Matheus P. 03/06/2012
A serial killer of serial killers
Dexter não é o tipo de personagem com o qual estamos acostumados. Logo no primeiro capítulo, somos apresentados ao seu hobby incomum: Dexter é um serial killer. A ironia, contudo, é que Dexter segue um código estipulado pelo seu pai adotivo, Harry, em que ele deve escolher quem matar - e matar só as pessoas que realmente merecem. Assim, ao mesmo tempo que sustenta seu estranho hábito, se torna um justiceiro. Trabalhando como um oficial forense para a polícia de Miami, uma ironia por si só, Dexter segue uma vida "comum", sem deixar suspeitas. Com seu modus operandi metódico, 'limpo' e organizado, Dexter já matou dúzias de pessoas sem ser pego.
O livro, então, segue por dois paralelos sempre muito interligados (algumas vezes, brilhantemente, por Lindsay): a mente de Dexter, sua história, como se tornou assim; e com o aparecimento de um novo serial killer, que "invade" o território de Dexter. Este serial killer sempre mata prostitutas e desperta o interesse de Dexter, com o seu 'trabalho' praticamente artístico. Dexter não consegue resistir em admirar o trabalho deste serial killer, ao ponto de preferir que ele não seja pego. Contudo, um paradoxo: terá que ajudar sua irmã adotiva, Deborah, a subir na carreira, também policial, trabalhando com ela para encontrar o assassino.
A história é muito envolvente e as páginas passam rápido com o humor negro de Dexter. O livro é repleto de ironias e piadas muito inteligentes. O mais interessante, contudo, é o "carisma" de Dexter. O livro é narrado em primeira pessoa, nos permitindo conhecer a mente de um serial killer. E é impossível nutrir algum ódio por Dexter. Pelo contrário: torcemos para que ele se safe das mais diversas situações, passamos a gostar do personagem e aceitar o seu passatempo. Nos acostumamos com Dexter e já estamos nesse estágio sem perceber.
A história passa rapidamente, e o roteiro tem interessantes "twists", porém permitindo tempo suficiente para ser apreciado. Como disse, a história do serial killer parece andar junto com a de Dexter, que tem alguns flashbacks de tempos em tempos, que permite-nos conhecer sua infância e adolescência, e como foi criado por Harry, seu pai adotivo. A forma com que ambos paralelos fluem juntos tão perfeitamente leva à um final em que ambos se chocam, sendo algo muito surpreendente. Apesar disso, o final do livro tem alguns problemas de continuidade, deixa lacunas. Mas isso não é algo que possa ser explicados sem spoilers.
O livro é muito recomendado. Uma leitura leve, divertida e cativante. Reúne os ingredientes necessários para que seja rápida e um daqueles livros que logo te deixam a fim de degustar a sequência.