Auto Da Barca Da Glória

Auto Da Barca Da Glória Gil Vicente




Resenhas - Auto Da Barca Da Glória


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Leila de Carvalho e Gonçalves 10/07/2018

O Mais Curioso Da Trilogia
O Auto da Barca da Glória" de Gil Vicente foi escrito num momento de transição, quando o homem abandonava as trevas medievais e emergia para a luz do humanismo e esse conflito domina a obra, isto é, ao mesmo tempo que o autor critica a sociedade de seu tempo, lançando mão de uma nova postura, seu pensamento continua centrado em Deus.

Essa peça foi representada pela primeira vez na Sexta-Feira Santa de 1519 e é a última de uma trilogia da qual também fazem parte o "Auto da Barca do Inferno" e " O Auto da Barca do Purgatório".

Seu pano de fundo é um porto imaginário, onde estão ancoradas duas barcas: uma com destino ao paraíso cujo comandante é um anjo e a outra com destino ao inferno que tem na chefia o diabo. Todas as almas, assim que se desprendem dos corpos, são obrigadas a passar por esse lugar, para serem julgadas. Dependendo dos seus atos, elas são condenadas a uma ou outra barca e tanto o anjo quanto o diabo podem acusá-las, mas somente o primeiro pode absolvê-las.

Dividido num único ato, esse auto julga somente a elite da sociedade e conforme a sua ordem de importância. As personagens são: o Conde, o Duque, o Rei, o Imperador, o Bispo, o Arcebispo, o Cardeal e o Papa. Curioso constatar que em Portugal, dentre as duas hierarquias, a política e a religiosa, a primeira era mais poderosa do que a segunda na época.

Com versos em Redondilhas Maiores, isto é, sete sílabas poéticas, a peça oferece mais uma constatação interessante: somente o povo falava o português no século XVI, a corte usava o espanhol, daí o texto ter sido escrito nesse idioma.

Seu final é bastante sugestivo: bajulador, oferece perdão aos réus. Parece até a justiça de certos países... Boa leitura!
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