Julio Inhasz 18/03/2018There's Someone Inside Your House for a stupid motivation.Makani Young é uma adolescente que acaba de se mudar do paradisíaco Havaí para uma cidade no interior de Nebraska, após ocorrer um incidente envolvendo sua prisão. Com um novo sobrenome, ela tenta se adaptar à rotina com sua avó, suas novas amizades, e sua paixão por Ollie — um garoto misterioso com passado trágico. Sua rotina é totalmente destruída com o assassinato de uma das garotas de sua escola. A comunidade local fica em estado de choque ao perceber que há um assassino à solta na pacata cidade de Osborne. Enquanto o número de assassinatos aumenta, todos podem ser considerados culpados até que se prove o contrário.
Vocês devem ter percebido o quão vago fui ao resumir a história deste livro. E o motivo é bem simples: qualquer detalhe pode atrapalhar a leitura. Com isso dito, prometo tentar fazer desta, uma resenha sem spoiler.
Eu sou apaixonado pelos livros da Stephanie Perkins desde Anna and the French Kiss. Quando descobri que ela lançaria um novo livro, fiquei imediatamente empolgado e comprei este livro o mais rápido que pude. Diferentemente dos outros livros da autora, esse é um thriller adolescente narrado em terceira pessoa. Até então, a autora só tinha lançado romances contemporâneos para jovens adultos escritos em primeira pessoa, e logo no capítulo inicial pude perceber que seria uma história diferente do que eu imaginava. A escrita é fenomenal, muito característica da Stephanie Perkins, mas teve muitas coisas que não gostei.
O que — para mim — é interessante em um thriller envolvendo assassinatos, é a descoberta de quem é o assassino. Gosto da incógnita que cada personagem é, de ficar em dúvida se devo confiar ou não no que está sendo apresentado. Ou seja, quando a autora revela quem é o assassino na metade do livro, acredito que ela precisa tentar encontrar outros meios de manter a atenção do leitor. Esse suspense todo, revelado precocemente, foi deslocado para quando o assassino seria pego, e se realmente seria pego. Além, claro, da motivação dele querer matar todas aquelas pessoas. Entretanto, isso acabou fazendo o livro ficar arrastado, e quando finalmente chegou na motivação, o final do enredo se tornou forçado demais.
Outra coisa forçada foi o mistério envolvendo a prisão da Makani. Não sei se foi devido à uma diferença cultural, mas nossa senhora, que explicação mais imbecil! Se alguém é realmente preso nos Estados Unidos pelo motivo dado pela Stephanie Perkins eu não faço ideia, porque é algo tão banal e imaturo que é difícil de imaginar que seja tão grave como a personagem leva o leitor a acreditar. Sério, é um drama gigantesco desde o início. A personagem deixa de se abrir com os amigos e com o namorado por medo de ser julgada uma pessoa ruim ou algo do tipo, dizendo que nunca seria perdoada, e quando ela finalmente revela o que fez...a vontade que tive foi de parar de ler. Mas já tinha passado da metade, então decidi continuar.
Meus personagens favoritos foram: Ollie e a avó da Makani. Até os personagens alvos do assassino eram mais interessantes que a personagem principal. A Makani tem uma relação ruim com os pais, que estão passando por um divórcio e só se interessam nela quando precisam de um motivo para conversarem (ou discutirem, no caso). Essa relação não foi muito explorada, então quando ela mencionava os pais, não tive empatia. Só fui ter empatia por tudo que ela passou com a família quando a mãe liga para ela no hospital, e se mostra desinteressada no fato da filha ter quase sido assassinada e ainda a culpar.
A autora demorou 6 anos para escrever There’s someone inside your house, como nos revela nos agradecimentos do livro. Pareceu que durante esses anos, ela quis se prender a todas as ideias que teve ao inicialmente elaborar o livro. Editar. É o que faltou na história. O livro não é mal escrito, mas tem muita informação, muita coisa que pareceu desnecessária no enredo, e que transformou uma leitura que tinha tudo para ser interessante em um experimento amador.
Mas ela deve ter feito algo certo que não devo ter enxergado, porque afinal de contas, a Netflix comprou os direitos do livro para fazer um seriado. Na verdade, o livro me lembrou muito a série Scream, consigo até ver algo similar sendo produzido com a história da Makani , e talvez fique melhor como obra audiovisual do que literária.
Este livro, infelizmente, não foi para mim. Mas se você gosta da Stephanie Perkins assim como eu e estiver interessado em ler essa história, tente não criar expectativa, porque acho que isso foi o que fez eu me decepcionar tanto com a história.
site:
http://julioinhasz.wordpress.com