas passei a compreender melhor os escritores e despertou, ainda mais, em mim a vontade de ler clássicos, principalmente todos da Clarice, Fernando, Guimarães Rosa...

Maria Faria 24/09/2019

Troca de sabedoria
Diferente do tom intimista das cartas trocadas entre Clarice e as irmãs, ?Cartas perto do coração?? oferece uma sincera troca de ideias, críticas literárias, opiniões e confissões entre Fernando Sabino e Clarice Lispector. São cartas trocadas entre os anos de 1946 e 1959, período em que tanto um como outro moraram fora do Brasil.
A última carta apresentada no livro é de Fernando, datada de 29 de janeiro de 1969, falava abertamente em como o escritor estava arrebatado ao ler os originais de ?Uma aprendizagem ou O Livro dos Prazeres?. Antes dessa última, as cartas cessaram em 1959, pois algum tempo depois, Clarice regressou definitivamente ao Rio de Janeiro e passou a conviver mais próxima de Fernando.
As primeiras cartas trocadas mostravam uma Clarice insatisfeita com a monotonia de sua vida fora do Brasil e um Fernando mais filosófico, também insatisfeito com o trabalho que exercia fora do país. Fernando retornou ao Rio e, as cartas passaram a ter um tom mais noticioso e de crítica literária. É permanente a troca de ideias entre os escritores sobre os romances, contos e crônicas que escrevem.
Nas trocas de informações entre eles, percebi discreta insatisfação e desânimo com o cenário político e jornalístico pelos quais o Brasil passava. Um cenário de discussões e dúvidas que ficava mais refletido nas cartas de Fernando. Apareceu também, de forma mais contundente, a urgência interna que Clarice sentia de publicar uma obra assim que a finalizava. ?Cartas perto do coração? revela mais abertamente do que em ?Minhas queridas?, que o processo criativo de Clarice resultava em uma história que ela extraía de suas entranhas. Seus livros tornavam-se para ela ?tumor? com o qual ela não queria contato após o ?tratamento?.
Não li ainda as obras de Clarice, mas já me sinto totalmente conquistada pelo que escreveu em suas cartas e por suas dúvidas existenciais. E seria um erro ignorar que neste livro, as cartas de Fernando também são um apanhado de ideias e conceitos enriquecedores. A leitura de compilados de cartas aproxima o leitor da realidade da visão dos escritores, materializando o que antes era apenas imaginação.

Ale 11/09/2023

Lindo ver a história de dois grandes amigos.

Li por indicação de uma pessoa que escreveu uma carta para mim e citou esses autores.

gaby 10/04/2015

CARTAS PERTO DO CORAÇÃO é uma obra fantástica de Clarice Lispector e Fernando Sabino que relata a amizade destes dois grandes escritores da história brasileira.
É um livro de Fácil entendimento ao leitor posssibilitando o melhor entendimento da obra, sendo esses os pontos positivos...

isa 21/04/2023

Rio, 12 de junho de 1953
Sou incapaz de expressar minha apreciação por esses dois grandiosos escritores.
cada um ali tem sua essência ao escrever as cartas. clarice escrevia tao bem com a quase presença de fernando.

cartas tao lindas de se ler, ao mesmo tempo eu senti uma melancolia ali escrito.

Vick 03/01/2024

Esse livro tocou minha alma?
De maneiras inexplicáveis. A cada carta mergulhava mais nos autores e em mim mesma. Foi como olhar há um espelho que revela tando suas maiores qualidades, quanto suas falhas. Leiam!

harumi 12/01/2024

Uma leitura apaixonante
Foi uma experiência única ler essas cartas trocadas por fernando sabino e clarice lispector, me senti próxima dos dois como se fizesse parte dessa linda amizade. fica nítido o carinho e o cuidado que eles sentem um pelo outro, sem falar dos trechos e das reflexões espetaculares e profundas que eles compartilhavam. simplesmente amei!

"gostaria de morrer em nome de alguma coisa. morrer deliberadamente, e não como alguém que depois do jantar espera que o garçom lhe traga a conta e fica pensando na gorjeta. fazer da minha morte a justificação da minha vida. mas não creio que mereça tanto."

Raquel.Cola 11/03/2023

Livro sobre inseguranças
Primeiro livro que li nesse formato de troca de cartas, e foi uma experiência interessante.
Apesar de boa parte ser sobre assuntos que, sinceramente, não me conecto (como, por exemplo, separação e filhos e mudanças de países), o que mais me acalentou foi poder ler como grandes escritores possuem inseguranças tão francas. Como eles acham que o que escrevem é ruim e precisam do outro para apoiá-los. Faz eu me sentir mais tranquila em realizar coisas que eu mesma me sinto insegura, porque, afinal, é natural.
Além disso, muitos trechos lindos que pretendo guardar pra mim.

JoAo409 02/02/2024

Gostei do livro, ele tem uma boa escrita e é facinho de ler, vale apena ler , mas o preço dele não vale apena comprar é melhor tentar ler de uma maneira mais interessante se é que vc me entende ???????

dudsmacc 18/02/2023

?-Quando você se alegra Fernando?
- Sou sempre alegre-daquela alegria interior dos fronteiriços da debilidade mental e que, portanto, tem ainda a oportunidade de salvação.?