Quando tinha cinco anos eu me matei

Quando tinha cinco anos eu me matei Howard Buten




Resenhas - Quando tinha cinco anos eu me matei


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ElisaCazorla 18/02/2017

Adultos e crianças são de planetas diferentes
Bom, essa não será uma resenha fácil. Poderia falar desse livro por diferentes perspectivas, mas vou falar apenas das minhas impressões - o resumo da obra você pode achar em vários sites.
O que é importante saber para degustar melhor este livro é quem é o autor (isso vale para todos os livros, na verdade rs). Ele é psicólogo, especialista em crianças autistas e também é um palhaço profissional que ganhou, inclusive, prêmios por sua atuação. Digo isso para ficar claro que este autor conhece o universo infantil como poucos e fala a língua das crianças como quase ninguém.
Os adultos subestimam as crianças. Em várias obras que li, quando o personagem é uma criança, tende-se, muitas vezes, a criar um sujeito simples, com falas simples. Crianças não são simples, são na verdade, tão complexas quanto os adultos. Elas também percebem o mundo e a si mesmas no mundo mas, de uma forma muito diferente do que os adultos. Nós fomos crianças um dia e esquecemos de tudo isso e passamos a menosprezar e a subestimar as crianças como um dia também fomos. Não atribuímos às crianças personalidade, raciocínio, inteligência e emoções complexas. Muitas vezes enxergarmos as crianças como filhotinhos fofinhos. Este é um livro que me fez pensar sobre isso e como eu devo mudar minha forma de encarar as crianças.
Enfim, este é um livro que dá voz a uma criança de 8 anos e, na minha opinião (de quem não entende nada de psicologia infantil), foi algo muito mais perto do que pode ser a realidade.
Mais algumas curiosidades: o livro foi primeiramente lançado nos EUA (embora o autor seja francês) com o título Burt e não vendeu quase nada. Ficou esquecido durante alguns anos até que a França publicou o livro mas com esse título e estourou de vendas se tornando um clássico francês. Achei essa informação interessante porque eu comprei o livro por causa do título e acredito que essa jogada de marketing (o próprio autor explicar que esse título foi uma decisão de marketing), muito acertada, fez com que leitores o lessem e o transformassem em um sucesso. Comprei pelo título, mas amei pelo seu conteúdo.
Não quero falar sobre o livro em si, mas recomendo e acho que vale muito ler este livro para pensar sobre como os adultos não falam a língua das crianças. Como adultos e crianças convivem de perto mas estão, ao mesmo tempo, tão distantes.
Uma outra forma de ler o livro é por uma perspectiva dos tratamentos psicológicos. Sendo o autor um profissional da área, ele também faz uma crítica sobre as instituições que tentam ajudar crianças consideradas mentalmente incapazes, intelectualmente atrasadas ou até mesmo um perigo para os outros.
O livro é narrado inteiramente por um menino de 8 anos chamado Burt. A narrativa é espetacular porque nos faz querer saber o que aconteceu do começo ao fim. Muitas vezes eu me sentia ouvindo um menininho falando e me esquecia completamente do autor. Me assustei diversas vezes com essa pessoinha tão cheia de personalidade e sentimentos que muitas vezes negamos às crianças. Há passagens cheias de emoções e há também outras muito tensas.
O livro me fez pensar em como eu mesma me sinto em relação à uma criança que toma certas atitudes não esperadas para uma criança (porque temos expectativas falsas e simplistas). No decorrer do livro, tive sensações diferentes em relação ao narrador-protagonista. Entender o mundo e a linguagem das crianças não é tarefa fácil e talvez seja impossível. Talvez, quando conseguirmos nos comunicar melhor (adultos e crianças) o mundo não seja um lugar tão devastador para esses seres tão complexos quanto os adultos. Quando entendermos melhor as crianças não seremos responsáveis por tantos traumas e sofrimentos (aos quais um dia fomos submetidos) que infligimos às crianças que convivem conosco.
Achei um livro ótimo! Uma ótima surpresa.
regifreitas 18/02/2017minha estante
eu não tinha interesse nesse livro. sua resenha me fez repensar isso! valeu por acrescentar mais um livro na minha pilha já infinita!!! rsrsrs


ElisaCazorla 18/02/2017minha estante
Ah que bom, Regi! Espero saber a sua opinião sobre ele em breve =]


Vitor.Leal 03/05/2017minha estante
Melhor resenha que li a respeito deste livro. INCRÍVEL!


ElisaCazorla 01/08/2017minha estante
Obrigada, Vitor :)


Thalita 09/08/2017minha estante
Que resenha bem escrita! Fiquei ainda mais interessada em ler este livro.

Obrigada, Elisa! :)


ElisaCazorla 01/11/2017minha estante
Espero que goste, Thalita!




Alexandre Melo @livroegeek 11/01/2017

Interessante
No livro, conhecemos Burt, um garoto de oito anos, que está internado no Centro de Bem-Estar para Crianças, após um incidente com a amiga da escola Jessica Renton, em que foi culpado. Burt, que está sob tratamento do dr. Nevele, conta seu dia-a dia, intercalando com situações anteriores a sua internação. Ele é um garoto que sonha acordado, expert em soletração, mas com dificuldades sociais. O menino é fã de heróis como Zorro, Super Man, Popeye, e imagina situações das mais diversas em que incorpora o lugar deles misturando a realidade com seus devaneios. Shurbs é praticamente seu único amigo, até ele conhecer Jessica, e ficar fissurado na menina. Burt é ingenuo, sente "coisas estranhas" quando está próximo dela, mas tudo na inocência da infância. Contudo fez algo de grave à menina e por isso foi levado ao Centro, acusado de ser um sociopata por seu médico. Nesse ínterim, acompanhamos os seus devaneios, pelas letras de Howard, enquanto tentamos descobrir o que afinal ele fez à menina.
A edição da Rádio Londres é muito bem produzida, e com tradução de Alexandre Barbosa de Souza. São pouco mais de 180 páginas, e apesar do inicio lento, a leitura vai se tornando interessante no decorrer da trama. Vemos como a imposição de uma moral adulta é imposta a uma criança, e ficamos nesse pingue-pongue entre relatos de criança em situações entendidas de outra forma quando olhadas sob a perspectiva adulta.
Após ler Quando Tinha Cinco Anos Eu Me Matei, senti mais vontade de entender o universo do autismo, foi uma leitura boa, apesar de que, em momentos, senti que faltou algo à narrativa de Buten para explicar melhor os fatos, principalmente a relação entre Burt e Jessica.

site: http://www.doqueeuleio.com.br/2017/01/quando-tinha-cinco-anos-eu-me-matei-resenha-howard-buten.html
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Naila Soares 21/12/2016

O desencontro entre o mundo adulto e o infantil
Como sujeitar a fantasia infantil aos princípios da moralidade adulta?

Neste livro, Burt, uma criança de 8 anos, narra sua experiência no Centro de Bem-estar para Crianças, instituição para a qual foi levado por conta do que fez a uma colega, Jessica. Ao longo de todo o livro, tentamos entender o que aconteceu entre Burt e Jessica e se, de fato, Burt é um sociopata. Este é o grande barato da leitura: o mistério a ser revelado através das lembranças de uma criança. Porém, ao terminar a leitura, fiquei com a sensação de ter lido uma história importante, mas que deixou a desejar quanto ao desenvolvimento do tema central (acontecimento entre Burt e Jessica) que merecia ter sido mais explorado.

É uma leitura válida na medida em que expõe a enorme incompreensão que paira entre o mundo adulto e o infantil.
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