Psicologia do Subdesenvolvimento

Psicologia do Subdesenvolvimento J.O. de Meira Penna




Resenhas - Psicologia do Subdesenvolvimento


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Axerock 21/02/2017

Por uma Psicologia do Brasileiro
Inúmeros intelectuais de diversas escolas e correntes teóricas exaustivamente já se debruçaram sobre tal problema: quais são as razões da desordem e de todos os demais vícios tão bem conhecidos por todos nós em nossa vida pública (e privada)? Como um país de dimensões continentais e de tamanhas riquezas naturais mantém-se apenas como uma eterna promessa de país do futuro, não conseguindo evoluir para o tão desejado desenvolvimento do chamado Primeiro Mundo?

E principalmente, como os países ditos desenvolvidos obtiveram tamanho sucesso em todos as esferas da vida social nas quais se puseram a empreender, enquanto que o Brasil ao tentar repetir o sucesso destes sempre – e repetidamente - se deparou com resultados que vão de fracos a medianos, quando não escandalosamente medíocres?

Estas e outras questões são discutidas e respondidas pelo autor neste brilhante livro, uma reedição do original publicado em 1972. Nele, é feita uma comparação do povo do norte protestante, pragmático, metódico e racional - com o tipo brasileiro de forte traços emotivos, sentimental e dominado pelo "eros", enumerando as consequências positivas e negativas do jeito de ser de cada um.

Entre vários tópicos, o autor destaca o papel psicológico e social das aparências e da fachada – que leva o brasileiro a se preocupar excessivamente a parecer – e não em ser - um povo dotado das necessidades de uma nação moderna e desenvolvida. Cita o papel e a influência da Grande Família Patriarcal no cotidiano e na psicologia do brasileiro – e suas implicações nos relacionamentos sociais e materiais do nosso dia-a-dia.

Destaca-se também os capítulos no qual o autor aproveita para discutir o que se sabe sobre a nossa cultura e psicologia social à luz da sociologia de Max Weber; bem como aquele que discute o importante papel da religião na formação cultural e econômica do mundo desenvolvido.

O autor encerra sua discussão concluindo que para o Brasil chegar a ser o país desenvolvido e saudável que tanto sonha em ser, cabe a este executar o processo de racionalização da vida social pelo qual a matriz europeia e as nações norte-americanas já passaram. E este processo traz com ele o grande desafio de não perder o seu tradicional, fino e habilidoso trato com o sentimento e o coração – característica que (para bem e para o mal) tornou-se o traço cultural mais proeminente e definidor do nosso povo. Em suma racionalizar o homem brasileiro e seu cotidiano porém sem perder totalmente o espírito do homem cordial – evitando assim os excessos perigosos (e suas consequências negativas) da “tirania da razão” e extrema mecanização da vida social (que os povos do norte enfrentam).

E sem entrar em detalhes o autor aponta para algumas soluções do qual nosso país precisa urgentemente: uma educação para uma melhor abstração intelectual, pragmatismo e objetividade no trato das coisas técnicas e materiais - bem como uma melhor disciplina de julgamento e internalização da ordem racional moderna e impessoal.

Trata-se de uma leitura indispensável para qualquer um – especialista ou não da área de ciências humanas – que deseja entender verdadeiramente como a psicologia do brasileiro de fato funciona.

- Por LMR
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Rafael 06/06/2017

A psicologia cultural é a chave para a compreensão sociológica
No título, o livro de Meira Penna já parece bem sugestivo: a tentativa de descrever o modo de pensar, de certo psicologismo da população brasileira. Ir atrás das origens e tentar desvendar os meandros desta mentalidade de que revela, em grande parte, um certo consenso das características nacionais. Para o bem, ou para o mal, esse é o Brasil pintado por Penna, o nosso erudito ex-embaixador, um dos grandes pensadores que compreendeu o Brasil como poucos.

No prefácio, Roberto Campos, ex-embaixador e amigo de Meira Penna já sintetiza numa única frase a tese central do autor: “A psicologia cultural é para ele a chave da compreensão sociológica”. Então é a partir de bases psicológicas de autores como Jung, Freud, Gustave Le Bom, o qual Penna vai traçar um perfil em que revela a sociologia na prática cotidiana do brasileiro, ou seja: seus hábitos individuais e coletivos enquanto sociedade.

Penna além de ser um grande estudioso de temas ligados ao país, foi embaixador em outros: da Europa ocidental, da Ásia; esteve, portanto, muitos anos fora, de modo com que sua análise tenha mais credibilidade pela comparação real e concreta com outras nacionalidades.

A tese central em que Penna se debruça no campo psicológico é a oposição entre a dita “sociedade erótica” e a “sociedade devoradora”. Os vários tópicos do livro estão alicerçados neste conceito. A sociedade erótica tende ao personalismo, à afetividade, ao irracionalismo, enquanto a “sociedade devoradora” é mais racional, metodológica, é, assim, mais inclinada à sociedade industrial.

Segundo Penna, a população do país é mais voltada à “sociedade erótica”, mais personalista, afetiva, de matriz ibérica, de modo que o modelo nacional advindo desta mentalidade carece no avanço. O Brasil encontra obstáculos para lidar com o mundo moderno, em obedecer a letra da lei – seja no cotidiano – seja no trabalho; de pensar na vida de forma mais racionalista, que auxilie a própria população no dia a dia, ao invés do personalismo tão comum. Exemplos não faltam, como a família mais pobre que ainda continua a ter mais filhos; de resolver os problemas com o rigor do jeitinho brasileiro; de não poupar e ficar endividado, ou seja: lidar com a própria vida de modo muitas vezes irracional. Além do país carecer de um planejamento à longo prazo, em suas diversas áreas: como a educação, a saúde, a segurança. Eis o reflexo desta mentalidade.

O país, portanto, vive numa ocilação entre o mundo arcaico e o mundo moderno, somos na verdade a periferia da civilização ocidental, mesmo não querendo sê-la, mas também não criando instrumentos para mudá-la. Queremos avançar sem conhecer as nossas matrizes culturais, sobretudo, sem muito esforço para com este futuro longínquo. Olhamos o desenvolvimento em outras localidades, mas não racionalizamos os próximos passos. Assim continuaremos a ser o eterno “O país do futuro”, quiça exaltando os nossos piores defeitos.
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Thiago.Silva 23/06/2017

O que leva ao desenvolvimento de uma nação
A obra mostra como não se trata apenas de uma opção econômica ou política que irá levar ao desenvolvimento. Ele descreve como as coisas ocorrem de baixo para cima. E que a questão psicológica é o que de fato faz a diferença. O autor define o povo brasileiro como uma sociedade erótica,onde predomina o improviso,a emoção,a falta de disciplina e a irracionalidade,o que faz com o que o país não tenha condições de progredir rumo a uma sociedade de fato desenvolvida.
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