Mari Scotti 17/12/2016
Resenha no Blog Coração de Papel
Em suas mãos nos revela a história de Luiza, uma advogada na empresa Albuquerque e filhos, família assiduamente presente nos livros da série Batidas Perdidas. Assim como os personagens dessa série, a protagonista possuí características marcantes, problemas profundos e uma vontade de se superar que é palpável em cada linha.
Apesar de estar caminhando para conquistar tudo o que sonhou profissionalmente, ela demonstra sentir falta de algo em sua vida, mesmo que não perceba isto abertamente. O leitor é capaz de sentir a ausência, essa falta, enquanto a conhece.
Quatro Estações é sua cidade natal. Uma pitoresca cidade pequena, onde tudo é colorido, alegre e exageradamente festivo. O Natal está chegando, por isso a irmã e a avó de Luiza insistem para que ela passe as festas com elas. Em uma visita à avó, antes do Natal, ela reencontra Rosalinda, uma mulher com um toque paranormal, mas que é vista como excêntrica e até maluca pelos moradores da cidade.
Em suas palavras, ela profetiza que Luiza logo encontrará o amor.
“— O Natal está chegando e essa época sempre me traz sonhos lindos. Sabe, eu tive um com você. (...) Sonhei que seu caminho a levava ao caminho de outro alguém e que você o conheceria no meio de uma nuvem escura. Mas a pegadinha está bem aí, por mais que parecesse bem ruim a princípio, se tornava muito bom depois. O trabalho vai aproximar vocês. (...) Ah, ele vai deixar uma marca em você. E vai tentar ser seu herói e se surpreender quando perceber que você já é sua própria heroína. — Não posso negar que sou mesmo. — E vai te fazer enfrentar seus medos.”
André é um paisagista renomado e descobriu seu talento com a ajuda de Monique. Ela o ensinou muito e apoiou seus primeiros trabalhos, por isso, ele é extremamente grato à família dela, os Albuquerque. E, também é muito próximo de todos os filhos, amigos, genros e noras que rodeiam Monique e Túlio. Foram eles que o apoiaram nos momentos mais turbulentos de sua vida.
Assim como Luiza, ele carrega o mundo nas costas e também um medo gigantesco. Sua família está desestruturada, sua vida um caos e seu coração em frangalhos, isso desde que seu pai morreu.
Sentir-se feliz com a morte de alguém pode causar feridas irreparáveis.
“Quando eu perdi tudo, poucas pessoas ficaram ao meu lado. Foi uma época dura, mas aprendi que quem realmente está conosco, estará sempre, mesmo na hora da derrota. É a essas pessoas a quem eu devo tudo”.
É em um momento engraçado e constrangedor que o mundo dele colide com o de Luiza. Porém, ambos possuem o mesmo defeito: eles se escondem. Erguem muros. Vestem máscaras. E o que torcemos para ser lindo e benéfico, se mantém à superfície.
Enquanto lia, ficava me perguntando quando eles se abririam um com o outro. Quando deixariam o outro saber o motivo de serem tão medrosos, de se esconderem. Quando pediriam socorro e se ajudariam. E espero que vocês se perguntem também, se angustiem e torçam para que, no final, tudo fique bem.
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