Rafael 12/07/2017
A ambiguidade da construção de um Império
Ferguson traz um panorama do desenvolvimento histórico do Império Britânico. E qual foram as suas implicações sob a influência de outros países pertencentes ao Império. O ponto alto reside no autor não defender bandeiras ideológicas e, assim, consegue soar mais verossímil sua análise sobre as complexidades do tema, por ter argumentos bem equilibrados sobre o período. Império este, o qual chegou a deter cerca de 25% de territórios do mundo.
O termo “imperialismo” já é um palavra que carrega um vício em si. Geralmente, as pessoas o associam à exploração dos povos , a populações sendo subjugadas sem ter o contraditório, ao roubo de matérias-primas. Esses elementos são verdadeiros, esse é um ponto; mas no caso do Império Britânico ouve também um legado institucional, em parte positiva, que vai além do Império produzir apenas pobreza e desigualdade social, uma vez que certos “historiadores” conseguem apenas enxergar e produzir a História com um olhar binário.
O intuito do Império era adquirir riquezas, abocanhar grande parte da economia mundial e, assim, foi trabalhando nisso desde o início do século XVII até o final do ciclo imperial. No início começou como piratas saqueando algumas regiões da América, depois foi diversificando os seus métodos: através da colonização, de guerras, de tratados políticos e administrativos das regiões conquistadas. Nesse ínterim o Império disputava territórios com outras nações como a França, a Holanda, a Alemanha.
A colonização deu-se início pela Irlanda, uma ilha próxima da Inglaterra; depois vieram algumas regiões da América Central, e da América do Norte. Logo mais a Índia, a Austrália, a África do Sul e demais países, embora cada uma dessas regiões tenham suas singularidades - geográficas, culturais, étnicas. Algumas aceitaram mais passivamente a imposição imperial, com suas instituições e suas práticas, mas outras regiões não coadunaram com os britânicos.
Um dado curioso decorre do fato do Império Britânico ter tido o maior mercado de tráfico escravista no Atlântico, durante quase 250 anos. Foram séculos de espoliação, de miséria; portanto, povos foram escravizados tendo seus direitos tolhidos. Todavia, no início do século XIX, começava na Inglaterra, um novo momento histórico, a partir do movimento religioso na Igreja da Santíssima Trindade, um dos seus membros Zachary Macaulay, o qual trabalhou em várias colônias britânicas e viu a escravidão de perto e, assim, impulsionou o movimento religioso com a pauta abolicionista. O movimento foi ganhando força com o passar do tempo, e depois veio a abolição do tráfico, no Atlântico, em 1807.
A consolidação do Império viveu dessa ambiguidade – de um lado a conquista de territórios, da exploração de recursos e injustiças para com os nativos. E do outro – a implementação de alguns princípios institucionais, em terras antes desprovidas de uma base institucional mais sólida, da Índia à África do Sul. Com a conquista e acordo de territórios, o Império Britânico implementou, minimamente, alguns mecanismos mais funcionais nos países, como a coleta de impostos, a institucionalização partidária, o estado de direito, o livre mercado. Ou seja: o pouco de democracia e de liberdade individual em que restou nas regiões, veio de alguma forma pela imposição do Império Britânico.