Gab 21/01/2023
Quem foram os Inimigos do Reich?
A descrição do livro Gestapo ? Mito e Realidade na Polícia Secreta de Hitler comparou o sistema policial da Gestapo a um Big Brother dentro do estado nazista. A Alusão com o reality deve-se ao fato de todos os comportamentos dos cidadãos serem observados pelo sistema totalitário. Você já imaginou ser indiciado criminalmente pelo que pensa e acredita? Ou pela história de sua família ou pela etnia a que pertence? O livro de Frank McDonough se dedica em desmascarar os mitos e verdades em torno do órgão nazista alemão que foi responsável por milhares de mortes durante o terceiro Reich. Se você tem curiosidade sobre esse período histórico, esse livro tem que estar entre suas leituras obrigatórias.
Gestapo era a polícia secreta do estado alemão nazista, foi criada em 26 de abril de 1933 e no início era um departamento da Polícia Secreta Prussiana. Era encarregada de cuidar dos descontentes com o estado nazista, indivíduos e grupos que se opunham ao regime vigente.
Seus funcionários eram divididos em três grupos, sendo um formado por ex-policiais criminais, que em sua maioria não eram nazistas antes de 1933, outro formado de jovens administradores com educação superior e outro de membros do setor de inteligência da SS, a guarda pessoal de Hitler, que foram remanejados para esses cargos.
Para perseguir os grupos considerados inimigos do estado, a Gestapo se organizava em departamentos. McDonough explica como se dava essas subdivisões:
?A IVB enfocava as atividades políticas das Igrejas católica e Protestante, das seitas religiosas, dos judeus e dos maçons; a IVC era especializada em processar ordens de prisão preventiva; a IVD concentrava-se totalmente nos territórios ocupados pelos nazistas; a IVE examinava a espionagem no país e no exterior; a IVF, Polícia de Fronteira, incumbia-se de passaportes, documentos de identidade e do policiamento dos estrangeiros, especialmente do grande número de trabalhadores nessa condição que estavam na Alemanha durante a guerra?
É importante lembrar que a Segunda Guerra Mundial tem sua data oficial como 1 de Setembro de 1939, mas na Alemanha a perseguição às minorias, grupos religiosos e opositores políticos já se desencadeava desde 1933 com total apoio e incentivo do governo. A sociedade, levada pelos discursos e propagandas nazistas, entendiam tais atitudes como necessárias para a melhoria da situação econômica, política e social do país.
McDonough diz que em 1938, 95% dos dirigentes regionais da Gestapo tinham o ensino médio completo, 87% eram formados em Direito e metade deles possuíam doutorado. Embora o órgão também recrutasse pessoas de classe baixa, a alta hierarquia da Gestapo era dotada de privilégios curriculares e o critério de contratação no fim da década de 1930 não exigia experiência policial prévia, mas linhagem alemã, boa forma física, conhecimento de datilografia e taquigrafia e boa instrução geral.
Nos dois primeiros capítulos conhecemos pelas palavras didáticas de Frank a história da Gestapo, seus métodos e funcionamento e a formação dessa força policial que garantia aos cidadãos alemães ser um órgão eficiente e rigoroso. Que nenhum cidadão de bem deveria temê-lo e que ?mediante o interrogatório forense e o acúmulo de provas, sabia distinguir os verdadeiros ?inimigos do Estado? dos que eram leais ao país.?
?Quando lhe perguntaram que tipo de pessoa faria parte dessa polícia política, Himmler respondeu: ?Não vamos encontrá-las, vamos criá-las.??
Dada essa fala de Himmler, McDonough nos explica e ensina o que houve, uma transição gradual de comportamento dos funcionários. Funcionários que antes eram acostumados a rotina ordinária, se viram em uma época em que o significado de atividade criminal foi transformada e definida pelo viés racial. Quem eram os inimigos do estado a quem a Gestapo perseguia?
Conforme as citações anteriores, as definições de inimigos do Reich ganharam extensões raciais. A perseguição que no começo do governo se deu a comunistas e religiosos também se estendeu a homossexuais, prostitutas, ciganos, alcóolatras, pessoas com deficiência, desempregados e vadios. No decorrer deste livro conhecemos os adendos feitos na lei alemã para que esses grupos fossem perseguidos e esterilizados. Sim, o governo propiciou meios obrigatórios para que não se reproduzissem e não ?contaminassem? a raça pura alemã que eles ?nobremente? defendiam pela honra do país.
O livro ainda destrincha quem foram os ?Inimigos do Reich?, explica como se dava o terror e a manipulaçao para que civis denunciassem amigos, familiares e desconhecidos e também traça que fim levou a Gestapo após a guerra e seu julgamento no tribunal de Nuremberg.
A resenha completa você pode acompanhar aqui: https://nossoartigo.wordpress.com/2020/04/18/gestapo-frank-mcdonough/