Naty__ 10/05/2017Aquele livro impossível de largarDesaparecidas é um livro que “apareceu” em meio aos lançamentos da Editora Vestígio. Quando soube da novidade, não pude deixar de solicitar o exemplar. Afinal, os dois primeiros livros que li de Ohlsson, Indesejadas e Silenciadas, foram um dos melhores que tive o prazer de conhecer do Selo do Grupo Autêntica.
Este é o terceiro livro da série, mas é importante dizer que não é necessário ler na ordem. É possível ler este primeiramente e compreender a essência da história. Neste, assim como nos demais, temos a investigadora Fredrika, seu chefe Alex Recht e outros policiais. Dessa vez eles precisam lidar com um caso delicado e assustador. Rebecca Trolle estava desaparecida; após dois anos, seu corpo foi encontrado, sem a cabeça e sem os braços, numa cova rasa em uma remota área florestal.
O trabalho da equipe consiste em descobrir o motivo de a jovem ter sido brutalmente assassinada e mutilada. Além disso, ao lado dela foi encontrado o corpo de um homem cuja identidade ainda é desconhecida. Não se sabe as causas, mas uma coisa é aparentemente certa: as duas mortes têm alguma ligação.
Fredrika descobre que a jovem estava fazendo uma pesquisa para sua monografia sobre uma figura pública e acredita que essa pessoa tinha um passado bem obscuro. Com isso, Rebecca pode ter feito descobertas comprometedoras e que lhe custou a própria vida. Mas o que poderia ser tão revelador nessa pesquisa? Qual motivo a garota escolheu um assunto tão perigoso?
Nessa mesma linha de investigação, uma senhora vive num asilo e há mais de trinta anos não conversa com ninguém. Existe um segredo que ela prefere manter em silêncio de todas as pessoas ao seu redor. Ela não conversa, não responde perguntas e sequer dá “bom dia”. As pessoas acreditam que a senhora não fala, mas tem profundo discernimento do que os outros dizem.
Paralelo a isso, a investigadora está num período conturbado. Ela se sente confusa e profundamente traída quando descobre que o nome de seu companheiro entrou para a lista de suspeitos. É preciso ter garra, determinação e estômago forte. Isso Fredrika mostra que tem, no entanto, não em todos os momentos. Afinal, o que fazer quando a pessoa que você mais ama é considerada suspeita de cometer algo tão cruel?
Senti que estava numa trama envolvente e que não conseguia largar o livro por nada. É exatamente assim que fiquei durante todo o tempo. Infelizmente temos coisas a fazer, vida para dar conta e não é possível passar o dia todo devorando o livro – como era a minha vontade, de fato. A leitura é gostosa, narrativa fluida, personagens cativantes e um enredo para lá de envolvente.
O único incômodo que senti foi quanto à personalidade de Fredrika. Em alguns momentos eram bem irritantes, pois muitas vezes ela não conseguia enxergar o que estava estampado à sua frente. No entanto, isso fez com que a história tomasse um prumo diferente e ideal. Exatamente, a autora soube criar até isso. Ela coloca a investigadora com uma opinião forte, decidida e a gente quer reclamar e xingar a criatura, mas, no final das contas, era assim mesmo que tinha de ser. Não, não podia ser diferente e essa é a graça do enredo.
Não há uma peça mal encaixada, não há um personagem mal criado e não há um cenário fora do lugar. É tudo bem feito, bem articulado e a gente só quer encontrar a autora para agradecer. Agradecer por Indesejadas, por Silenciadas, por Desaparecidas. Agradecer por ela não ter desistido de si, não ter parado de escrever no primeiro, por ter encontrado na escrita a sua válvula de escape. Agradecer por termos as suas obras como uma fonte de conforto e distração.
Longe dos holofotes do excessivo clichê, longe da mesmice e dos romances policiais cheios de enganos, Ohlsson mostra que chegou para ser sucesso, considerada uma das melhores jovens escritoras suecas. Com apenas três livros publicados no Brasil, eles foram suficientes para mostrar que a autora tem uma escrita arrebatadora e é capaz de entrar na lista de melhores escritoras do gênero no mundo. Há quem duvide, os desconhecidos; mas aqueles que conhecem têm a certeza que ela pode ser o que quiser com um papel e uma caneta nas mãos.
Kristina Ohlsson pode não ser a mais conhecida no ramo, pode não ser a escritora mais cobiçada aqui no Brasil. Mas certamente ela estará no ranking das mais lidas e isso não vai demorar a acontecer. Os livros são bons, a escrita é envolvente e não vejo a hora de ver outro lançamento de Ohlsson brilhando no site da Vestígio e, eu, claro, implorando para tê-lo em mãos.
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