MiCandeloro 28/12/2016
Inspirador e emocionante!
Era uma vez um menino chamado carinhosamente de Sully. Desde os 5 anos de idade, ele sonhava em ser aviador, mas foi aos 11 que ele teve certeza de que viveria parte dos seus dias no ar, quando viajou de avião pela primeira vez, acompanhado de sua mãe.
Aos 16 anos, teve a oportunidade de pilotar o seu primeiro avião, sozinho e, assim, tirou seu primeiro brevê. Quando jovem adulto, ingressou das Forças Aéreas dos Estados Unidos e passou por um dos períodos mais desafiadores de sua vida, em que ter que enfrentar veteranos maldosos, treinos extenuantes e perigo de morte ao pilotar caças, reforçou as suas convicções e metas para o futuro.
Ao se tornar piloto comercial, Sully pôde finalmente pôr em prática o seu amor pela arte de voar, tendo como maior objetivo transportar passageiros do ponto A ao ponto B em segurança. Em 15 de janeiro de 2009, Sully decolou junto de Jeff, seu copiloto, e sua tripulação, de La Guardia, em Nova York, para Charlotte. Logo em seguida, o voo 1549 foi atingido por diversos pássaros, tendo os dois motores da aeronave comprometidos. Por mais que quisessem que ele retornasse para algum dos aeroportos próximos para um pouso de emergência, Sully sabia que havia apenas uma alternativa para evitar uma tragédia: pousar no rio Hudson.
Por mais bem treinado que fosse, o comandante nunca imaginou vivenciar um momento tão ameaçador que lhe exigiria tomar decisões importantíssimas em apenas poucos minutos.
Querem saber os pormenores dessa quase tragédia e descobrir por que Sully se tornou um herói? Então leiam!
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Como já comentei anteriormente, meu interesse por essa obra surgiu no momento em que vi Tom Hanks estampando a capa. Fui procurar e descobri que recentemente uma adaptação cinematográfica de mesmo nome, originária do livro, havia sido lançada.
Adoro histórias biográficas, ainda mais de conteúdos interessantes que podem, de algum modo agregar às nossas vidas. Meu marido sempre foi apaixonado pela aviação e não se tornou piloto apenas por um detalhe: a falta de dinheiro para investir em uma carreira tão cara. Por conta disso, achei interessante ler este texto que poderia suprir a minha curiosidade acerca dos fatos que marcaram esse quase acidente ao mesmo tempo em que me aproximaria do universo do Junior, tão desconhecido por mim. O que eu não imaginava é que fosse demorar tantooo para eu saciar a minha curiosidade.
Narrado em primeira pessoa, a cada página vamos conhecendo, pouco a pouco, quem é Sully. Ele nos conta a respeito da sua infância, dos valores que aprendeu com os pais, da época em que passou na aeronáutica, sobre quando conheceu a sua esposa, acerca da adoção das filhas, das dificuldades de ser piloto, da crise em que se encontra a aviação comercial, até chegarmos ao fatídico dia do pouso no rio Hudson. E isso só aconteceu lá no final.
Para os ansiosos e impacientes, este pode ser um fator desanimador. A mim não afetou, pois a história de vida de Sully é tão incrível, tão inspiradora, que adorei saber tudo sobre ele. Afora isso, também compreendi o porquê dele ter feito um preâmbulo tão grande e cheio de detalhes, pois o comandante quis nos mostrar que as escolhas que tomou no momento mais tenso de sua vida foram originadas nas mais diversas experiências que teve ao longo dos anos, cumuladas às pessoas que conheceu e que fizeram, de alguma forma, diferença e o preparam para aquela situação.
Quando o acidente é relembrado, dispomos dos mínimos detalhes, contando, inclusive, com as transcrições das conversas entre piloto e copiloto acontecidas na cabine, obtidas pela caixa preta. É chocante o quanto Sully se manteve calmo e racional, fator decisivo para que tudo desse certo no final.
Sully me acrescentou em dois sentidos: primeiro, me fez perceber a importância do papel de um piloto de avião comercial. Os comandantes e copilotos não estão ali apenas de enfeite, para apertarem alguns botões. A maioria dos passageiros não se dá conta, mas os pilotos realmente comprometidos tentam ao máximo trazer conforto aos nossos voos, desviando de rotas de turbulência, procurando ares mais tranquilos, evitando pousos e frenagens abruptas e zelando pela nossa segurança, assim como toda a tripulação que, ao contrário do que muitos pensam, não estão ali para nos servir cafézinho.
Nesse sentido, é triste saber o quanto essa profissão é desvalorizada e muito mal paga nos dias de hoje, principalmente por se tratarem de pessoas, seres humanos, que se cansam, que sentem saudade de casa, que sentem frustração por não pagarem todas as contas, como muitos de nós; mas que precisam estar mental e fisicamente em forma para que nós não corramos nenhum perigo até chegarmos aos nossos destinos.
Ademais, o que ocorreu em 15 de janeiro de 2009 me trouxe esperança, aliás, não só a mim, mas a todos a quem este ocorrido tocou. Esperança de que nem tudo precisa acabar em tragédia e esperança de que o mundo pode se unir em prol de um único objetivo, salvar vidas, e de que todos merecemos uma segunda chance e que devemos usá-la para fazer o nosso melhor.
Depois que Sully se tornou um herói e saiu do anonimato, a sua vida, que já não era fácil, se tornou um pandemônio. Convidado para inúmeros eventos ele, inclusive, conheceu Bush e Obama. Mas nada disso lhe subiu à cabeça.
Achei curioso o fato de, em momento algum, o autor ter comentado a respeito de investigações que se abriram contra ele, questionando as suas decisões sobre o pouso realizado no rio. Isso me fez duvidar de se isso realmente aconteceu, já que aparece no trailer do filme, se o longa romantizou a trama, inserindo acontecimentos fictícios para prender o espectador; ou se Sully não quis comentar a respeito em seu relato.
Ao final, Sully nos apresenta sua trajetória de voo e somos presenteados com diversas fotos, que remontam a sua infância, seus anos de ouro e, até mesmo, o acidente e o resgate em si.
Sully é um bom livro que vai interessar àqueles que têm o desejo de seguir essa profissão, se importam com o assunto ou querem conhecer a história de um sujeito fenomenal.
site: http://www.recantodami.com