ReiFi 27/08/2015
007 - Diamantes São Eternos
Terminei.
Esse ano eu me deparei com uma verdade assustadora: quase todo filme espetacular que eu já assisti foi baseado num romance. Vou citar só alguns que eu li esse ano: Ensaio sobre a Cegueira (esse eu sabia, não foi surpresa), O Poderosa Chefão (idem), A Profecia (não sabia), A Ilha do Dr. Monroe (sabia), Laranja Mecânica (sabia), O Exorcista (idem), e, por último, 007 (descobri faz pouco tempo). O que dizer a respeito disso?
Na mesma viagem que comprei F, de Antônio Xerxenesky, comprei esse romance do mais famoso espião do cinema. E não é que gostei e muito do James Bond?!!
A romance nos conta como Bond conseguiu se infiltrar e desmantelar um milionário esquema de contrabando de diamantes da África para os EUA. Aqui nós temos um aperitivo daquilo que nos deparamos nos filmes: ação, trama investigativa, personagens duas caras, a mulher linda e sombria (a Bond Girl), cenas de arrepiar e nos deixar com os nervos à flor da pele e, como não poderia faltar, aqueles vilões com peculiaridades mais do que singulares.
Tudo que foi colocado acima diverte e transforma a leitura nalgo muito prazeroso, mas o que me marcou mesmo foram as frases de efeito e mesmo o sarcasmo de Bond. Nesse últimos filmes, apesar de manter a elegância e estilo, Bond parece mais um jagunço do que um espião galã. Aqui nos livros nós temos o estilo, o galã inveterado e adicione a isso um pouco de cinismo mais sarcasmo. Coisas absurdas como um momento no qual ele será interrogado pelo possível vilão e ele diz que vai precisar beber algo para poder conversar com ele. Outros trechos são perfeitos, como esses a seguir:
““E tem Shady”, prosseguiu ela. “Não é mau sujeito, na realidade, só que rouba tanto que, se você apertar sua mão, é melhor contar os dedos depois”.”
Em especial uma das tiradas mais charmosas. Simples mas charmosa demais:
“””Diabo”, disse a garota. “Puxa vida! Será que você não pode elogiar o meu vestido, ou algo assim, em vez de ficar reclamando o tempo todo que eu sou dispendiosa? Você conhece o ditado. “Quem não gosta dos frutos, que não sacuda a árvore”.
“Mas ainda não comecei a sacudir. Você não me deixa abraçar o tronco.”” (pág. 80)
“”Nada mal”, respondeu Bond. “Arranquei uma grana deles na roleta. Mas acho que não deu para preocupar o nosso amigo. Ouvi dizer que ele tem de sobra.”
Ernie Cureo fungou. “Quer saber de uma coisa? Esse cara é tão recheado que não precisa usar óculos quando dirige. Mandou fazer os para-brisas de seus Cadillacs com o grau certo do oculista.”
E por último, uma que faria Osacr Wilde lacrimejar de alegria:
““Vamos, James. Arremate um número para mim”, disse Tiffany. “Você não sabe mesmo agradar a uma moça. Veja como aquele homem é gentil com a namorada.”
“Ele já é maior de idade”, disse Bond. “Deve estar na casa dos sessenta. Até os quarenta, as namoradas não custam nada. Daí por diante custam dinheiro ou alguma conversa fiada. Das duas, gastar dinheiro é o mais penoso.”
Definitivamente, Ian entra na minha lista de autores que merecem ser lidos. E se fosse possível fazer uma comparação com algum outro autor, sua escrita e estilo me fez lembrar muito, muito mesmo o H. G. Wells. Eu estava lendo este autor no mundo dos espiões. Raymond Chandler estava certíssimo quando escreveu certa feia: “Bond é o que todo homem gostaria de ser, e o que toda mulher gostaria de ter entre os lençóis.”